28 setembro 2006

Vários Artistas - Violões (1989)

Capa do disco
Clique aqui para baixar a primeira parte/Download the first part - Turbo Upload
Clique aqui para baixar a segunda parte/Download the second part
- Turbo Upload

........................................................

Paulinho NogueiraDezenove entre os mais representativos violonistas brasileiros reuniran-se no Teatro Cultura Artística de São Paulo, entre 31 de maio e 5 de julho de 1989. A título de registro e por tratar-se da história do violão no Brasil, segue a reprodução exata dos textos sobre os músicos, na época da gravação.

Marco Pereira: Um jovem talento que desenvolve um estilo peculiar somando a técnica erudita com as raízes brasileiras e o improviso do jazz. Formação erudita, com mestrado na Sorbonne, em Paris.

Carlos Barbosa Lima: Aluno de Isaías Sávio e Andrés Segóvia. Reside nos EUA, onde tem gravado e se apresentado com sucesso. Adaptou para o violão obras de Scarlatti, Gershwin e Jobim. Seus programas sempre incluem autores brasileiros.

Duo Assad: Formado pelos irmãos Sérgio e Odair Assad. Sua importância pode ser medida pelo grande número de obras escritas especialmente para o Duo por, entre outros, Radamés Gnattali, Marcos Nobre, Astor Piazzola e Nikita Koshkin.

José Menezes: Cearense de 1921. Nos anos 40, já no Rio, gravou inúmeros sucessos como solista, liderando grupos de choro. Atuou em dupla com Garoto e no final dos anos 50, integrou o sexeto de Radamés Gnattali. Maestro arranjador da TV Globo.

Horondino Silva: O Dino 7 Cordas. carioca, 71 anos. No final dos anos 30, integrou o regional de Benedito Lacerda, formando com Jaime Florense (O Meira), uma inesquecível e duradoura dupla de violões. Introduziu o violão 7 cordas.

André Geraissati: Paulistano, nome expressivo da nova geração. Idealizou e integrou durante dez anos o Grupo D'Alma, grupo com formação inédita de três violões. Como solista mostra afinações inusitadas, além de novas sonoridades.

Marco Pereira - por Emir PennaHeraldo do Monte: Pernambucano de Recife, 54 anos. A partir do final dos anos 50, atuou em grupos como o de Walter Wanderley e o histórico Quarteto Novo, ao lado de Hermeto Pascoal, Airto Moreira e Theo de Barros. Atualmente desenvolve sua carreira solo com sucesso.

Rafael Rabello: Aluno de Jaime Florense (O Meira), começou cedo na profissão, integrando grupos de choro como Os Carioquinhas e a Camerata Carioca. Logo passou a gravar discos solo, tendo atuado ao lado do mestre Radamés Gnattali. É admirado tanto pelos músicos da velha guarda quanto pelos da nova geração.

Hélio Delmiro: Comhecido como guitarrista de jazz, é também exímio violonista, ligado às linguagens marcadamente brasileiras do samba e choro.

Egberto Gismonti: Um dos grandes nomes da música brasileira hoje. Insaciável na busca por novos caminhos. A formação pianística determinou o peculiar estilo no violão, valorizando o trabalho com a mão direita. Usa modelos com oito, dez ou mais cordas.

Paulinho Nogueira: 60 anos. Um dos principais estilistas da época da Bossa Nova. É autor de um precioso método de estudo do violão e tem sido professor de estrelas do instrumento.

Ulisses Rocha: Destaque da nova geração. Fez parte do Grupo D'Alma durante vários anos. Seu trabalho mescla sua formação erudita e popular e aponta novos caminhos na música comtemporânea.

Antônio José Madureira: Formação erudita. Líder do Quinteto Armorial no Recife, no início dos anos 70. Busca sempre fixar um estilo e uma linguagem marcadamente brasileira.

Canhoto da Paraíba: Projetou-se a partir dos anos 50 como o mais importante violonista no Nordeste, fundindo elementos do choro com formas musicais nordestinas. Seu estilo influenciou diversos instrumentistas.

Paulo BellinatiPaulo Bellinati: Paulistano de formação erudita com estudos na Suiça. De volta ao Brasil, há dez anos, dedicou-se à música popular e integra o grupo Pau Brasil. Como solista, pesquisou e regravou a obra de Garoto.

Antônio Rago: 73 anos, fundamental na cena musical dos tempos áureos do rádio e do início da TV nos anos 30, 40 e 50. Seu regional acompanhava grandes nomes de nossa música. Introduziu o violão elétrico no Brasil.

Sebastião Tapajós: Grande divulgador do violão brasileiro no exterior, em constantes turnês e gravações na Europa. Exuberante e versátil tanto na música clássica como na popular.

César Faria: 70 anos de idade e 40 de profissão, aperfeiçoou-se como violonista acompanhante. Começou ao lado de Jacob do Bandolim e com ele integrou o grupo Época de Ouro. Nos últimos anos acompanha em discos e shows o seu filho, Paulinho da Viola.

Extraído do site Café Music
Para mais informação, visite o site do Projeto Memória Brasileira

************************

Duo AssadNineteen of the most important Brazilian guitarists, among them Egberto Gismonti, Duo Assad, Heraldo do Monte, Rafael Rabello, Dino 7 Cordas, and Canhoto da Paraíba, in unpublished recordings. It's the most complete songbook of Brazilian guitar tradition. It's hard to pick out its best moment.

Edson Franco - extracted from Folha de São Paulo
For more info, visit Projeto Memória Brasileira

26 setembro 2006

Egberto Gismonti - Dança das Cabeças (1977)

Capa do disco
Clique aqui para baixar o disco/Download the album - RapidShare

Para mais álbuns do Egberto Gismonti, visite o blog Abracadabra-LPs do Brasil / For more Egberto Gismonti's albums, visit Abracadabra-LPs do Brasil

Post anterior do Egberto Gismonti:
Egberto Gismonti Group - Música de Sobrevivência (1993)

Past post on Egberto Gismonti:
Egberto Gismonti Group - Música de Sobrevivência (1993)
........................................................

Egberto Gismonti - pic taken by Roberto CifarelliÉ difícil discordar: o multiinstrumentista Egberto Gismonti está entre os dez melhores instrumentistas e compositores da música brasileira. Essa é até mesmo uma avaliação indulgente porque, confesso, não é nada fácil encontrar outros nove músicos tão completos quanto Gismonti.

Foi o primeiro artista brasileiro a deter todos os fonogramas próprios. Antes dele, apenas o norte-americano Frank Zappa, seu parceiro na composição da trilha do filme Cruising 1980, tinha realizado tal feito. Algo diminuto, se comparado a sua trajetória musical, uma das mais profícuas do Brasil em todos os tempos, que já ultrapassa a marca dos 60 álbuns lançados.

