29 março 2006

Quantum - Quantum (1983)

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Banda brasileira formada no início dos anos 80, o Quantum manteve-se unido durante apenas dois anos, período no qual lançou seu único LP, "Quantum", que chegou a vender mais de seis mil cópias. Tal álbum foi relançado, em 1993, pela Record Runner, com uma faixa extra, "Presságio" (que conta com o sexto membro Felipe Carvalho no baixo), originalmente composta para o segundo trabalho da banda, nunca lançado. Um detalhe interessante é que um mítico segundo disco do Quantum teria circulado há alguns anos em versão cassete, entre colecionadores, constando inclusive da lista de alguns vendedores estrangeiros. De qualquer maneira, o grupo voltaria a se reunir em 1993 para gravar "Quantum II", novo trabalho lançado no ano seguinte, com uma nova formação.

Extraído do site Rock Progressivo Brasil

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This outstanding Brazilian instrumental five-piece recorded only this one album in the early eighties, and then disappeared. Their sound combines the best elements of the european progressive sound with symphonic and fusion, to produce a stunning instrumental album of enchanting sophistication and complexity. The compositions are energetic and melodic, and the playing is extremely tight - I am often reminded of the French band Terpandre, although Quantum has a much smoother and fluid sound, with more evident jazz underpinnings. The CD reissue adds a bonus track that was destined for a second album that never got off the ground. Sound wise, this reissue is very clean, with far more clarity and depth than the LP had, with the exception of some minor waffling at the lead-in to the first track. A very worthwhile album that was (unfortunately) largely overlooked the first time around.

Peter Thelen - extracted from Exposé

26 março 2006

Travalíngua - Travalíngua (2000)

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+ 3 faixas bônus / + 3 bonus tracks

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TravalínguaGrupo instrumental formado por André Fraga (violão), Gustavo Melo (violão), Tiago Picchi (sax e flauta), Marcos Nunes (bateria) e Bruno Py (contrabaixo).

Apresentou-se em diversas casas de espetáculos, universidades, eventos, espaços culturais e bares do Rio de Janeiro. No repertório, composições próprias, além de canções de Milton Nascimento, Wagner Tiso, Edu Lobo, Egberto Gismonti e Astor Piazzola, entre outros.

Em 1999, gravou o CD autoral "Travalíngua", registrando as canções "Dá em cacho que nem pitomba", "Olha", "Na tigela com Dona Maria", "Sudoeste", "Gargalhada", "Pé de matinho", "Izidro de Figueiredo", "A saideira e a conta" e "Vovó Ivete". Ainda nesse ano, abriu o workshop do conjunto Os cariocas, promovido pela escola de música CIGAM.

Em 2000, uma das músicas do CD "Travalíngua" foi premiada no concurso "Rio Jovem artista", realizado pela prefeitura do Rio de Janeiro.

Em 2005, finalmente lançaram seu segundo trabalho, um disco maravilhoso que demonstra o amadurecimento da banda nas composições e arranjos. Vale muito a pena comprar.

Veja abaixo contato da banda e links para músicas do novo álbum.

Texto (menos o último parágrafo) extraído do Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira
[www.dicionariompb.com.br]


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TravalínguaThe Travalíngua project has the purpose to promote awareness of the music through the Brazilian instrumental language. By giving priority to the pieces previously unreleased or little publicised by the media the finished work resulted in a CD recorded and produced by the group itself and which includes only a part of the repertoire performed in concert, and it also features songs written by Edu Lobo, Hermeto Paschoal, Egberto Gismonti, Astor Piazzolla and Milton Nascimento. Whith a popular “avanguard” quality the arrangement were crafted under the influence of popular and cultural genres whith na intonation all its own due to the rare combination of the instruments used by the group.

In 2005, they've released a new album. It's a step ahead of the one available here, in terms of compositions and arrangements. It's really worth buying. You can find their contact and some musics from the new album on the links below:

- Central MP3
- Download.com
- Funender.com Music
- HomeStudio
- Mixposure Music Promotion
- MP3.IT
- SoundClick
- Trama Virtual

25 março 2006

Grupo Um - Marcha Sobre a Cidade (1979)

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Lelo NazarioFormado em 1976, o Grupo Um foi um dos pioneiros do cenário do jazz e do jazz-rock brasileiro. Após alguns anos participando de bandas de músicos como Hermeto Pascoal e Egberto Gismonti, o conjunto criou sua linguagem musical própria, registrada aqui em seu álbum de estréia, Marcha Sobre a Cidade, o primeiro LP instrumental independente lançado no Brasil. Esta presente edição, lançada pelo Editio Princeps, resgata todo o álbum original, pela primeira vez em CD, cuidadosamente remasterizado a partir das matrizes originais e acrescido ainda de duas faixas bônus inéditas (não incluídas no arquivo). A arte do LP encontra-se fielmente reproduzida, e o livreto traz, adicionalmente, comentários sobre as composições e uma breve história do conjunto – em textos dos próprios músicos – além de fotos inéditas da banda.

Este disco já está esgotado, porém a EP acabou de lançar o segundo disco do Grupo Um, Reflexões Sobre a Crise do Desejo.../, de 1981, incluindo três faixas bônus além da reprodução da arte original e textos e fotos da banda.

Para quem estiver interessado em comprar o disco, o site da Editio Princeps é www.editioprinceps.com.

