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Paulo Moura, 42 anos, 23 como músico profissional, é um exemplo representativo da situação do instrumentista no Brasil. Considerado, por gregos e troianos, como um dos melhores músicos brasileiros e, até hoje, um nome praticamente desconhecido fora dos círculos iniciados em música instrumental. Para sobreviver, Paulo desdobra-se entre atuações em diferentes orquestras, sessões de gravações, aulas particulares e também no Instituto Villa-Lobos, além de clarinetista na Orquestra do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Há 3 anos, no único Festival Internacional de Música realizado em Curitiba onde houve abertura para a música não erudita, Paulo Moura esteve na cidade, a convite de seu amigo Egberto Gismonti, participando de algumas aulas dando oportunidade aos jovens alunos de ouvir um dos maiores instrumentistas do Brasil.
Embora tendo trabalhado muitos anos em conjuntos de gafieira, Paulo sempre foi um músico de formação jazzística, tendo criado há algum tempo, uma "big band". Afora as dezenas de elepes em que participou como instrumentista, já teve chance de fazer 8 elepes, três dos quais, do mais alto gabarito, na Equipe.
Agora, finalmente, Paulo Moura está vendo o seu trabalho ter uma repercussão maior, ao gravar um dos melhores elepes do ano: "Confusão Urbana, Suburbana e Rural" (RCA Victor, 103.168, junho/76).
De princípio é bom que se diga de que se trata de um dos mais brasileiros discos feitos este ano (e também nos últimos). Apesar de toda sua formação (válida) jazzística, Paulo Moura soube fazer uma feliz união de cuíca e saxofone, pandeiro e flautas, tamborim e trompas, executando sambas, maxixes, carimbós, choros e baiões.
"Confusão Urbana, Suburbana e Rural" é o exemplo do disco bem produzido e, neste caso, uma revelação de Martinho da Vila, sambista e cantor de obra desigual que, mostrando amizade e respeito pelo talento de Paulo Moura, conseguiu lhe dar condições de fazer um elepe igualmente admirável em todas as faixas. Não há, ao longo dos 12 temas gravados um único momento que não seja perfeito, mostrando a habilidade de Paulo Moura em diversos tipos de instrumentos - sax soprano, clarinete e alto.
Mas o disco não é apenas um elepe para destacar Paulo Moura. Houve uma democrática possibilidade de excelentes instrumentistas mostrarem suas habilidades, oportunidade que não acontece todas as horas. Mesmo instrumentistas de boa formação, mas comprometidos com modismos e pretensas vanguardas - como Toninho Horta (violão) e Wagner Tiso (órgão e piano), souberam sentir o espírito de brasilidade presente em todas as faixas e desenvolver um trabalho verde-amarelo, sem formalismo - em que a improvisação e a espontaneidade não eliminam entretanto a inteligência, o bom gosto e sobretudo a beleza das imagens sonoras. Nos violões, temos, por exemplo, além do já citado Toninho Horta, também Valdir e a notável Rosinha de Valença; nos cavaquinhos, Mané do Cavaco e Neco; Alexandre Papão e Paulo Batera, Jamil no baixo, Julinho no acordeão. Mas, sem dúvida, são os metais e percussão que ocupam os grandes momentos. Por exemplo, em "Notícia" (Nelson Cavaquinho - Alcides Caminha - Norival Bahia), há uma verdadeira demonstração de virtuosismo de Zeca da Cuíca, cujo som único integra-se aos outros instrumentos - num trabalho perfeito. Na percussão tivemos, Serginho, Raphael, Zeca da Cuíca, Doutor, Eliseu, Marçal, Luna e Paulinho. E nos metais, está um verdadeiro "Butantã" de cobras: Marcio Montarroio, Nivaldo, Maurilio, Joãosinho, Raulzinho, Cacau, Mauro Amoroso, Paulo Bombardino, Altamiro Carrilho, Lloyd Minelli, Toninho, Pirulito, Ré Menor e Ary. Há também violinos (grupos de José Alves) e um vocal formado por Miucha (Heloisa Buarque de Holanda), Isaura Tiso e Gilda Horta.
Acredito, sinceramente que em termos instrumentistas, "Confusão Urbana, Suburbana e Rural" não é só dos melhores discos deste ano mas um elepe clássico, destinado a se tornar como uma obra disputada no futuro. Ainda bem que o brasileiro está tomando conhecimento disto e 10 mil cópias já foram vendidas.
Para mais informação, visite o site do Paulo Moura
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A legend of instrumental music for half a century, clarinet and saxophone virtuoso Paulo Moura is the first Brazilian instrumentalist to be honored with the Latin Grammy (2000) for his CD "Paulo Moura e Os Oito Batutas", which popularized internationally the century-old Brazilian instrumental style called "choro". To categorize or "label" Paulo Moura is next to impossible. His name is spoken with reverence in musical circles ranging from jazz to classical, and known throughout the world. His sound - whether on saxophone or clarinet is unmistakable. His unique sense of improvisation, his interpretations and phrasings, have made him the model that a generation of Brazilian instrumentalists have looked up to. And while he is passionately dedicated to the preservation of the various traditions of Brazilian music, he is arguably Brazil's greatest living interpreter of mainstream improvisational jazz. The youngest of ten siblings, born in the mid-1930s to a working class Afro-Brazilian family in a small city in Brasil, Paulo Moura began playing as a child in his father's band and by age 19 appeared as soloist with the Brazilian Symphony Orchestra, playing Weber's Concertino for Clarinet and Orchestra. However his devotion to classical music was accompanied from the very beginning by a profound passion for and understanding of the popular tradition of his country. While he was learning harmony, counterpoint and fugue in private classes, he would play pop music at the neighborhood gafieira (dance hall). Out of this mixture emerged a style that shows a complexity of elements: his Afro-Brazilian origins, the pop music of the poorer classes of Rio, his experience during the golden age of Radio Nacional and his "higher education" as a first clarinetist of the Municipal Theater's Orchestra.