A convicção com que expõe suas idéias pode, inicialmente, revelar arrogância. Mas alguns minutos já são suficientes para perceber que Egberto não tem a intenção de se fazer notável pelas palavras. Nas duas horas de conversa com a JAZZ+, durante o Festival Jazz & Blues de Rio das Ostras deste ano, Egberto falou de sua vida, do orgulho de ter filhos músicos e de acontecimentos notáveis em sua carreira.

Se, por uma lado a música foi o maior presente que ele já recebeu em toda sua vida, por outro, sua retribuição a essa arte está na incansável pesquisa sonora que desenvolve em mais de 40 anos. Já teve experiências em praticamente todas as variantes musicais estéticas e estilísticas. Tocou em pequenas e grandes casas de espetáculos e festivais do mundo inteiro e não tem preconceito a absolutamente nada. Pelo contrário, demonstra sua versatilidade expandindo parcerias e estando sempre disposto a entender a qualquer “ruído”; encarando a música como um sacerdócio.

Quais são as suas atividades atualmente?
Estou fazendo um pacote com sete discos, que pretendo lançar pela minha gravadora, a Carmo Produções Artísticas, distribuída pela ECM em 42 países. Já tenho seis discos prontos. Um tem a participação de Leo Brower violonista cubano, regendo orquestras espanholas.

Concorda com a definição intraduzível referência ao titulo da resenha de seu disco Antologia, “Intraduzível e Luminoso”, publicada na Jazz+ número 04?
Gostei muito. Quero dizer que ninguém grava 60 discos porque sabe exatamente o que está fazendo. Quem grava 60 discos está procurando mais do que os outros.

As pessoas confundem, pensam que é pelo motivo oposto. O João Gilberto sabe o que faz, por isso gravou meia dúzia de discos. Eu ainda não sei direito o que eu faço: toco violão e piano, escrevo para quarteto, sinfônica...Tem uma definição da qual eu gosto, dada por um jornalista da revista Guitar Player norte-americana, onde sou citado como “o único que toca a própria vida”. Genial isso, assim como “Intraduzível”.

Não daria então para definir a música de Egberto Gismonti?
Não. O disco Dança das Cabeças, por exemplo, ganhou o Deutsche Schallplatten Preis, na Alemanha - uma espécie de Grammy - como melhor disco de música experimental, e na Inglaterra, ganhou como o melhor de música pop. Cada grupo avalia de uma maneira. A Ensemble Records e a EMI inglesa lançaram antologias minhas também, que são completamente diferentes. Cada uma tem uma visão, um conceito de capa. Faço ainda cerca de sete apresentações por ano como convidado de orquestras sinfônicas. A minha relação com música é geral. Tenho ligações com a música indígena, com o pop brasileiro e com o universo inteiro do jazz.

Toco com qualquer pessoa. Eu só quero me divertir.

Egberto GismontiVocê tem algum ídolo?
O único ídolo que eu tenho na música é meu falecido tio Edgard. Tem uma turma por aí que eu gosto muito, mas ídolo mesmo só meu tio. Quando eu tinha uns dez anos, ele me disse: “Você pode ser um músico bom e feliz em qualquer lugar do mundo. Eu toco clarineta, moro no Carmo, nunca saí daqui, tive quatro filhos e sou feliz assim.” Ele é meu exemplo.

E porque você decidiu sair do Carmo?
Saí da cidade por acaso, para tentar gravar um disco. Eu poderia ter ficado por lá e seguir os caminhos designados pela minha família – meu avô e meu tio eram mestres de banda. Saí para gravar um e gravei 60. Hoje tenho minha gravadora e uma editora, fui muito além do que eu poderia imaginar. Minha experiência no Carmo me ensinou a entrar em qualquer buraco escuro, caso lá dentro existisse uma boa música.

Quais foram suas primeiras influências?
As valsas feitas pelo meu avô Antônio. Por várias vezes coloquei as valsas dos meus avós e do meu tio em meus discos.

Pelo visto, sua família é bastante musical.
A família da minha mãe, Gismonti, gostava de participar de coros da igreja. E mesmo meu pai, apesar de não ser bom músico – tocava piano bem devagar, ruinzinho -, me apresentou várias coisas.

E o que você tem a dizer sobre seu filho Alexandre?
Tenho dois filhos – o Alexandre, violonista, e a Bianca, pianista. Eles são excelentes músicos, tocam bem mesmo. O Alexandre é ainda um bom compositor. No palco não tem esse negócio de pai e filho, somos muito profissionais nesse sentido. A vida foi muito benevolente comigo. Você imaginou se só um deles fosse músico? Seria trágico. Eu iria gostar mais daquele que fosse músico. Na minha casa sempre foi assim, meus pais gostavam mais de mim.

Qual sua relação com o jazz?
Vou contar uma boa história que define muito bem o que penso sobre o jazz. Quando era criança, eu só conhecia o jazz pelos discos que meu pai trazia de suas viagens pelo Brasil. Ele não gostava e não entendia muito, mas queria me estimular de todas as formas. Eu ganhei um disco do Liberatti, aquele horror de pianista que se vestia com pétalas e ouro, e outro do Thelonious Monk. Era um choque violento: um disco horrível e outro ótimo, os dois apresentados como jazz! Mas eu cresci e durante os anos 70 o Airto Moreira me convidou para ir a Los Angeles e fazer os arranjos de um disco dele que se chama Identity. Aceitei o convite porque queria me aproximar do tal do jazz.

Em pouco tempo, fiquei amigo de pessoas como Gil Evans e Herbie Hancock. Um dia, o Herbie me convidou para tocar na casa dele e disse: “Aqui é a minha garagem, eu tenho um estúdio, toma uma chave. Pode vir todo dia, a hora que você quiser tocar e estudar.” Achei ótimo. E durante um dos meus dias de estudo ele, sempre muito educado, perguntou: “Que bom que você está aqui, vamos tocar dois pianos juntos?” Tocamos durante meia hora, sem parar! Quando terminamos, ele comentou: “O que você achou de me ouvir tocando música brasileira?” Imediatamente perguntei: “o que você achou de me ouvir tocando jazz? E ele respondeu: “Você não tocou jazz!” Então, finalizei: “E você também não tocou nada de música brasileira!” Só aí descobri que o único brasileiro que realmente tocava jazz era o saxofonista Victor Assis Brasil. Jazz não é fraseado, não é acorde. Se fosse acorde, o Tom Jobim não teria feito Bossa Nova, teria feito jazz. Enfim, jazz eu não sei tocar.

Resultaram alguns trabalhos dessa passagem pelos Estados Unidos?
Voltei ao Brasil com um equipamento imenso e fiz um disco, Academia de Danças, que tinha máquinas acústicas e sinfônicas tocando simultaneamente. Por causa disso, o John McLaughlin guitarrista, que eu não conhecia pessoalmente, me telefonou e disse: “Acabei de lançar um disco chamado Apocalypse, que tem estilo semelhante ao trabalho lançado por você no Brasil”. Resolvemos fazer uma turnê juntos. Era um som de lata velha que a gente fingia que estava legal e pronto.