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Zeca AssumpçãoFormed in 1976, Grupo Um was one of the pioneers from the brazilian jazz and jazz-rock scene. After some years playing with well-known musicians like Hermeto Pascoal and Egberto Gismonti, the band developed a musical language of their own, registered here in their debut album, Marcha Sobre a Cidade, the first independent instrumental album ever released in Brazil. This edition, by Editio Princeps, contains the entire original album, for the first time on CD, carefully remastered from the original master tapes and enhanced by two previously unreleased bonus tracks (not included in the file). The LP artwork is faithfully reproduced, and the booklet has insightful comments about the compositions and a brief biography of the band, with texts by the musicians themselves, as well as many photos from the band’s archives.

This CD is already sold-out, but EP has just released Grupo Um second album, Reflexões Sobre a Crise do Desejo.../, from 1981, enhanced by three previously unreleased bonus tracks and also the original artwork reproduced and texts and photos of the band.

If you're interested for the CD, visit Editio Princeps at www.editioprinceps.com.

19 março 2006

Maurício Einhorn e Sebastião Tapajós - Maurício Einhorn & Sebastião Tapajós (1984)

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Sebastião TapajósDisco perfeito com três músicos maravilhosos: Maurício Einhorn (gaita), Sebastião Tapajós (violão) e Arismar do Espírito Santo (baixo). Esse álbum é uma raridade, pois já está fora de catálogo há bastante tempo (chegou a ser relançado em CD, mas na época em que ainda se colocavam explicações sobre o processo de gravação digital no encarte), o que é uma enorme falta de consideração com o público, pois o disco é essencial para qualquer apreciador de boa música.

Não tenho muito o que falar do disco. Apenas ouçam.

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Maurício EinhornMaurício Einhorn, creative improviser on the jazz harmonica and composer of several classics of bossa nova, had his songs recorded by Tom Jobim, Cannonball Adderley, Herbie Mann, Paquito d'Rivera, Leny Andrade, Lito Nebbia, and others. Some of his hits are "Different Beat" ("Batida Diferente," written with Durval Ferreira), "Cloud" ("Nuvem"), "There We Are" ("Estamos Aí," written with Durval Ferreira/Regina Werneck), "Tristeza de Nós Dois" (written with Durval Ferreira/Bebeto), "Alvorada," "Joyce's Samba," and "Sambop." Einhorn's debut was as early as 1947 on the Rádio Tupi in the show Programa das Gaitas Hering (named after a harmonica factory which sponsored the program). In 1949, he recorded for the first time, with the harmonica group Brazilian Rascals, the theme "Portate Bien." In the same year, he performed with Waldir Azevedo and his regional band at the Rádio Clube do Brasil.

Einhorn had an original song recorded for the first time in 1960: "Sambop" (written with Durval Ferreira) and "Tristeza de Nós Dois" (written with Durval Ferreira/Bebeto), by Claudette Soares on the LP Nova Geração em Ritmo de Samba, on which Einhorn also participated as a sideman. Having recorded with a who's who of Brazilian music since then, he only cut his own first LP in 1975, The Oscar Winners, reissued two years later as A Era de Ouro do Cinema. In 1979, Einhorn participated in the Montreux Festival (Switzerland) with David Sanborn, Monty Alexander, and Nina Simone. In 1984, he recorded in duo with Sebastião Tapajós on guitar (having as a special guest the bassist Arismar do Espírito Santo) the notable LP Maurício Einhorn & Sebastião Tapajós. Invited by Pete Pedersen, Einhorn participated in 1997 in a show realized by the SPAH (Association of Preservation of the Harmonica) in Troy, MI, in a duo with Joe Carter; with whom he also performed in the same year at the International Harmonica Hohner Festival, in Trossingen (Germany), invited by Arnold Kutzli.

Alvaro Neder - extracted from All Music Guide

18 março 2006

Antonio Carlos Jobim - Tide (1970)

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Tom JobimEntre março e maio de 1970, nos mesmos estúdios Van Gelder, Tom gravou dois LPs para o novo selo de Creed Taylor, CTI-A&R: Tide e Stone Flower. Salvo por uma sessão, especialmente reservada para Tide, em 16 de março, ambos foram gravados simultaneamente em 23, 24 e 29 de abril e 8, 20 e 22 de maio, com arranjos de Eumir Deodato e alguns brasileiros (Hermeto Pascoal, o baterista João Palma e os percussionistas Airto Moreira e Everaldo Ferreira) misturados aos instrumentistas americanos.

Projetado como um prolongamento de Wave, Tide é a onda (ou a maré) seguinte, a segunda ode jobiniana ao mormaço litorâneo, uma confluência da saudade (do Rio, presente no clássico choro de Pixinguinha, "Carinhoso", ondulado pela flauta baixa de Joe Farrell, e numa cinematográfica interpretação de "Garota de Ipanema") com a curtição de ritmos latinos (como o bolero e o beguine) e jazzísticos ("Tema Jazz"). Até um samba-rock ("Rockanalia") coube no repertório. Disco de retomadas, a começar por seu tema principal (uma série de improvisos em cima de "Wave", usando a mesma harmonia), nele Tom reuniu momentos de duas recentes contribuições para o cinema: as variações, densamente dramáticas, melancólicas e até roqueiras, em torno de "Garota de Ipanema", feitas para o homônimo filme de Leon Hirszman, e três composições para o filme Os aventureiros (o beguine "Caribe", o bolero "Sue Ann", que servia de Leitmotiv para a personagem interpretada por Candice Bergen, e o samba bossa novista "Remember".

