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A bossa psicodélica de João Donato
O João Donato mau (ou maldito) – com cara de traficante colombiano, como aparece na capa do disco A Bad Donato (Gravadora Dubas) – serviu primeiro para assustar aos que estavam acostumados ao seu estilo. Saía Donato de estilo suingado, com piano bossa nova temperado com calientes ritmos do Caribe, e entrava o Donato elétrico, influenciado pelo jazz-rock, por Hendrix e por Brown.
Em 1970, João Donato – já mais de uma década morando nos EUA (mudou-se para lá em 1959) e com trabalhos com Mongo Santamaria (quando saiu do conjunto foi substituído por Chick Corea), Tito Puente e Cal Tjader – decidiu gravar em Los Angeles um disco em que fizesse uma fusão de MPB com jazz, funk rock e eletrônica.
Agora, em plena fase de incontinência fonográfica – nos últimos tempos, entre lançamentos e relançamentos, sete CDs seus foram colocados no mercado -, Donato é homenageado com a reedição de um de seus trabalhos mais importantes. Mais comentado do que ouvido, A Bad Donato, lançado pela pequena Blue Thumb, logo saiu de catálogo.
No Brasil, nunca chegou a ser comercializado. E a versão que chega agora pela gravadora Dubas só encontra similar no mercado do Japão, onde João Donato é reverenciado. Nessas três décadas, o disco, talvez até por influência do nome, tornou-se "maldito", ainda que o próprio autor deboche da sua fama de mau, como evidencia a foto da contracapa em que ele aparece "fantasiado" de hippie.
Como confessa no encarte que acompanha o CD, Donato não sabia o que queria nem como gravaria. Ganhou autorização da gravadora para comprar os instrumentos que achasse necessário e tempo para ficar em casa descobrindo como tirar cada som dos teclados.
Quando entrou nos estúdios, Donato já tinha idéias mais claras. Pretendia usar instrumentos em dupla (duas guitarras, dois trompetes, dois pianos, dois trombones, duas baterias...) e sabia também com quem queria cercar-se: músicos americanos com quem já trabalhara (o saxofonista Ernie Watts, o flautista Bud Shank, o trompetista Jimmy Zito, o clarinetista Don Meza) e velhos parceiros do tempo da bossa nova, como o baterista Dom Um Romão e o violonista Oscar Castro Neves (ambos também morando havia anos nos EUA).
Quando já estava no estúdio, Donato recebeu telefonema de Eumir Deodato que, entusiasmado com o que ouviu, se ofereceu para fazer os arranjos. Foi aceito. Muitos músicos convocados por Donato integraram a orquestra de Stan Kenton, o que de certa forma fechava um ciclo na carreira do músico brasileiro: era Kenton seu modelo de compositor-arranjador quando começou a tirar as primeiras notas do piano, nos anos 40.
O Donato músico – o João que não gosta de poesia, como definiu Caetano em Outro Retrato – também se sentiu mais à vontade por poder fazer um disco instrumental, indo na contramão do que o público americano esperava da bossa nova (o canto suave de Astrud e João Gilberto, o sax tenor de Stan Getz...) e se mimetizando com o que havia de mais contemporâneo na música popular dos EUA. Donato não flagrava apenas o vanguardismo musical. Em A Bad Donato, que reúne dez composições próprias e inéditas, ele se mostrava antenado com o que acontecia na época, do psicodelismo ao movimento hippie, do interesse pela astrologia às experiências com o LSD.
Basta ver o nome de algumas das composições, como Celestial Showers, Luna Tune (originalmente batizada por Emil Richards como Two After One em referência ao horário que foi gravada) e Straight Jacket. O disco também seria um antecipador da onda discoteca, além de servir de modelo para trabalhos posteriores tanto de conterrâneos de João Donato (como o antigo parceiro Dom Um Romão, o percursionista Airto Moreira, o trombonista Raul de Souza e, principalmente, Eumir Deodato, que alcançaria sucesso planetário com sua versão de Also Sprach Zarathustra) quanto de músicos americanos, como o tecladista George Duke, o contrabaixista Stanley Clarke e o vibracionista Cal Tjader.