Egberto Gismonti - pic taken by Roberto CifarelliNa sua opinião, como a música brasileira influenciou o jazz?
O Tom Jobim absorveu o jazz para criar a bossa nova e mostrou um novo caminho, cheio de opções, para os próprios norte-americanos. O Tom montava acordes que os americanos não usavam. A bossa nova conquistou o mundo, principalmente os Estados Unidos. Não tem um músico norte-americano vivo que não queira tocar alguma coisa relacionada com a música brasileira. E já existe até uma lei aprovada pelo Congresso dos Estados Unidos que limita a dois o número de músicos brasileiros por conjunto. O Dizzy Gillespie trompetista foi quem propôs isso para diminuir a influência brasileira sobre a música americana. É verdade! Acho que ele pensou: “Vai ser como no futebol!” Se você aparecer lá na caverna onde está escondido o Bin Laden, no Afeganistão, vai encontrar uns três brasileiros jogando bola! É assim também na música.

Sempre escreve suas músicas?
Claro, eu tenho a formação culta em teoria musical. Já mandei partituras minhas para pianistas de vários cantos do mundo e só aqueles que têm formação clássica conseguiram acompanhá-la. É uma polifonia desgraçada! Uma mão toca um troço e a outra toca outro completamente diferente. Mas sei exatamente o que estou fazendo. Tem músico que ainda me pergunta: “Você nunca pensou em escrever as músicas que você toca?” E quando eu respondo que é tudo escrito, o cara diz, surpreso: “não parece música escrita”. Não parece porque eu sei tocar, e quem sabe tocar senta no banquinho e toca.

Mas nem por isso você deixa de lado o improviso e a espontaneidade quando toca.
Claro que não. Há um ano e meio, por exemplo, no festival de Montreal, toquei com o baixista Charlie Haden. Quando nos encontramos, o Charlie disse: “Você trouxe as partituras?” Eu não trouxe nada. Ele achou ótimo porque também não tinha partitura alguma. Então eu respondi: “Vamos tomar um café porque está tudo ótimo”. Subimos no palco e nos entrosamos perfeitamente. Do mesmo modo que ele sabe que eu saio tocando com qualquer coisa, eu sei que ele acompanha qualquer coisa. Ele deve ter uma antena parabólica para captar harmonias com tanta facilidade! Só a primeira música durou 40 minutos.

Na sua opinião, afinal, qual é a finalidade da música?
Eu só faço música para fazer o outro feliz. Música não serve para outra coisa. Às vezes eu estou tocando e penso: “Essa música é confusa pra ‘dedéu’, enrolada. Mas ela passa a sensação para quem está ouvindo de que é uma música fácil.” A pessoa sai certa daquele show de que pode pegar um violão e sair tocando. Acho isso bacana.

Mas isso não é uma armadilha?
Se eu acreditar que isso é uma armadilha, tenho que parar. Você já imaginou alguém manter as mãos vivas tocando dois instrumentos diferentes como esses? Por que isso é uma armadilha? Porque eu não conheço ninguém que toca violão bem e piano bem! O mais próximo que eu conheço é o Ralph Towner, mas ele não toca piano tão bem. Não estou falando acompanhamento, mão esquerda amarrada com esparadrapo. Se você disser para o Ralph tocar duas horas de um solo já complica.

Eu não conheço ninguém! Isso sim é uma armadilha danada que me levou a coisas que ninguém sabe, nem você, que gosta do meu trabalho! Você sabe o que é isso aqui ou não? [mostra uma cicatriz na base do polegar da mão esquerda]. São 16 pontos. Chama-se Tenossinovite, problema de tendão, por causa do piano e do violão. O meu violão tem aquele braço largo, forçou demais e me deu isso. Às vezes, a armadilha é tão grande que eu caio do cavalo e machuco a mão, quebro não sei o que... Acontece de tudo comigo, mas eu opero e ninguém sabe. Se eu começar a falar disso aqui, começa a ficar claro que é uma armadilha, e eu não estou a fim. Estou falando isso para você entender que eu não aceito que seja armadilha. Mesmo assim, caindo do cavalo, eu prefiro achar que tinha um buraco que atrapalhou meu cavalo. Fico na minha.

Que prática lhe renderam todas essas experiências?
Se eu subir naquele palco e caírem oito spots em volta, eu não paro de tocar. Só vou parar se algum cair em cima de mim. Adquiri a prática de tocar em qualquer lugar. Quando chegamos de tarde lá no palco pra fazer o som referindo-se ao Festival de Rio das Ostras, eu disse assim: “Vocês já amplificaram o piano para outra pessoa?”. Eles responderam que sim, e eu concluí que então estava pronto. Eles até acharam isso engraçado. Outra coisa: não uso monitor nunca, em hipótese alguma. Eu ouço o som que todo mundo está ouvindo.

E o som não vem com eco?
Eu me acostumei com esse eco. Gosto de tocar e ouvir o que o público está ouvindo. Nem para o violão eu uso monitor. O pessoal comenta: “Faltou o monitor!” Não faltou nada, cara, não tem monitor! Experimenta sentar, tocar e ouvir o som que está indo para o público.

O que você acha da música brasileira atual?
Gosto da Kátia B. A Kátia é uma cantora pop dessas novas. Gosto muito. “Choveu Severino” nos jovens músicos brasileiros. Sabe do que eu estou falando?

“Choveu Severino” significa que choveu alguma coisa de nordeste. E quem provocou isso pela primeira vez foi a Elba Ramalho. Esses meninos e meninas de 18 anos que estão começando a fazer o pop atual estão sofrendo muita influência da música nordestina. Experimente ouvir a Kátia que você vai entender o que estou falando. Por outro lado, gosto muito do bandolinista Hamilton de Holanda. Gosto de gente assim, que acha que é o bom, mas só enquanto estiver tocando. Porque, depois do show, quem ouviu pode dizer se o cara é bom ou não. Quando acaba de tocar, quem acha se tocou bem ou não é quem ouviu. Também admiro o Yamandú Costa. Ele é teimoso feito uma mula! O negócio dele é a música do Rio Grande do Sul. Ele é uma das poucas pessoas que conheço que fala em Radamés Gnatalli. É lindo você ver um cara com 25 anos de idade falando da cultura do próprio estado. Com esse lixo da uniformização de texto, de vestimenta e de comidas é preciso que exista gente teimosa como o Yamandú. Isso é genial!

E quanto à música dele?
Eu gosto. Acho que o Yamandú está com o fogo na cadeira. Quando ele faz um show parece que está, na verdade, fazendo quatro espetáculos ao mesmo tempo.

