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Pra nós, os baixistas chamados "da nova geração", é uma grande honra ter a oportunidade de passar algum tempo ao lado dele nos festivais de baixo por todo o Brasil. Nas idas e vindas entre aeroportos, hotéis, restaurantes, vans, camarins e shows, pude conhecer um pouco mais sobre esse excepcional instrumentista.
Nessa breve introdução, não vou falar do Giffoni como músico. Vou me ater ao "outro lado" da moeda e talvez o mais importante. Além da técnica e do conhecimento musical, apresento Adriano Giffoni: um grande ser-humano.
Giffoni é daqueles caras que sempre têm uma piada na cartola, principalmente sobre músicos. Sempre uma história engraçada de alguma turnê que fez. É um cara calmo, concentrado e profundamente cordial.
O gênio do contrabaixo que toca com grandes nomes da música mundial, rapidamente se mostra um menino que gosta mesmo é de tocar. Certa feita, estávamos em um restaurante em Brasília jantando e havia ali um excelente músico fazendo uma apresentação de voz e violão. Giffoni não se conteve e com a maior humildade que já presenciei na vida, foi até a van buscar seu D'Mark 5 cordas e pronto. Dois minutos depois a apresentação era violão, voz e baixo. Bom, nem preciso dizer como foi a performance. Como diz o Pixinga, o resto é história.
Conversar com o Adriano sobre o aspecto profissional da música é uma experiência marcante. Com a autoridade de quem construiu uma das carreiras mais bonitas do meio artístico, Giffoni fala sobre a importância de cumprir horários, ter bons equipamentos, ser educado, não ter preconceitos, estar bem vestido, ser preparado para diversas situações. É uma fonte de informação sobre como conduzir uma carreira. Uma aula de comportamento e, principalmente, bom caráter.
Por todas essas virtudes, Giffoni - uma sumidade no meio musical - recebeu o carinhoso e merecido apelido Presidente.
Giffoni, você nasceu em Quixadá, no Ceará. E em homenagem à sua cidade natal, seu sétimo trabalho solo chama-se Quixadá Acústico. De que maneira a música nordestina te influenciou como músico?
A música nordestina entrou na minha vida aos nove anos em Recife, onde comecei a tocar violão. Depois quando eu fui morar em Olinda, o meu pai me levava para ver os grupos de Ciranda, Frevo e Maracatu e isso marcou muito na minha formação musical.
Você é reconhecidamente um dos maiores pesquisadores dos ritmos brasileiros para contrabaixo.
Nos arranjos de sopros eu gosto de misturar riffs de funk com levadas nordestinas. Gostei muito de dedicar um CD inteiro ao baixo acústico, um instrumento que eu adoro e que já me levou para muitas gravações com artistas nacionais e internacionais.
Como foi seu início na música? Como você decidiu e tornou-se um contrabaixista?
Toquei violão e teclado em bandas da Beira Mar de Olinda até os 17 anos e quando toquei numa banda de carnaval de 1977, pintou a vaga de baixista e eu gostei muito e resolvi estudar pra valer. Fui para o conservatório da Universidade do Amazonas estudar com Jackes Von Frasunkiew, um inglês que me preparou para a UNB de Brasília e para a Escola de Música, onde fui aluno do professor Tony Botelho. Depois de dois anos em Brasília, eu resolvi estudar no Rio de Janeiro com o Sandrino Santoro e fiz o curso livre da Unirio em 3 anos.
Com o avanço da tecnologia e da internet você acha que hoje em dia está mais fácil estudar contrabaixo?
Com certeza, a internet ajudou muito, principalmente na facilidade de conseguir material de vídeo e livros. Programas como o Band in a Box, Encore e Finale, são meus principais aliados para produzir playbacks e exercícios para os alunos. Estudo também o programa Nuendo de gravação e com isso tenho proporcionado testes de gravação para meus alunos e conseguido bons resultados na formação de novos músicos de estúdio no Rio de Janeiro.