Com sólida seção rítmica comandada pelo baixo de Ron Carter e a flauta de Joe Farrell pré-gravada, servindo de base para quase todas as faixas, sua grande novidade é a performance de Tom pilotando um piano elétrico, no samba "Takatanga". O único piano acústico disponível no estúdio fora danificado por uma dose de uísque involuntariamente despejada sobre suas cordas, e não houve outro jeito senão apelar para o elétrico. Nas demais faixas, Tom ocupa-se do violão e do piano acústico, às vezes dos dois ao mesmo tempo, sobrepostos pelo engenheiro de som. Também são destaques no disco a flauta insolente e vibrátil de Hermeto Pascoal (em "Tema Jazz"), o trombone de Urbie Green (sobretudo em "Takatanga") e o sax-alto de Jerry Dodgion (em "Garota de Ipanema").

Extraído do site do Tom Jobim
Para mais informação, visite o Clube do Tom

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Tom JobimOn Jobim's second A&M album, Eumir Deodato takes over the chart-making tasks, and the difference between him and Claus Ogerman is quite apparent in the remake of "The Girl From Ipanema": the charts are heavier, more dramatic, and structured. Sometimes the arrangements roll back so one can hear, say, the dancing multi-phonic flute of wildman Hermeto Pascoal on "Tema Jazz," and the rhythms often veer away from the familiar ticking of the bossa nova. Jobim is his usual understated self, adding very subtle electric piano to his arsenal of acoustic piano and guitar, but the material sometimes falls short of Jobim's tip-top level (dead giveaway: "Tide" is a clever rewrite on the chord changes of "Wave"). Still, it's beautifully made and very musical at all times.

Richard S. Ginell - extracted from All Music Guide
For more info, visit Clube do Tom

15 março 2006

Alessandro Penezzi - Abismo de Rosas (2001)

Este disco foi retirado do blog a pedido do artista, que me informou que o disco ainda está em catálogo e é vendido a preço promocional. Para comprar esse disco e outros do Alessandro Penezzi, mande um e-mail para alessandropenezzi@gmail.com.

This CD was removed by request of the artist, who has told me that it's still available and is being sold at a promotional price. To buy this and other Alessandro's CDs, send an e-mail to alessandropenezzi@gmail.com. Please, support the artist and Brazilian instrumental music.

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Violonista. Multiinstrumentista estudou violão, violão tenor, violão de sete cordas, cavaquinho, bandolim, flauta transversal, pandeiro e percussão.

Iniciou os estudos musicais aos sete anos e aos 13 anos já tocava profissionalmente.

Estudou com Ulisses Rocha, Carlos Coimbra (Piracicaba), Jair T. de Paula (Tatuí), Sérgio Belluco (Piracicaba), João Dias Carrasqueira (SP) e Marquito. Formou-se em violão erudito em 1997 na Unicamp, onde também ministrou cursos de extensão de cavaquinho e violão.

Alessandro Penezzi - foto: José Rubens MolderoIntegrou, ao lado de ao lado de Aleh Ferreira (bandolim) e Júlio Cerezo Ortiz (violoncelo), o Trio Quintessência, com o qual foi semifinalista do "IV Prêmio MPB-VISA Eldorado" na categoria "Edição Instrumental" no ano de 2001. Ainda fazendo parte do trio, apresentou-se nos Estados Unidos, Rússia e em Angola. Junto ao trio realizou, como solista e arranjador, concertos a convite da Orquestra Jazz Sinfônica do Estado de São Paulo.

No ano de 2001 lançou o CD "Abismo de rosas", primeiro CD solo, também lançado pelo Selo Allegreto, no qual interpretou classicos como "Brasileirinho" (Waldir Azevedo), "O vôo da mosca" (Jacob do Bandolim), "Primeiro amor" (Patápio Silva) e "Valsa seresta n. 1", de Sérgio Belluco, e composições próprias como "Vida de atriz", "Choro pra criança" e "Rosita".

Em 2002, integrando o Trio Quintessência, lançou o CD "A quintessência da música", também pelo Selo Allegreto.

Também atuou como solista da Orquestra Filarmônica de São Bernardo. Participou de concertos realizados na Sicilia, Itália e participou de concertos realizados na Sicilia, Itália.

Como instrumentista trabalhou e apresentou-se com vários artistas, entre eles Carlos Poyares, Noite Ilustrada, Silvio Caldas, Yamandú Costa, Beth Carvalho, Pedro Amorim, Maurício Carrilho, Época de Ouro, Arismar do Espírito Santo, Joel Nascimento, Hamilton de Holanda, Toninho Ferragutti, Caio Marcio, Wilson das Neves, Francisco Petrônio, Dona Ivonne Lara, Rodrigo Y Castro, Délcio Carvalho, Xangô da Mangueira, Luis Carlos da Vila, Wilson Moreira, entre outros.

No ano de 2004 obteve o 2º lugar no "Festival Curitiba no Choro" integrando o grupo Choro Rasgado. Neste mesmo ano classificou-se em 3º lugar no "Terceiro Prêmio Nabor Pires de Camargo" e foi um dos 12 semifinalistas do "7º Prêmio Visa de Música Brasileira", edição instrumental, deste mesmo ano.

Texto extraído do Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira
[www.dicionariompb.com.br]


11 março 2006

Rio 65 Trio - Rio 65 Trio (1965)

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Obs.: o arquivo traz a faixa "Aruanda", não incluída no relançamento do disco.

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Rio 65 TrioA música que pulsava no Beco das Garrafas
No início deste ano, a gravadora Universal lançou em CD, a partir das fitas originais, os dois discos do Rio 65 Trio, grupo instrumental formado pelo pianista Dom Salvador, o baixista Sérgio Barroso e o baterista Edison Machado, que propôs dentro do estilo uma verdadeira revolução rítmica e melódica, criando uma música vigorosa e espontânea.