Quando grava um disco, é a mesma coisa. Ele é abundante em idéias o tempo inteiro. Mas vai chegar o momento que ele vai dizer assim: “Essa idéia aqui não é apenas uma só, ela vale por duas”. Porque quando ele pega o violão e começa a tocar, ele faz quatro arranjos de uma só vez! Isso é música criativa! Ele descobre coisas novas o tempo inteiro. O Yamundú só precisa descobrir que o que realmente marca um músico é a sua linguagem. Por exemplo, vamos pegar o pai de todos, o Baden Powell, que tem uma marca registrada na maneira de tocar violão que é só dele. As idéias para composição podiam se repetir, mas a expressão era única. O Yamandú é um violonista teimoso e descobrirá um caminho só dele. Tirou isso daí, o resto todo mundo pode fazer igual, mas isso, ele foi o único que fez. Se você pegar os primeiros discos do Baden, isso aparecia misturado com 300 outras idéias. Um dia ele percebeu que a chave dele estava ali. Falo isso do Yamandú de modo qualitativo, como um violonista que gosta de um violonista de 25 anos, que é tinhoso, teimoso. Difícil seria eu falar de alguém que eu não gosto. Isso não tem. Para mim, existem dois tipos de música: uma que eu preciso ouvir e outra que eu não preciso ouvir, mas não que eu não goste.

Cite três compositores dos quais você precisa da música deles.
Vou falar três brasileiros: Nelson Cavaquinho, Hermeto Pascoal e o Tom Jobim. Não tem melhor nem pior. Eles mexem com música de uma maneira em que a fé está presente o tempo inteiro.

Mario Mele - extraído do site da revistaJazz+

************************

Egberto GismontiThis reissue of the album recorded in 1976 is a landmark of the careers of Gismonti and percussionist Naná Vasconcelos, his only accompanist here. Recorded in only three days, the album's concept is based on the history shared by both musicians, according to ismonti: two boys wandering through a dense, humid forest, full of insects and animals, keeping a 180-feet distance from each other. The album received several international awards, in England, U.S., Germany, and Brazil. It also, changed both artist's lives: Naná immediately became a disputed international artist, touring worldwide; Egberto returned to Brazil, decided to research Amazon folklore, which would be reflected in his later work. The music is pure and sensitive, challenging and sophisticated, with a broad dynamic range going from haunting, mysterious melodies to full-impact, energetic percussive sounds reminiscent of Brazilian Indians' batuque. Attention for the re-creation of "Fé Cega, Faca Amolada" (Milton Nascimento/Ronaldo Bastos), foretold with a motif several minutes before the presentation of the integral piece.

Alvaro Neder - extracted from All Music Guide

18 setembro 2006

Marcos Suzano - Sambatown (1996)

Capa do disco
Clique aqui para baixar o disco/Download the album - RapidShare

........................................................

Marcos SuzanoPercussionista carioca, escutava rock na adolescência até ouvir o naipe de percussão de um bloco carnavalesco e ficar fascinado. Comprou diversos instrumentos, tocou surdo, cuíca, e fixou-se no pandeiro depois de assistir a um programa com Jorginho do Pandeiro, do conjunto Época de Ouro. Fez faculdade de economia ao mesmo tempo em que freqüentava a casa de Hermeto Pascoal e Radamés Gnattali. Depois de formado, estudou ritmos africanos ao lado de um grupo com Paulo Moura, tocou com Zizi Possi, Água de Moringa, Marisa Monte, Zé Kéti, Gilberto Gil, Lenine e outros. Mais tarde desenvolveu técnicas para o instrumento, difundidas em cursos e workshops. Em 1993 sua parceria com o músico pernambucano Lenine se transformou no elogiado disco "Olho de Peixe", lançado pela gravadora Velas. Seu primeiro disco solo, "Sambatown", é de 1996, e traz concepções inovadoras para o uso do pandeiro, intensificando a batida samba-funk e a utilização de sons mais graves. Em 2000 saiu pela Trama o CD "Flash", em que o músico envereda ainda mais pelos caminhos da eletrônica.

Extraído do site CliqueMusic

************************

Marcos SuzanoMarcos Suzano was born in Rio de Janeiro, Brazil. Originally a rock fan, he experienced a carnaval bloco and became passionate about percussion thereafter. He quickly settled on the pandeiro as his primary instrument after witnessing the artistry of Jorginho do Pandeiro of the choro group Época de Ouro.

By the 1990s, Marcos Suzano had become perhaps the most recorded and widely hailed percussionist in Brazil. His technical innovations on pandeiro include an active left hand, which simultaneosly holds and flips the instrument, with a very rapid right-hand technique that emphasizes bass strokes from the fingertips as well as the thumb. He has researched African rhythms and freely mixes modern funk riffs with traditional Brazilian folk patterns.

Marcos Suzano records and performs internationally as a solo artist and with many leading Brazilian and international musicians.

Extracted from Wikipedia

15 setembro 2006

The Pop's - The Pop's (1968)

Capa do disco
Clique aqui para baixar o disco/Download the album - RapidShare
........................................................

The Pop'sNo último dia 26 de agosto, Marcelo Fróes e Elias Nogueira entrevistaram os principais músicos da lendária banda The Pop's - o guitarrista J. César e o baterista José Henrique Parada, que estão planejando a volta da banda em sua formação original. A entrevista foi realizada no restaurante Entre Amigos, localizado no Méier, zona norte do Rio, onde os dois vêm tocando com outros músicos e resgatando a sonoridade que voltará aos palcos para matar a saudade de The Pop's e também de Os Populares e Parada 5, bandas que Cesar e Parada lideraram depois, respectivamente.

Conte-nos o que vocês estão planejando, tocando juntos após tantos anos.
P - A nossa idéia é realmente voltar com The Pop's. Isso aqui é uma brincadeira nossa com outros músicos, que a gente vem fazendo todo final de semana. Eu já tinha pendurado as chuteiras, mas aí o César passou aqui e eu o chamei pra dar uma canja. Já estamos nessa brincadeira há uns dois meses, então eu já entrei em contato com o Sílvio - que é quem tem o nome The Pop's. Ele achou viável, se nós tivermos alguma programação que possa surtir algum efeito. Ele concordou de vir tocar, afinal seu filho é um dos músicos que está tocando com a gente. O Manoel Jorge está temporariamente conosco, porque ele é quem tem o grupo Hit Parade - que nós estamos integrando. Mas o objetivo é voltar com The Pop's, só fazendo shows... pois a gente faz praticamente 4 horas direto, tocando de tudo - MPB, samba, bolero, bossa nova, rock, The Pop's e até Beatles. Mas estamos naquela de fazer baile, com The Pop's originais tocando por 90 minutos ou 2 horas só na parte solada, como a gente fazia na década de 60.