His international career as a soloist started in 1953 in Mexico playing with Ari Barroso, the famous Brazilian composer. And since his acclaimed performance at Carnegie Hall in 1962, he has been frequently invited to play in the US, Great Britain, Japan, Africa, Germany, Switzerland, Holland, Greece, Argentina, and France. His recordings have been released in the US, France, and Japan, and he has appearances in music festivals in the US, France, Switzerland (Montreux), Rio de Janeiro (Free Jazz), and Germany. He has taught as a visiting professor, along with Karl Berger, at the Creative Music Studio in Woodstock and at the Zurich Festival where he held a Brazilian music workshop. He continues to be a highly influential force in Brazilian popular music, teaching music theory and arranging recordings by Elis Regina and Milton Nascimento. His 1976 solo album Confusão Urbana, Suburbana e Rural, is considered a masterful tour through landscapes of modern and traditional Brazilian music. His career as a composer and conductor also include several symphonic pieces. Major public presentations include the 1988 commemoration of the Centennial of Abolition of Slavery in Brasil, featuring the National Symphonic Orchestra, and in 1992 the inaugural piece for the world conference ECO92 that included a choir of 120 public school children.
Because of his artistic prominence Mr. Moura has held important and prestigious public positions: Director of the Museum of Image and Sound in Rio de Janeiro (1997-99), and member of the Municipal Council for the arts (1997-99). In 2000, Moura composed and performed the Urban Fantasy for Alto sax and Orchestra for the centennial of the Oswaldo Cruz Foundation. He was featured in the film "Villa-Lobos: A Passion" for which he also arranged and performed the opening soundtrack, and he performed in a 19-concert tour in Japan with the singer Joyce. His discography includes over 25 recordings.
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Even though instrumental choro has been jazz-influenced for decades, reedsman Moura really falls somewhere between choro and jazz-samba. The jazz elements are very strong, the local ingredients more varied and more Afro-Brazilian than usual, and he is fond of a big-band sound and a somewhat staid avant-gardism, both of which are foreign to the mainstream idiom. But the spirit and the underlying sound are choro rather than anything else, even if they do stretch the boundaries. And Moura is a fine player with a fine group.
For more info, visit Paulo Moura's site
Um comentário:
Paulo Moura - "Confusão Urbana, Suburbana e Rural" (1976 - RCA Victor 103.0168)
1. Espinha de Bacalhau
(Severino Araújo)
2. Notícia
(Nelson Cavaquinho - Alcides Caminha - Nourival Bahia)
3. Bicho Papão / Tema do Zeca da Cuíca
(Paulo Moura - Wagner Tiso - Martinho da Vila) / (Rosinha de Valença)
4. Carimbó do Moura
(Paulo Moura)
5. Se Algum Dia
(Martinho da Vila)
6. Peguei a Reta
(Porfírio Costa)
7. Amor Proibido
(Cartola)
8. Dois Sem Vergonha
(Paulo Moura - Wagner Tiso)
9. Eu Quero É Sossego
(K-Ximbinho)
10. Dia de Comício
(Paulo Moura)
11. Pedra da Lua
(Toninho Horta)
Sax soprano, sax alto, clarinete: Paulo Moura
Violões: Rosinha de Valença, Valdir e Toninho Horta
Cavaquinho: Mané do Cavaco e Neco
Baterias: Alexandre Papão e Paulinho Batera
Contrabaixo: Jamil
Metais: Márcio Montarroyos, Nivaldo, Maurílio, Joãozinho, Raulzinho, Cacau, Mauro Amoroso, Paulo Bombardino, Altamiro Carrilho, Loyd Moneil, Toninho, Pirulito, Ré Menor e Ary
Órgão e piano: Wagner Tiso
Acordeom: Julinho
Percussão: Serginho, Raphael, Zeca da Cuíca, Doutor, Eliseu, Marçal, Luna, Paulinho, Geraldo Bongô e Gilberto
Vocal: Miúcha, Isaura Tiso e Gilda Horta
Violinos: cordas do José Alves tendo Pareschi como spalla
Arranjos: Wagner Tiso
Regências: Paulo Moura
Direção artística: Carlos Guarany
Coordenação artística e direção de estúdio: Martinho da Vila
Técnicos de som: Luiz Carlos T. Reis e Mario Jorge
Técnico de mixagem: Luiz Carlos T. Reis
Corte: José Oswaldo Martins
Capa: Elifas Andreato
Foto: Jaques Frydman
Gravação e mixagem: RCA, Rio de Janeiro, em 16 canais
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