Com “Rio 65 Trio” e “A Hora e a Vez da M.P.M.”, fica claro que a música que pulsava nos bares e boates onde esses e outros grandes músicos tocavam, improvisando por horas a fio e criando temas de beleza notória, foi o ápice do movimento da bossa nova, já um pouco desgastado na época, com a difusão em massa do rock e seus desdobramentos em nosso país.

Piano, Baixo e Bateria
Mesmo assim, Chico Buarque, Tom Jobim, Nara Leão, Carlos Lyra e outros continuavam firmes, criando e interpretando coisas cada vez mais belas, e os trios e grupos instrumentais que tocavam no famoso “Beco das Garrafas”, no Rio, davam um novo fôlego, uma nova gama de possibilidades para a nossa música. Até então jazzística, a formação de trios com piano, baixo e bateria, e outros tipos de grupos, se difundiram durante toda a década de 60 e entre seus principais nomes tinham o Copa Trio, o Tamba Trio, o Sexteto Bossa Rio, o Bossa Três, Meireles e o Copa 5, entre outros.

Mas, voltemos a essas duas pérolas de nossa música, em que o Rio 65 Trio dá sua imensa contribuição para o público e músicos que apreciam a música brasileira.

O disco de estréia “Rio 65 Trio”, de 1965, conta com um repertório que inclui interpretações de “Desafinado”, clássico de Tom e Newton Mendonça, “Manhã de Carnaval”, de Luiz Bonfá e José Maria, e “Tem Dó”, dos mestres Baden Powell e Vinícius de Moraes. São apresentadas ainda três grandes composições de Dom Salvador, “Meu Fraco é Café Forte”, “Farjuto” e “Espera de Você”, essa última em parceria com José Luiz de Oliveira, e os temas “Sonnymoon for Two (Blues em Samba)”, de Sonny Rollins e “Mau, Mau”, de Quincy Jones III, onde as formas do jazz norte-americano são absorvidas e adquirem o ritmo e a grandeza de nossa música, provando a genialidade desses músicos excepcionais.

M.P.M.
Em 1966, o trio gravou “A Hora e a Vez da M.P.M.”, que faz alusão ao movimento da Música Popular Moderna que, diferente da conotação errada dada nos dias de hoje à palavra moderna - ligada muito às “fusões” que alguns artistas fazem para pasteurizar a identidade musical brasileira, se rendendo aos clichês dos formatos do pop e do rock em detrimento da música e sua função - é utilizada pelo Rio 65 Trio, e por todos que embarcaram nesse movimento, para representar, como afirma o texto que vem na capa do CD, “o despertar musical do Brasil”. “Pela primeira vez, na história da música popular de todo o mundo, um país desponta em pleno século XX com tamanho potencial de sucesso e, o que é importante, com música de ritmo, inspiração e talento inteiramente nacionais”, continua o texto.

Em “A Hora e a Vez da M.P.M.” pode-se ouvir brilhantes interpretações de “Apelo”, da dupla Baden Powell e Vinícius de Moraes, “Vem Chegando a Madrugada”, de Noel Rosa e Adil de Paula, “Chorinho ‘A’”, de Néco e “Upa, Neguinho”, clássico de Edu Lobo e Gianfrancesco Guarnieri, imortalizado na voz de Elis Regina. Há ainda “Rio 65 Trio Tema”, homenagem ao trio feita por Dom Salvador, e interpretações de “Ponte Aérea”, de Zé Ketti, e “Seu Encanto”, de Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle, entre outras.

Edison Machado
O resgate desses discos, feito, por incrível que pareça, pelo baterista do Titãs, Charles Gavin, é um presente para todos aqueles que gostam de música brasileira. Dá gosto de ver que as pessoas ainda se interessam em ouvir o grande baterista Édison Machado, criador do “samba no prato”, com suas batidas de suavidade e vigor únicos, o pianista Dom Salvador com suas composições e improvisos que vão com personalidade do jazz ao choro, e o baixista Sérgio Barroso acrescentando, com suas linhas, uma base de sustentação harmônica firme e consistente que realça a grande música feita pelo Rio 65 Trio.

Ricardo Fernandes

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Dom SalvadorDom Salvador is a renowned Brazilian jazz musician with extensive international experience as accompanist of MPB acts like Elis Regina, Quarteto em Cy, Jorge Ben, Edu Lobo, Rosinha de Valença, Sílvia Telles, and Elza Soares. His Rio 65 Trio, which had maybe the best Brazilian drummer of all time, Edison Machado, recorded a couple of albums, one of them in Germany. His musical and political research led him to be a precursor of the Black Rio movement, putting together the musicians who would later form the homonymous band. At 12 he was already playing in an orchestra in his hometown. At 23 he was already famous there and decided to move to São Paulo. He became the pianist of the Lancaster nightclub, the meeting point of the city's jazz musicians. Joining the Copa Trio, he moved to Rio and played in the famous jazz scene Beco Das Garrafas (Rio's 52nd Street), where he accompanied the then novice artists Elis Regina, Quarteto em Cy, and Jorge Ben. In 1965, he formed the Rio 65 Trio, with bassist Sérgio Barroso and drummer Edison Machado, which performed around and recorded Rio 65 Trio in the same year. In 1966, the trio toured Europe, accompanying Edu Lobo, Rosinha de Valença, Silvia Telles, and Rubens Bassini through nine countries. The trio recorded an album in Germany that included Salvador's "Meu Fraco é Café Forte." In the same year, Salvador played in the U.S., returning there again while accompanying Elza Soares. After a while he retired from the artistic scene and traveled while researching music and formed the black-only group Abolição, which was the core of the movement, and Band Black Rio. The group recorded the album Som, Sangue E Raça - Dom Salvador e Abolição in 1971. In 1986, he recorded another album with a new trio, Dom Salvador Trio. After that, he settled in the U.S.