Isso está perto de acontecer?
P - Já está rolando, inclusive está prevista uma apresentação nossa em Niterói em outubro - com The Fevers e Lafayette. Será uma noitada no Caneco 90, que é uma das melhores casas de lá. Já está firmado e está tudo certo, será no dia 11 de outubro.
Mas ainda falta um mês e meio, e a gente precisa se juntar pra ver quem é que a gente vai levar - porque o Pipo, que era o nosso ritmista, eu não sei se ainda está tocando. Ele entrou para uma igreja e eu não sei se, com esse negócio de religião, ele vai poder tocar profissionalmente. Se for o caso, a gente vai arranjar outro ou mesmo aproveitar o Manoel. A gente tem que estudar. De repente, o Silvio toca com a gente... mas não sei se vai poder tocar sempre com a gente, se bem que a gente já tem o filho dele - que é a mesma cara! (rindo)

J - Se vamos voltar com The Pop's ou com Os Populares, o que importa é que vamos fazer um trabalho instrumental.

P - Embora a gente tenha que fazer um pouco de vocal em show hoje em dia, há uma norma de apresentação...

J - É que o Manoel gosta mais de vocal e, pra seguir a nossa linha, o lance é instrumental mesmo.

P - Teríamos que fazer uma apresentação dupla, com um conjuntinho fazendo uma abertura vocalizada. O nosso objetivo é fazer o que The Pop's fazia na época e que ninguém mais fez. Pra gente voltar cantando igual a todo mundo, não vai fazer diferença nenhuma...

Quando foi que The Pop's parou?
J - Eu saí no final de 1967 e o Parada saiu em meados de 1968, quando então fundou o Parada 5. Mas The Pop's continuou com Euclides, Pipo, Zezinho etc.

P - Silvio saiu comigo e nós fizemos o Parada 5 com Valdir.

The Pop'sComo é que o nome The Pop's voltou pro Silvio depois?
P - A banda continuou até os anos 70, quando o Pipo mandava apagar as luzes do palco e anunciava a banda. Mas eram os Deltas que tocavam. Quando terminava o show e acendia a luz, "todo mundo perguntava: "Cadê The Pop's? Cadê o Parada?" (rindo) Ele ainda trabalhou com The Pop's por alguns anos, fez aqueles discos de "aniversário" etc, mas somente ele era um componente original da banda. Até que ele desistiu, parou e o nome The Pop's, como ninguém pagava a renovação do registro do nome, acabou ficando abandonado. O Silvio fez uma busca, viu que estava parado e registrou. Nós chegamos a tocar novamente com Euclides nos anos 90, só pra manter o nome. Todo ano ele paga, renovando o registro etc.

Como é que surgiu o grupo e o nome The Pop's?
P - A gente começou no Jacaré, quando nós estudávamos na Escola Técnica Nacional. Eu fazia eletrotécnica, o Pipo fazia mecânica e o Silvio fazia edificações. Na época, o irmão do Pipo era da Marinha e viajava muito. Em função disso, ele tinha muito equipamento - guitarras, amplificadores etc. E eu tinha uma bateria, então a gente começou a conversar e resolveu fazer uma brincadeira. A gente começou a ensaiar lá em casa, um vizinho veio ser o solista e a gente resolveu montar um conjunto. Na época, um professor da Escola Técnica chamado Duclair nos sugeriu o nome The Pop's - mas mais no sentido de pipoca, porque a gente era muito elétrico e ficava pulando. Mas aí ficou mais parecendo que era mais pro lado "populares", tanto que depois o Cesar aproveitou esse lado quando formou Os Populares. Nós começamos a ensaiar e fomos tocar na Rádio Mauá, numa época em que nos apresentávamos muito em circos. A mãe dele o mimava muito e não gostava que ele se tocasse em circo, pois naquela época nós tocávamos muito em São João de Meriti, Caxias e Nova Iguaçu. Não era tão perigoso, mas ela não queria. Nós conhecemos o César na Rádio Mauá, pois naquela época ele tocava na banda do show de calouros. Ele era o homem dos sete instrumentos, pois tocava cavaquinho, violão, contrabaixo etc.

J - Eu trabalhava desde 1957, fazendo contrabaixo para Cauby Peixoto e tocando nas rádios. Em 1965 eu tocava no programa da Rogéria Guimarães, esposa do patrocinador, de Segunda a Sexta; e aos sábados eu tocava no programa da Célia Mara. Esse programa era de dez ao meio-dia, depois entravam The Pop's de meio dia às duas - com Hélio Ricardi. Num sábado lá, como o solista deles não apareceu, o Silvio pediu pra eu ficar. Eu fiz um programa com eles e depois veio um convite pra eu ficar na banda.

P - Teve um dia em que o cara não quis fazer o circo, porque a mãe dele não quis deixar. Nós conversamos com o César e ele cancelou seus compromissos pra ficar com a gente, e a partir daí nós começamos a tocar juntos.

J - Quando terminou aquele programa, nós saímos dali direto para o Irajá - pra casa de uma colega deles, a cantora Adriana. Fomos ensaiar lá e depois nós a levamos pra cantar na rádio. Nesse meio, preparamos "As Sete Maravilhas" e fomos no Flávio Cavalcanti. Ele havia falado que os conjuntos de juventude nem sabiam afinar instrumentos, quebrando discos etc, então a gente correu lá e falou que a gente sabia sim e que ele nos desse uma oportunidade. Foi nessa apresentação que apareceram nove gravadoras querendo contratar-nos. Eu perguntei: "Qual a primeira que ligou?" Como tinha sido a etiqueta Equipe, apesar de outras como Mocambo, RCA, CBS e Caravelle terem ligado, a gente fechou com a primeira. Oswaldo Cardaxo marcou um almoço na Segunda e já chegou com um contrato pra gente assinar, marcando estúdio pra gente gravar já na terça-feira. Quando nós chegamos na porta do estúdio da CBS às 8 e meia da manhã, parecia carnaval... porque já tinha sido anunciado que o conjunto que abafara no Flavio Cavalcanti ia gravar. Gravamos, eles pegaram uma fita-cartucho e mandaram pro rádio... e fomos logo pro terceiro lugar, chegando ao primeiro lugar no dia seguinte. Oswaldo era muito inteligente, lançou logo um compacto... e ainda naquele ano nós fizemos um compacto de Natal.

P - Aí vendia muito, era fila pra comprar. Show pra todo lado, a gente tinha programação de Segunda a Segunda. Ao ponto de, aos domingos, a gente ter que fazer dois bailes - de 16 às 19hs pras crianças e de 20hs à 0h, um ano e meio direto.

Por que você saiu do The Pop's naquele auge, J. Cesar?
J - Olha, acho que foi falta de cabeça da garotada... Não é verdade, Parada?

P - É... eu acho que sim... até hoje ninguém entendeu por que, mas...