Dois anos depois, como não havia mais nada para explicar para os americanos, João Donato deu por encerrada a sua temporada nos EUA. Com o cachê arrecadado com o disco, ele compraria uma passagem de avião. De volta para o Brasil.
Para mais informação, visite o site do João Donato e confira um artigo escrito pelo músico no site da Revista Piauí
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Donato himself decided to give up the accordion to concentrate on piano, and merely played the trombone as a hobby. The story goes that he could no longer stand to drag his accordion around the nightclub circuit because this obliged him to avoid having a last drink, for fear of leaving it someplace. One one of those nights, he left the accordion in an unlocked car and it was stolen. He felt no compulsion to buy another and, as there was a piano in every nightclub he worked in, the dilemma was solved.
Donato might also have recounted that he stopped playing the accordion because he had exhausted the instrument's possibilities, while the piano seemed to be an endless source of harmonic possibilities. And he wanted to be able to explore them. [. . .]
In 1959, he [Donato] had no audience in Rio because everyone thought he played jazz, so he went to California to play Latin music - which was what in fact he was trying to do in Brazil, only nobody realized it. Upon his arrival there, he was immediately adopted by the cool cats of the genre, like the Latins Tito Puente, Mongo Santamaria, and Johnny Rodriguez, and the Americans Cal Tjader, Herbie Mann, and Eddie Palmieri. Without knowing it, Donato's career had been similar to theirs. [. . .] Donato felt right at home in the middle of all those congas, timbales, and bongos of Latin jazz, with possibilities for splitting up the wind instruments and creating the craziest piano harmonies. Everything was allowed, given that the rhythm was an enchilada of mambos, rumbas, sambas, and porque no?--bossa nova. [. . .] From 1959 to 1961, he played piano with Monga Santamaria and participated in the first recording of 'Para Ti' (For You), played trombone and wrote the arrangements for Tito Puente's brass instruments, recorded extensively with Cal Tjader, who was already famous, and with Eddie Palmieri, who wasn't yet. His appearance on the scene was quite simply stunning.
In the years that followed, they all began to use Donato's songs in their repertoire, such as "A rã" (The Frog), "Amazonas" (Amazon), "Cadê Jodel?" (Where Is Jodel?), and they became standards for what was later called funk music. Donato himself soon started putting together his albums at prestigious Pacific Records - and had his songbook recorded by other corn-tortilla-with-chilies-loving jazz musicians, like vibraphonist Dave Pike.
For more info, visit João Donato's site and check Discovering João Donato
6 comentários:
FABULOSO. Valeu por postar esse disco maravilhoso... essa versão de The Frog é deixar qualquer um que curte música atônito, sem saber pra onde ir depois de ouvir, huauha.. Valeu.
João Donato - "A Bad Donato" (1970 - Blue Thumb Records)
1. The Frog (A Rã)
(João Donato)
2. Celestial Showers
(João Donato)
3. Bambu
(João Donato)
4. Lunar Tune
(João Donato)
5. Cadê Jodel? (The Beautiful One)
(João Donato)
6. Debutante's Ball
(João Donato)
7. Straight Jacket
(João Donato)
8. Mosquito (Fly)
(João Donato)
9. Almas Irmãs
(João Donato)
10. Malandro
(João Donato)
João Donato: órgão, piano
Ernie Watts, Jack Nimitz, Bill Hood, Don Menza: clarinete
Pete Candoli, Conti Candoli, Jimmy Zito: trompete
Jimmy Cleveland, Ken Shroyer: trombone
Bud Shank: flauta
Oscar Castro Neves: violão
Warren Klein: guitarra
Chuck Domanico: baixo
Mark Stevens, Paulinho Magalhães, Dom Um Romão: bateria
Joe Porcaro, Emil Richards: percussão
Arranjos: João Donato & Eumir Deodato
Produzido por Emil Richards
esse disco é demais...
João Donato - A Bad Donato (1970)
http://www.mediafire.com/?hxpc0hdy112jqjw
Gostaria de agradecer pela proposta e iniciativa do site de valorizar nossa musica instrumental que é tão rica e tão desvalorizada. Parabéns.
Excelente site!!!
Música brasileira de 1ª Grandeza!!
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