Alvaro Neder - extracted from All Music Guide

08 março 2006

João Donato - A Bad Donato (1970)

Capa do disco
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A bossa psicodélica de João Donato

João DonatoO João Donato mau (ou maldito) – com cara de traficante colombiano, como aparece na capa do disco A Bad Donato (Gravadora Dubas) – serviu primeiro para assustar aos que estavam acostumados ao seu estilo. Saía Donato de estilo suingado, com piano bossa nova temperado com calientes ritmos do Caribe, e entrava o Donato elétrico, influenciado pelo jazz-rock, por Hendrix e por Brown.

Em 1970, João Donato – já mais de uma década morando nos EUA (mudou-se para lá em 1959) e com trabalhos com Mongo Santamaria (quando saiu do conjunto foi substituído por Chick Corea), Tito Puente e Cal Tjader – decidiu gravar em Los Angeles um disco em que fizesse uma fusão de MPB com jazz, funk rock e eletrônica.

Agora, em plena fase de incontinência fonográfica – nos últimos tempos, entre lançamentos e relançamentos, sete CDs seus foram colocados no mercado -, Donato é homenageado com a reedição de um de seus trabalhos mais importantes. Mais comentado do que ouvido, A Bad Donato, lançado pela pequena Blue Thumb, logo saiu de catálogo.

João DonatoNo Brasil, nunca chegou a ser comercializado. E a versão que chega agora pela gravadora Dubas só encontra similar no mercado do Japão, onde João Donato é reverenciado. Nessas três décadas, o disco, talvez até por influência do nome, tornou-se "maldito", ainda que o próprio autor deboche da sua fama de mau, como evidencia a foto da contracapa em que ele aparece "fantasiado" de hippie.

Como confessa no encarte que acompanha o CD, Donato não sabia o que queria nem como gravaria. Ganhou autorização da gravadora para comprar os instrumentos que achasse necessário e tempo para ficar em casa descobrindo como tirar cada som dos teclados.

Quando entrou nos estúdios, Donato já tinha idéias mais claras. Pretendia usar instrumentos em dupla (duas guitarras, dois trompetes, dois pianos, dois trombones, duas baterias...) e sabia também com quem queria cercar-se: músicos americanos com quem já trabalhara (o saxofonista Ernie Watts, o flautista Bud Shank, o trompetista Jimmy Zito, o clarinetista Don Meza) e velhos parceiros do tempo da bossa nova, como o baterista Dom Um Romão e o violonista Oscar Castro Neves (ambos também morando havia anos nos EUA).

João DonatoQuando já estava no estúdio, Donato recebeu telefonema de Eumir Deodato que, entusiasmado com o que ouviu, se ofereceu para fazer os arranjos. Foi aceito. Muitos músicos convocados por Donato integraram a orquestra de Stan Kenton, o que de certa forma fechava um ciclo na carreira do músico brasileiro: era Kenton seu modelo de compositor-arranjador quando começou a tirar as primeiras notas do piano, nos anos 40.

O Donato músico – o João que não gosta de poesia, como definiu Caetano em Outro Retrato – também se sentiu mais à vontade por poder fazer um disco instrumental, indo na contramão do que o público americano esperava da bossa nova (o canto suave de Astrud e João Gilberto, o sax tenor de Stan Getz...) e se mimetizando com o que havia de mais contemporâneo na música popular dos EUA. Donato não flagrava apenas o vanguardismo musical. Em A Bad Donato, que reúne dez composições próprias e inéditas, ele se mostrava antenado com o que acontecia na época, do psicodelismo ao movimento hippie, do interesse pela astrologia às experiências com o LSD.

Basta ver o nome de algumas das composições, como Celestial Showers, Luna Tune (originalmente batizada por Emil Richards como Two After One em referência ao horário que foi gravada) e Straight Jacket. O disco também seria um antecipador da onda discoteca, além de servir de modelo para trabalhos posteriores tanto de conterrâneos de João Donato (como o antigo parceiro Dom Um Romão, o percursionista Airto Moreira, o trombonista Raul de Souza e, principalmente, Eumir Deodato, que alcançaria sucesso planetário com sua versão de Also Sprach Zarathustra) quanto de músicos americanos, como o tecladista George Duke, o contrabaixista Stanley Clarke e o vibracionista Cal Tjader.

Dois anos depois, como não havia mais nada para explicar para os americanos, João Donato deu por encerrada a sua temporada nos EUA. Com o cachê arrecadado com o disco, ele compraria uma passagem de avião. De volta para o Brasil.



Márcio Pinheiro - 05/01/2005 - extraído do jornal O Estado de S. Paulo
Para mais informação, visite o site do João Donato e confira um artigo escrito pelo músico no site da Revista Piauí

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João DonatoDonato himself decided to give up the accordion to concentrate on piano, and merely played the trombone as a hobby. The story goes that he could no longer stand to drag his accordion around the nightclub circuit because this obliged him to avoid having a last drink, for fear of leaving it someplace. One one of those nights, he left the accordion in an unlocked car and it was stolen. He felt no compulsion to buy another and, as there was a piano in every nightclub he worked in, the dilemma was solved.

Donato might also have recounted that he stopped playing the accordion because he had exhausted the instrument's possibilities, while the piano seemed to be an endless source of harmonic possibilities. And he wanted to be able to explore them. [. . .]