J - Nessa época eu já trabalhava como profissional há muito tempo, e de repente eu já cobrava deles uma coisa que ainda não estava ao alcance. Além disso, o irmão do Pipo registrou o nome do conjunto - mesmo não tendo nada a ver com isso, pois não era músico. Não bateu certo, entende? Além disso, houve um outro lance também. Eu soube por um amigo que o Euclides já estava ensaiando na casa do Pipo. Nós tínhamos uma nova apresentação no Flávio Cavalcanti e aí, quando o Pipo chegou atrasado, alguém perguntou: "Atrasou por que? O Euclides demorou pra tirar Trovoada?" Eu nem fiz o programa, fui embora... Aquele terno azul de gola amarela, que todos aparecem vestindo no disco seguinte, era pra eu ter usado também... Foi feito sob medida e por sorte serviu no Euclides! (rindo)

The Pop'sMas você diz que saiu no final de 1967, mas o primeiro LP dos Populares foi gravado na primavera de 1967 - ou seja, pode Ter sido já a partir de 21 de setembro... (risos)
J - Olha, eu vou contar uma coisa. Não há necessidade de mentir, primeiramente porque sou evangélico e não posso. Eu saí da Excelsior e fui esperá-los em casa, para pegar meu amplificador e minha guitarra. Quando saí dali, Márcio Antônio - que viria a tornar-se empresário dos Populares - levou-me pra sua casa. Eu falei que eu ia montar um grupo chamado Os Populares, então liguei pro Paulo (dos Aranhas) e ele me chamou pra casa dele na rua Pereira Nunes. Quando cheguei lá, por volta das 23hs, o João Carlos (dos Bárbaros e do Luizinho e seus Dinamites), que era noivo da irmã dele, também estava lá e falou: "Arranja uma vaga pra eu tocar contrabaixo!" Ele entrou e só faltava achar um baterista, mas aí o João Carlos ligou pro Canecão e o Pedrinho estava ensaiando com The Youngsters. "Vocês estão onde? Posso pegar um táxi e ir praí?" Largou a banda lá, pegou um táxi com bateria e tudo e nós fomos ensaiar na casa de um outro amigo, em Engenho de Dentro. Começamos a ensaiar às duas horas da manhã e fomos até 8 horas da manhã. No repórter da Rádio Globo do meio dia deu que eu havia saído, e ficou todo mundo chorando... Bateu aquela vontade de voltar, mas já estava todo mundo ensaiando... Eu liguei pra rádio, falei pro Luiz de Carvalho que estávamos ensaiando Os Populares e ele falou com Getúlio Côrtes, que também estava lá na rádio também. Dois dias depois o Getúlio foi lá no ensaio e disse pra gente ir tocar no Rio Hit Parade da TV Rio no dia seguinte. O presidente do Clube Praça Seca e nos contratou para fazer nossa estréia lá no clube, então nós começamos a engrenar.

E os Pop's continuaram?
P - Sim, a gente continuou... e também tocava no Rio Hit Parade, que era o Jovem Guarda carioca. A gente tocava no programa do Ronnie Von na TV Bandeirantes, no Haroldo de Andrade da TV Excelsior, no Maurício Rabello da TV Continental, no programa do José Soares. O próprio Euclides, que vinha dos Santos, também tocara lá.

Foi assim que vocês conheceram o Euclides?
J - Os Santos já acompanhavam o Brotos no 13, época em que eu trabalhava com Robert Livi, o rei do twist argentino, entre 1962 e 1963. Os Santos já acompanhavam os artistas lá no programa do Carlos Imperial, muito antes pra eu mesmo entrar pro The Pop's.

Parada, por que você saiu do The Pop's?
P - Eu não saí, eu fui convidado a me retirar. Problemas de dinheiro com Pipo e seus irmãos. Eu até poderia ter continuado, mas depois de um baile o Pipo me disse reservadamente: "Você pode até continuar, mas o Silvio e o Valdir estão fora!" Se era pro meu irmão sair, então eu saía também. E aí saí, montando o Parada 5 com Valdir, Silvio e aquele primeiro solista do The Pop's. O Parada 5 ficou com mais membros dos Pop's que os próprios The Pop's!

O Parada 5 chegou a ter disco lançado na Argentina, ao contrário do The Pop's.
P - Sim, mas isso por causa da Caravelle, nossa gravadora, que já lançava lá discos em espanhol de Paulo Sérgio e Elizabeth e aproveitou a brecha. Mas não deu em nada, a gente nem foi lá. Depois o Paulo Sérgio, que era padrinho do conjunto na Caravelle, acabou morrendo e a própria Elizabeth brigou e saiu, então a gravadora fechou as portas. Nossos discos nem foram divulgados direito, então a gente só ficou fazendo show - sem divulgação em rádio ou em televisão. O Parada 5 fez dois LPs, um solado e outro cantado. Depois dissoa, como a onda era o chorinho, eu fiz o Grupo Chapéu de Palha com o Valdir e com Zé da Velha. Gravamos dois LPs pela Copacabana, um solado e outro cantado. Fizemos o projeto Seis e Meia, viajamos o país inteiro etc. Depois disso eu ainda toquei com Luiz Vieira, com Roberto Ribeiro etc. Eu me aposentei em 1996, mas voltei porque meu sobrinho cismou de tocar com Manoel Jorge.

J - A verdade é a seguinte. Se na época do The Pop's a gente tivesse um bom empresário e um executivo de gravadora mais esperto, a gente estava junto até hoje - como os Fevers, por exemplo, que também eram instrumentais no começo, como nós.

P - Todo mundo garotão novo, sem experiência e sem assessoria... Nós continuamos com o Parada 5 só pra não parar totalmente, mas não aconteceu nada. Fazíamos shows em bailes, porque nosso empresário conhecia as praças de Petrópolis, Campo Grande etc - mas não era a mesma coisa, pois não tínhamos o César e nem o nome The Pop's. Veio então a época da discoteca, com aquela coisa mecânica etc. Pipo ainda levou o Pop's até meados dos anos 70, quando não tinha mais nem quem solasse. Ficou sem característica, pois César, Valdir e Euclides são os únicos capazes de fazer o nosso som.

Os Populares ficaram juntos até 1978.
J - Sim, e na época da RCA Victor eu cheguei a gravar três LPs por ano. Na verdade, Os Populares fizeram 4 LPs e alguns compactos - mas eu gravei um total de 26 LPs com Os Populares lá, vários lançados sob pseudônimos que eu nem lembro (Espósito etc). Nós próprios discos dos Populares eu não podia aparecer na capa, porque ainda tinha um contrato com a Equipe. Entre 1967 e 1970, quando saí da RCA, eu gravei um total de 26 LPs lá - fosse como Os Populares, fosse sob pseudônimo. Teve um disco só com músicos de sopro etc.

Por que, se vocês fizeram disco em 1970, já em 1971 o disco de estréia na Polydor foi intitulado "A Volta dos Populares"?
J - Quem arranjou esse título foi o Mazola, porque já tem vocal... É o disco que tem "Capim Gordura", um de nossos maiores sucessos. Sou eu canto a porcaria dessa música. Foi um arranjo de Mazola e de Jairo Pires. Na verdade, a formação mudou toda... e só fiquei eu. Depois fiz mais um e o último acabei fazendo pela Top Tape em 1976, quando o Gomes me chamou pra fazer um último disco - numa época em que eu já estava querendo parar com o grupo, pra trabalhar sozinho. O nosso trabalho é instrumental, se colocar vocal não vende.