Apesar de todo esse avanço da informação, ainda não se encontra muito material sobre ritmos genuinamente brasileiros. Qual seria sua dica para o baixista que deseja conhecer esses estilos? Qual seria o bê-á-bá para quem deseja conhecer os ritmos da música brasileira?
Acho que a grande porta para conhecer os ritmos brasileiros está nos centros culturais como o de Recife, a Feira de São Cristovão, no Rio, as livrarias da Funarte, entre outros. Em cada viagem que eu fazia com artistas como Tim Maia, Emílio Santiago, Maria Bethânia, Gal Costa e Roberto Menescal, eu sempre comprava um CD de música regional e, com isso, formei um grande acervo de música brasileira.
Atualmente, com tantos compromissos de estúdio e shows, você consegue seguir uma rotina de estudos? Como é sua rotina?
Estudo em média 4 horas por dia e divido isso com os instrumentos e estudos de gravação com o programa Nuendo, onde faço os testes de timbres. E agora comecei a entrar no mercado das gravações online. Tenho gravado com vários artistas que mandam uma base para eu colocar o baixo acústico ou elétrico no meu home estúdio.
E as novidades do mercado musical. O que você tem escutado ultimamente? Tem alguma banda ou artista que tem chamado sua atenção?
Ouço tudo. Jazz, funk, hip-hop, música regional, música africana e música latina, e quando posso vou a shows pra conferir novas bandas e artistas com novas propostas musicais. Gosto muito do Lenine, Fernanda Abreu, BossaCucaNova, Pedro Mariano, e sou fã do grupo Roupa Nova que é um exemplo de qualidade na produção e bom gosto nos arranjos vocais e instrumentais.
Quais são os baixistas da nova safra que você destacaria?
Marcelo Mariano, Ney Neto, Sérgio Groove, Ebinho Cardoso, Bruno Migliari, Rodrigo Villa (Jobim Trio), Miqueas Santana, Mauro Sérgio, Ricardinho do Recife e Bráulio Araújo são grandes músicos e vão fazer muito sucesso em 2009.
E sobre o seu set-up. Que equipamentos você tem utilizado atualmente?
Eu estou usando os baixos elétricos de 4, 5 e 6 cordas da D'Mark, baixos acústicos da Nhureson com captadores Wilsom Pickups da Dinamarca, um vertical bass do luthier Germano M., amplificadores Roland e Pezo e uma caixa de 2x10 também da Pezo. Power Click amplificador de headphone.
Você é um dos sidemans mais requisitados do mercado. Com isso, sabemos que você passa bastante tempo viajando. Quais são os pontos positivos e negativos nesse tipo de atividade, acompanhando artistas consagrados?
Acho que para ser um músico de shows, é preciso gostar de acompanhar e não ter preconceito musical. As viagens nos levam a conhecer outras culturas e conviver com músicos de alto nível e isso só ajuda na nossa evolução. Estive no Japão em novembro com o compositor e cantor Carlos Lyra e tivemos casa lotada nos oito show que fizemos. Fiquei muito feliz com o tratamento e o respeito dos músicos e da platéia com nosso trabalho.
O ponto negativo é a saudade da família. E para quem tem filho, a cobrança é grande. Mas quando eles vêem que eu estou feliz com isso, eles compreendem e me apoiam.
Como foi seu contato com o Andy Summers e como foi tocar ao lado dele?
Tocar com o Andy Summers foi um grande prazer. Fizemos quatro shows em São Paulo e ele gostou muito de tocar com uma base brasileira e marcou para depois da tour que ele ia fazer com o The Police, a gravação de um DVD, que aconteceu dia 19 de novembro de 2008 no Teatro do SESC Ginástico no Rio. O lançamento será em abril e ele quer levar o show para vários países.
Quais são seus projetos para o ano de 2009?