In 1959, he [Donato] had no audience in Rio because everyone thought he played jazz, so he went to California to play Latin music - which was what in fact he was trying to do in Brazil, only nobody realized it. Upon his arrival there, he was immediately adopted by the cool cats of the genre, like the Latins Tito Puente, Mongo Santamaria, and Johnny Rodriguez, and the Americans Cal Tjader, Herbie Mann, and Eddie Palmieri. Without knowing it, Donato's career had been similar to theirs. [. . .] Donato felt right at home in the middle of all those congas, timbales, and bongos of Latin jazz, with possibilities for splitting up the wind instruments and creating the craziest piano harmonies. Everything was allowed, given that the rhythm was an enchilada of mambos, rumbas, sambas, and porque no?--bossa nova. [. . .] From 1959 to 1961, he played piano with Monga Santamaria and participated in the first recording of 'Para Ti' (For You), played trombone and wrote the arrangements for Tito Puente's brass instruments, recorded extensively with Cal Tjader, who was already famous, and with Eddie Palmieri, who wasn't yet. His appearance on the scene was quite simply stunning.

In the years that followed, they all began to use Donato's songs in their repertoire, such as "A rã" (The Frog), "Amazonas" (Amazon), "Cadê Jodel?" (Where Is Jodel?), and they became standards for what was later called funk music. Donato himself soon started putting together his albums at prestigious Pacific Records - and had his songbook recorded by other corn-tortilla-with-chilies-loving jazz musicians, like vibraphonist Dave Pike.

06 março 2006

Acuri - Demo 1 (2004) + Demo 2 (2005)

Capas das demos
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AcuriO Acuri é um grupo novo de música instrumental brasileira, formado por jovens cariocas que se conheceram nas oficinas ministradas pelo músico Itiberê Zwarg, baixista do grupo do Hermeto Pascoal.

Com influências variadas, o som deles remete bastante ao do Hermeto Pascoal e de bandas como Curupira, Travalíngua, Itiberê Orquestra Família e Quinteto Tim Rescala, com bastante variação rítmica, riqueza harmônica e arranjos cuidadosos.

Com apenas duas demos lançadas, o Acuri venceu o Concurso de Bandas Speedy Experience - Trama Virtual, em novembro de 2005, disputando com mais de 3 mil artistas inscritos.

Atualmente a banda é composta por:

Ricardo Sá Reston - baixo e percussão
Davi Mello - guitarra, violão e cavaquinho
Cacá Guifer - flauta, sax tenor e soprano
Roberto Salgado - bateria, percussão e cavaquinho
Pedro Carneiro - teclado

Visite o blog da banda.

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AcuriAcuri is a new group of Brazilian instrumental music, formed by young Cariocas who met in workshops taught by Itiberê Zwarg, bassist of Hermeto Pascoal's group.

With diverse influences, they have Hermeto's music as a strong reference, and can be compared to such bands as Curupira, Travalíngua, Itiberê Orquestra Família and Quinteto Tim Rescala, with considerable rhythmic variation, harmonic richness and careful arrangements.

With only two demos, Acuri had won the Competition of Bands Speedy Experience - Trama Virtual, in november of 2005, disputing with more than 3,000 enrolled artists.

Visit Acuri's blog for more info.

03 março 2006

Moacir Santos - Coisas (1965)

Capa do disco
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Moacir SantosO crítico Hugo Sukman, em O Globo, achou o título perfeito para seu artigo: De volta às melhores Coisas da vida. Coisas é o disco do compositor, arranjador, maestro e instrumentista Moacir Santos, de 1965 – dez faixas intituladas simplesmente Coisas (numeradas de 1 a 10, mas fora de ordem), embora algumas tenham recebido letra e títulos com que circularam fora do disco (Coisa n.º 5, por exemplo, ficou conhecida no mundo profano como Nanã e, por muitos anos, rendeu um providencial dinheiro a seu letrista Mario Telles).

Coisas só agora volta ao lugar de onde nunca deveria ter ficado ausente: as prateleiras das lojas. E volta com uma força, uma originalidade e uma beleza que, se se disser que foi gravado ontem, ninguém terá razão para duvidar. Mas é claro que ele vem de outros tempos, de outro mundo, outro país – um país também chamado Brasil, mas onde havia uma indústria, dita fonográfica, que estranhamente trabalhava com música.

Esses 39 anos de sumiço dizem muito sobre as cabeças que presidem nossas gravadoras. Coisas foi produzido originalmente pela Forma, o pequeno e corajoso selo que o produtor carioca Roberto Quartin conseguiu sustentar durante três anos na década de 60. A Forma era uma espécie de Elenco, só que ainda mais atrevida e experimental. Vencido pelo mercado, Quartin vendeu as matrizes de seu catálogo (18 formidáveis LPs) para a então Philips, que depois se tornou a Polygram e hoje é a Universal. A poderosa compradora contentou-se em ser apenas a dona da Forma: sentou-se em cima, não fez nada com os discos e, até outro dia, não deixou que ninguém fizesse. O próprio Quartin levou as décadas seguintes tentando convencê-la a repor em circulação o catálogo completo, do qual Coisas era a jóia da coroa – sem sucesso. Quartin morreu em abril último, amargurado porque seu grande disco afinal iria sair, mas isoladamente e por iniciativa de outro selo, o MP,B, sem a sua participação. Triste para Quartin, que devia ter seus motivos para ser um homem difícil – mas, pelo menos, Coisas aí está.