O que você fez de 1978 pra cá?
J - Passei a trabalhar sozinho, com playbacks. Toco cavaquinho, violão, faço muita bossa nova. Faço muito show, também. Inclusive no dia 20 de setembro vou fazer o casamento de uma juíza.

Você produziu o disco solo do Carlinhos, ex-Blue Caps.
J - É, eu dei uma colher de chá pra ele... Como é que você sabe disso? Putz... (...) Eu tinha um estúdio lá na Álvaro Alvim, agora estou montando outro aqui no Méier. Vou abrir uma gravadora também.

Vocês dois só estão voltando a tocar juntos agora, desde 1967?
J - Não, na verdade em 1988 nós voltamos o The Pop's - pois um amigo meu da Ilha reuniu todo mundo e nós ficamos três meses juntos, mas separou de novo.

Mas e quanto aos anos 90, quando vocês chegaram a fazer shows e até um CD com uma versão de "Free as a Bird", dos Beatles?
P - Aí já foi com o Euclides, entre 1994 e 1996... Mas também não deu certo. Chegamos a fazer aquele CD "Novamente", gravando sucessos dos Pop's e também "Índia" e "O Milionário", sucessos dos Populares e dos Incríveis, que muita gente pensa que é sucesso do The Pop's mas que a gente nunca gravara na verdade. Nesse disco estamos Silvio, Beto, Manoel Jorge, Max, eu e um tecladista. Fizemos em 1995 ou 1996 e só saiu em CD. (...) Agora vamos ver, temos que conversar com o Pipo e com o Silvio, pra voltar com The Pop's... com uma estrutura legal. Seria legal ter uma gravadora, não adianta fazer independente. Mesmo que não seja uma das graúdas, basta ter um mínimo de penetração. Não basta gravar num bom estúdio, se não houver estrutura comercial para divulgar e vender. Mesmo que a gente grave de graça no estúdio do César, de que vai adiantar? Precisamos de um empresário que se interesse pelo conjunto, assumindo o pacote dos shows e dos discos. Não podemos sair de porta em porta. The Pop's toca muito no nordeste... até hoje!

Como você vê a música instrumental?
P - Eu acho que ainda tem espaço, porque é um campo que não foi explorado desde que paramos - pelo menos quanto a grupos de guitarra fazendo instrumental popular. Na época nós transportávamos para a guitarra os sucessos populares, da mesma forma que o Lafayette fazia no órgão, né? Eu acredito que hoje, se nós fizéssemos uma boa seleção das melhores músicas das paradas, seria uma opção que eu acredito que daria certo de novo. A música instrumental permanece mais que a cantada, porque a cantada satura e logo sai da parada. A instrumental raramente vai pra parada, mas permanece. Ela trafega longe da parada e não é tão cansativa.

Você foram imitados?
J - Tentaram, uns três ou quatro... The Jones, The Five Lovers, Os Carbonos... e outros que nem gravaram disco.

P - No nosso estilo, somente nós: The Pop's e Os Populares.

Quais foram as influências?
J - Engraçado, nesse lance de instrumental.... eu já era um solista, e The Pop's era um grupo vocal. Eles não eram instrumentistas, fui eu quem os levou pro instrumental. Quando fomos estrear, seria aniversário de alguém e aí todo mundo começou a elogiar as versões que fazíamos de sucessos da época. Acompanhamos muita gente em show também, mas nunca em gravações - pois os artistas da CBS, da Odeon, da RCA, da Continental e da Copacabana já tinham os músicos dos estúdios.

P - Não tivemos influência porque ninguém fazia isso aqui, mas naturalmente a nível internacional foram The Ventures e The Shadows. O irmão do Pipo viajava muito e trazia muitos discos, então de alguma forma copiamos The Shadows sim. Acompanhamos muita gente em show e na TV: Erasmo, Roberto, Wanderléa, Golden Boys, Nelson Gonçalves, Altemar Dutra, Osvaldo Nunes, Trio Esperança, Trio Ternura, Toni Tornado, Maritza Fabiane, Martinha, Elizabeth, Eduardo Araújo, Noriel Vilela etc. Ronnie Von começou cantando com a gente, né? Mas em gravação, não. Em disco, só acompanhamos Osvaldo Nunes... na própria Equipe. Gracindo Júnior tem um compacto conosco, para a trilha de uma peça de teatro, mas na verdade foi efeito de estúdio: pegaram nossa gravação e adicionaram a voz dele.

Pelo fato do nome The Pop's pertencer ao Silvio, a volta da banda depende dele topar. Do contrário, o nome Os Populares é do J. Cesar e pode ser usado, certo?
J - Sim, inclusive a princípio a idéia era voltar com Os Populares. Manoel chegou a
anunciar Os Populares, mas pra mim é a mesma coisa.

Você comentou sobre o Mazola. Ele foi produtor daqueles discos na Polydor em 71 e 72, mas está lançando um CD duplo comemorativo dos 30 anos de carreira... quando, na verdade, ele já tem 35 anos pelo menos. Ele deletou esses trabalhos com vocês do curriculum.
J - Ele e seu irmão trabalhavam numa fábrica de guitarras e eu sempre ia lá para fazer testá-las, e foi quando conheci o Mazola e levei para ajudar com as aparelhagens do The Pop's. Quando quebrava um reverb, por exemplo, ele soldava. Era nosso eletricista. Consertava tomadas etc.

P - Ele não era nem técnico de som, era técnico de chão! (risos) Ficava consertando as tomadas, os cabos... Quando os Pop's gravavam, ele ficava mexendo na mesa de som como curioso.. Cansou de almoçar lá em casa... e também dormiu muito lá também.

J - Ele era realmente nosso técnico e depois arrumou pra trabalhar de assistente de estúdio lá no Haway. Sem querer, de tanto mexer, ele colou um eco na música "Estela" do Fábio. Deu sorte, ainda não entendia nada. Outro dia peguei uma revista que está nas bancas e ele não fala nada disso, só fala do que fez depois. Igual ao Elymar Santos, que trabalhava comigo num restaurante na Ilha do Governador. Eu conhecia o Bira que, junto comigo, inaugurou o selo Golden. Fizemos o compacto "Cachaça" pro Elymar Santos, a pedido do Dr. Paulo - um amigo dele que era da Aeronáutica. Quando ele arrumou o show do Canecão, distribuiu mais de dois mil convites e encheu a casa. E aí, quando deu entrevista pra Marilia Gabriela, falou que o primeiro compacto que fez vendeu mais de duas mil cópias num só mês. Na verdade nós mandamos prensar 500 compactos na fábrica da Tapecar em Bonsucesso, e não tivemos dinheiro nem pra pagar todos os compactos. Acabou ficando um monte lá, que acabamos não apanhando. Quem fez os arranjos e a produção fui eu, junto com o Bira, mas ele pula tudo isso...