Estou gravando no meu home studio um CD comemorativo dos meus 30 anos de contrabaixo com 10 temas inéditos para baixo acústico e elétrico. E nesse disco eu toco também todos os violões. Vou convidar alguns percussionistas para completar o trabalho que será mixado e masterizado pelo técnico Daniel Cheese, no Estúdio Carioca no Rio de Janeiro.
Podemos fazer um bate-bola? Eu falo uma palavra e você responde a primeira coisa que lhe vier à mente:
Giffoni?
Músico brasileiro.
Improviso?
Inspiração.
Técnica?
Estudo e dedicação ao instrumento.
Velocidade?
Dispensável. Prefiro uma boa sonoridade.
Slap?
André Gomes e Pixinga.
Samba?
Um samba tocado por Bororó, Prateado, Sizão e Ivan Machado será sempre bom de ouvir.
Baixo-acústico?
Minha batalha diária pela limpeza e afinação do som acústico.
Luizão Maia?
Uma grande influência na minha carreira de músico de shows e estúdio. Minha sonoridade de mão direita tem muito a ver com ele e por causa disso eu fui convidado para tocar com o sanfoneiro Sivuca em uma tour de 55 shows pela Europa em 1988, que na temporada anterior tinha sido feita pelo Luizão Maia por vários países.
Nico Assumpção?
O melhor baixista que eu vi tocar baixo acústico e elétrico.
Celso Pixinga?
Um grande mestre e batalhador da música instrumental brasileira. Seu trabalho o levou para o Blue Note de New York e o seu talento foi reconhecido pelas grandes revistas do Mundo. Tenho muito orgulho de fazer parte dos festivais que ele organiza e que abriu as portas para que novos baixistas de vários estados mostrassem sua cara e se motivassem a batalhar com seus trabalhos próprios e com isso melhorar a qualidade da música instrumental no Brasil.
Sideman?
Jamil Joanes.
Gênio?
Arthur Maia.
E pra encerrar a entrevista, deixe uma mensagem para os baixistas que vão ler essa matéria. Qual é a dica do Mestre Adriano Giffoni para ser um baixista de sucesso?
Muito estudo, dedicação, profissionalismo e muita humildade, pois ninguém nasce sabendo. Paz e muito som em 2009.
Para mais informação, visite o MySpace do Adriano Giffoni
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Adriano Giffoni (1959, Ceará) has been making music since he was 15 years old. He started playing the guitar in several bars in the historical city of Olinda and Recife (Pernambuco) before moving to Manaus (Amazonas), where he began his formal studies as an acoustic bass player. He attended the Conservatory of the University of Amazonas and also had additional training at the University of Brasília, Musical School of Brasília, UNIRIO and a few others extension courses with names such as Professors Ian Guest, Sandrino Santoro. He also took classes with Zeca Assumpção.
With such strong educational background, Giffoni has been giving workshops throughout Brazil and the world since 1994. Escola Pró-Arte (Rio de Janeiro), Escola Pró-Música (Minas Gerais) and Musikconservatorium (Copenhagen, Denmark) are just a few examples of where Giffoni has presented. In addition to that, he has also found time to write many books for bass players, including the following titles: Música Brasileira para Contrabaixo and Brazilian Music Workshop.
Having been on the A-list of many Brazilian performers as the bass player of their choice - he has performed with Leila Pinheiro, Djavan, Zizi Possi, Gal Costa, Nana Caymmi, Leny Andrade, Fátima Guedes, Maria Bethânia and many more - Giffoni still finds time to release top-notch solo works. His first solo CD was Adriano Giffoni (1992 - Perfil Musical) which was followed by Madrugada Carioca (1994 - Perfil Musical), Contrabaixo Brasileiro (1997 - Perfil Musical) and Caçula (1999 - Perfil Musical).
His latest project was the creation of a bass quartet in 2001. With that novel idea and support of fellow bass players Felipe Lydia, Norton Daiello and Mauro Rocha, the new Baixo Brasil.
For more info, visit Adriano Giffoni at MySpace