Foi o último e o melhor disco de “samba-jazz” feito no Brasil daquela época: uma obra-prima de música instrumental, com raízes ardentemente brasileiras e uma certa tintura jungle, ellingtoniana, que parece brotar dessas mesmas raízes. Seria fácil dizer que, em tais raízes, está a música ancestral negra. E deve estar mesmo – mas não só: Moacir era e é um músico completo, que se abeberou de toda a tradição clássica européia, apenas fazendo-a curvar-se à sua orgulhosa negritude. (Foi o primeiro maestro negro da Rádio Nacional, furando a hegemonia – benigna – dos mestres Radamés Gnatalli, Leo Peracchi e Lyrio Panicalli.) E Coisas é o epítome da sofisticação e da modernidade que impregnavam alguns criadores daquela fase, empenhados em buscar nos ritmos populares do Nordeste e dos morros do Rio as bases para uma revitalização da música brasileira. Coisa n.º 6, por exemplo, que soa como um baião de quermesse, tornou-se Dia de Festa ao ganhar letra de Geraldo Vandré e foi gravado pelo mesmo Vandré. Nas outras faixas, misturados a improvisações jazzísticas, riffs e ataques de big band, há ecos de xaxado, coco e maracutu.

Mas, alto lá: com Moacir (assim como em Baden Powell), não tinha essa demagogia de recolher folclore – a música saída “do povo” era apenas uma plataforma para toda espécie de pesquisa melódica, harmônica ou rítmica. A prova está logo de saída, na primeira faixa (Coisa n.º 4), em que o sax-barítono e o trombone-baixo começam uma marcação pesada e repetitiva que se estende por todo o número e, em contexto mais “primitivo”, talvez fosse feita por tambores. Era a África, sem dúvida, mas filtrada pelo Beco das Garrafas, em Copacabana – por mais que isso fosse perigoso politicamente. O texto de capa do LP original, escrito por Quartin e reproduzido no encarte do CD, sentia a necessidade de enfatizar que Moacir Santos não era um músico "de direita" ou "de esquerda", mas apenas um músico, e a música desconhece a política. Era uma preocupação vigente e, hoje, pode parecer primária ou irrelevante. Mas só quem viveu o clima daquele tempo, com o Brasil ainda no começo da ditadura, consegue avaliar a intensidade da patrulha (exigiam-se "tomadas de posição") e o sentimento de culpa que se apossava dos músicos voltados somente para a arte, estigmatizados por não fazerem de cada acorde um comício.

Pois aconteceu que Moacir Santos, despolitizado como era, também teve de marchar para uma espécie de auto-exílio nos Estados Unidos. Não porque fosse “alienado” ou “participante”, mas pela brusca mudança de rumos na música brasileira a partir do iê-iê-iê, que liquidou com a possibilidade de sobrevivência no Brasil de artistas como ele. A passagem de 1965 para 1966 marcou esse corte – porque, nos três anos anteriores, o próprio Moacir nunca trabalhara tanto e estivera presente, como arranjador ou compositor, em alguns dos melhores discos lançados no país. Apenas em 1963 eram dele os arranjos de Vinicius & Odette Lara, que foi o LP n.º 1 da Elenco; de pelo menos uma faixa (Nanã, em vocalise) de Nara, o disco de estréia de Nara Leão, também na Elenco; de várias faixas de Baden Powell Swings With Jimmy Pratt, idem Elenco, em que Baden toca as Coisas n.º 1 e n.º 2; e de todos os arranjos de Elizete Interpreta Vinicius, lançado pela Copacabana, com quatro de suas canções que levaram letra de Vinicius, entre as quais Se Você Disser Que Sim e Menino Travesso, e com o seu nome em destaque na capa.

Em 1964, Moacir assinou arranjos de Você Ainda Não Ouviu Nada – pelo menos, os de Nanã e Coisa n.º 2 –, o disco de Sergio Mendes & Bossa Rio na Philips que muitos, então, consideraram o melhor do gênero feito no Brasil. Mas, no mesmo ano, esse disco seria superado pelo sensacional Edison Machado É Samba Novo, na CBS, com quatro de seus temas (Se Você Disser Que Sim, Coisa n.º 1, Menino Travesso e o já onipresente Nanã) no repertório e Moacir impregnando todo o disco com o som cheio e noturno de seus arranjos, mesmo nos de autoria do saxofonista J.T. Meirelles. O Brasil era tão outro país que permitia que uma cantora quase desconhecida – Luiza, 22 anos, professora do Colégio São Paulo, em Ipanema –, ao estrear em disco na RCA Victor, tivesse o solicitadíssimo Moacir como arranjador. (O LP, Luiza, não aconteceu, e a excelente cantora, pelo visto, encerrou ali a carreira. Mas é outro legítimo Moacir Santos, à espera de que o relancem em CD.) Nos intervalos, Moacir compôs também a música para filmes com que o cinema brasileiro (“novo” ou não) tentava atingir a maioridade: Seara Vermelha, do italiano Alberto D’Aversa (1963), e Ganga Zumba, de Carlos Diegues, Os Fuzis, de Ruy Guerra, e O Beijo, de Flavio Tambellini, todos de 1964, nos quais nasceram várias Coisas. Tudo isto, na verdade, era uma preparação para o Coisas propriamente dito – que, ao ser finalmente lançado, em 1965, logo teria de enfrentar uma atmosfera adversa à sua proposta. A Forma afundou, o disco desapareceu e, pelas quatro décadas seguintes, o LP só reapareceria ocasionalmente nos sebos – até também sumir deles e se tornar uma preciosidade de US$ 200 no mercado internacional.

O que aconteceria se a lição de Coisas (e de outros discos de seu estilo) tivesse sido disseminada em 1965? Tudo é especulação, mas é provável que a música instrumental moderna brasileira não conhecesse a penúria que atravessou nas décadas seguintes. O próprio Coisas era uma continuação das experiências nos discos menos dançantes das orquestras de Severino Araújo e Zaccarias, escolados nas gafieiras cariocas dos anos 40 e 50. Deve-se citar também o desaparecimento das orquestras de rádio, TV, boates e as das próprias gravadoras como fator decisivo para o declínio da música instrumental no Brasil – porque foram elas que permitiram a existência de um disco como Coisas. Para Moacir Santos, com 40 anos em 1966, só restava ir embora. E ele foi – para Los Angeles, onde já está há 38 anos.

A volta do disco pode completar a redescoberta brasileira de Moacir, iniciada em 2001 com o lançamento de Ouro Negro pelos mesmos produtores da nova edição de Coisas: Mario Adnet e Zé Nogueira. Ouro Negro era espetacular – mas Coisas é o produto original, com Moacir em pessoa, não apenas de caneta e batuta na mão, mas armado de seu possante sax-barítono. Hoje, aos 78, Moacir não pode mais tocar, por problemas de saúde, mas a mão que compõe e arranja é a mesma de há 40 anos.

Ruy Castro

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Moacir SantosCults of rediscovered artists grow quickly and sometimes without much warning; in the 1990s, they have sprouted so rapidly that among the reissues there has hardly been room to appreciate a new young player with something to say. (Who needs Luciana Souza, whose context and range of interests are perhaps not worn on her sleeve, when you’ve got Phil Ranelin, frozen in time, a perfect snapshot of 1970s black consciousness? Or something like that.)

So I am surprised that there isn’t much of a cult around the Brazilian jazz composer and arranger Moacir Santos. Born poor in the northeastern state of Pernambuco, Santos became an itinerant musician, playing around other states in the north, Bahia and Ceará. Toward the end of the 1940s, he moved to Rio de Janeiro, to work in the studios of Rádio Nacional, where staff arrangers were needed. But he saw that popular music was art and vice versa, and he studied the big-band composers as well as took lessons with Joachim Koelreutter, the Austrian composer who was lured to Brazil in the 1950s during the age of modernism and taught a whole generation of Brazilian music makers.

I’ve found little information about what Santos was listening to around the time he made “Coisas”, which was the period right before he moved to Los Angeles (where he still lives) to teach and work on film sound tracks. But it sounds like it was a mixture of two influences: the brass-conscious arrangers who were confortable with West Coast jazz as well as samba – say, Bob Brookmeyer or Gary McFarland – and the new, small-group arrangements heard on so many Blue Note albums of the time, the spacious, intriguing-instrumentation sound of Eric Dolphy’s “Out to Lunch”, say. (If you administered a blindfold test, you’d have people guessing that the vibraphonist on “Coisa No. 2,” Claudio das Neves, was Bobby Hutcherson – it’s the way the dry, clanky chords are deployed in the arrangement.) He was attuned to American currents; he also sensed what was in the air.

The tracks are simply called “Coisas” (“Things”) and numbered one through ten; for some reason, they’re presented out of order. On each track, it’s the structure and timbre that first seizes you: it doesn’t sound based in a genre. The melody of “Coisa No. 1” is carried by baritone saxophone, with sparse counterpoint from muted trumpet and trombone; the rhythm section is a samba setup, with big and small animal-skin drums and an acoustic guitar. The bass lines are minimal, mostly there to help accent the bass drum.

Then it’s the melodies, which are concise, bold things, moving through very nonobvious chord choices. “Coisa No. 5” shows that his gift for concision and piquancy was not unlike Wayne Shorter’s. How the music unfolds! At first it comes on strong, with tuba accenting a military-sounding waltz; then, after the introduction, the song changes to a more flowing six-eight, with trombone taking the melody, tuba and guitar giving counterpoint. In the second chorus, after the trombone, a flute improvisation takes over until the bridge (juxtaposition was Santos’s stock-in-trade), and then Luiz Bezerra’s Getz-like tenor saxophone takes over.

The next song, hinging on a two-chord figure and recorded simply with piano and hand drums, at first sounds like one of Ellington’s stripped-down miniatures from his 1953 “Piano Reflections”. The fuller band does eventually slide in, with vibraphone and a brass section, again with those spare Afro-Brazilian drums. (That there are very few cymbals on this album is a constant source of wonder for American ears attuned to jazz drumming.) The weight and density of the music changes from track to track; there’s an organ (uncredited, and probably played by Santos) on numbers six and ten; there’s a small string section on number eight. Different soloists come to light; you don’t hear all soloists play what they know on each track.

“Coisa No. 5”, otherwise known as “Nanã”, was picked up by the circle of jazz and MPB (Música Popular Brasileira, or Brazilian pop) composers in Santos’s orbit and turned into a hit; more than one hundred versions have been recorded, most of them using lyrics written by Mario Telles. Even before “Coisas” was released in 1965, “Nanã” was recorded by the important Brazilian jazz and pop bands of the day: Os Cobras, Edison Machado’s ensemble, and Mario Castro-Neves’s, too.

Santos did, in fact, record in the States; he made three albums for Blue Note in the 1970s. But they are long deleted, and even in Japan, the land where jazz reissues are plentiful, there’s little interest in rereleasing them.

So there you have it: a foreign jazz arranger with an exploratory and musically sound mid-sixties bent; associations with the loungey Bossa Nova figures (Castro-Neves, Carlos Lyra, Roberto Menescal, Baden Powell); black-genius stature; obscurity. Why is this man not famous? And why is this CD still unavailable?

Ben Ratliff - extracted from The New York Times Essential Library: Jazz A Critic’s Guide to the 100 Most Important Recordings (Times Books, Henry Holt and Company. New York, 2002)
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