Marcelo Fróes e Elias Nogueira - extraído do site Jovem Guarda

************************

The Pop'sThe Pop's, a group from Rio de Janeiro (Brazil), was one of the most important groups of instrumental rock in the 60's, alongside The Jordans, Os Carbonos, The Clevers, and The Rebels, among others. The group was formed by the former-Luizinho e Seus Dinamites's, Euclides (solo guitar), Pipo (rhythm guitar), Silvio (bass) and Parada (drums). They released two records of great success, especially The Pop's (known as "the blue cover one" - the one presented here), that brings, besides "Caravan", an excellent cover for the classic "Mr. Motto", versions for classical and popular tunes and interpretations of some hits by The Ventures.

Extracted from Jovem-Guarda

12 setembro 2006

Marco Antônio Araújo - Lucas (1984)

Capa do disco
Clique aqui para baixar o disco/Download the album - Badongo
ou / or
Clique aqui para baixar o disco/Download the album - RapidShare

........................................................

Marco Antônio AraújoMarco Antônio Araújo nasceu no dia 28 de agosto de 1949 em Belo Horizonte, Minas Gerais. Mesmo não tendo nenhuma influência musical em sua família, o seu destino já estava traçado para a arte. Em 1968, Marco Antônio entrou para uma banda chamada Vox Populi, que ainda chegou a gravar um compacto através de um pequeno selo chamdo Bemol.

Sua primeira influência direta foram os Beatles. Porém, em 1970, quando já estava morando na Inglaterra, logo se tornou fã de bandas como Pink Floyd, Led Zeppelin, Deep Purple e Genesis. Aquele movimento todo causou fascínio em Marco Antônio, que resolveu voltar para o Brasil, com o intuito de tocar. Chegando ao Rio de Janeiro, iniciou os estudos em Composição Musical, violão clássico e violoncelo, tudo na universidade federal do estado. Nesta época compôs a trilha sonora para a peça Rudá dirigida pelo ator/diretor José Wilker e o balé Cantares para o grupo Corpo de Belo Horizonte.

Em 1977, regressando à sua terra natal, depois de prestar concurso, ele entra para a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, onde ficou até o fim de sua vida. Conciliando o trabalho de músico de orquestra com sua produção independente, começou a fazer shows com produção independente que começaram a atrair um público cada vez maior.

Entre 1978 e 1979, com um grupo de músicos formado por Carlos Bosticco (flauta), Hannah Goodwin (violoncelo), seu irmão Alexandre Araújo (guitarra), Gregory Olson (contrabaixo), Benoir Clerk (trompa) e Sergio Matos (percussão), apresentou os shows Fantasia e Devaneios. Nesta época homenageou John Lennon num show batizado de John Lennon Remember que contou com a participação da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais e do Corpo de Baile da Fundação Clóvis Salgado, além de um grande coral.

Com o passar do tempo, várias mudanças ocorreram na formação e o som do grupo possou adotar uma linguagem mais ampla ao mesclar novos estilos musicais, seguindo uma linha mais progressiva. Com a banda agora formada por Alexandre Araújo (guitarra), Ivan Correia (baixo), Mário Castelo (bateria), Eduardo Delgado (flauta), Antônio Viola (violoncelo), Max Magalhães (piano) e Lincoln Cheib (bateria), Marco Antônio Araújo começou a realizar shows e, finalmente, gravar álbuns.

Seu primeiro trabalho foi o disco "Influências", lançado em 1980, que mesclava com muita excelência a música popular com a linguagem erudita. O LP foi um sucesso de crítica e público, tanto que, a partir daí, a banda realizou 74 shows, se apresentando até em refeitórios de fábricas na hora do almoço. Mas ainda era pouco para Marco Antônio.

Em novembro de 1982, lançou seu segundo disco independente "Quanda A Sorte Te Solta Um Cisne Na Noite" e seguiu divulgando seu novo trabalho em 40 cidades, através do projeto Acorde Minas. Mesmo com muitos shows agendados, o músico ainda achou tempo de produzir discos, como o do compositor Lobo de Mesquita.

Já em 1983, sem contar com os músicos que o acompanhava, Marco Antônio Araújo lança "Entre Um Silêncio e Outro", disco de produção requintada que contou com a participação do artista plástico Moacir Scliar que pintou a capa sob inspiração das músicas do álbum.

Ainda em 1983, sai uma coletâna chamada "Animal Racional", porém, em meados de 1984, lança seu quarto trabalho inédito, intitulado "Lucas", nome do seu segundo filho. Dessa vez, se integra ao grupo Mantra e faz vários shows pelo país e exterior, divulgando esse disco.

Mas nem tudo estava tão bem como parecia. No dia 6 de janeiro de 1986, devido à uma aneurisma cerebral, depois de ficar 5 dias em coma profundo na UTI do Prontocor de Belo Horizonte, Marco Antônio Araújo vem a falecer. Os médicos não sabiam qual havia sido as causas da hemorragia cerebral que ele havia sofrido. O músico que havia regressado sozinho para BH com o objetivo de receber o prêmio de melhor instrumentista do ano concedido pela revista Veja, mas infelizmente não chegou a receber. Uma enorme perda para a música brasileira.

Marcelo Feitosa - extraído do site House of Progressive

************************

Marco Antônio AraújoMarco Antônio Araújo was not from a musician's family and only started thinking of being a musician when he was 15, when the first Beatles LPs arrived in Brazil. In 1967, he fell in love with the Beatles and the Rolling Stones, becoming a brilliant interpreter of their songs.

His career started in 1968 as he played guitar with the band Vox Populi one lineup before it became Som Imaginário. He then recorded "Poi-Son," partning with Zé Rodrix, Tavito, and Fedrera, and also recorded a CD released by Bemol. In 1969, after "Strawberry Fields Forever," he abandoned his job (in a bank) and college and totally dedicated his life to music. He lives some months in Ouro Preto (MG) at Living Theatre, the theater community from New York directed by Julien Beck.

He moved to England and beyond other activities, he was a singer at Troubador (Earls Court). During this time, he met Gilberto Gil and Caetano Veloso and also was a fan of bands like Pink Floyd, Deep Purple, and Led Zeppelin and witnessed the arrivals of Supertramp and Genesis.

In 1973, he came back to Brazil and studied composition with Esther Scliar, classical guitar with Leo Soares, and cello with Eugen Ranewesky and Jacques Morelenbaum at Escola de Música of Universidade Federal do Rio de Janeiro. Working and living in Rio De Janeiro, he made soundtracks, including Rudá and Cantares, played by Grupo Corpo. In 1977, he entered the Symphony Orchestra of Minas Gerais (as first musician) and became a friend of Marcus Viana (violin) who also played on it. Because of this activity, he permanently moved to Belo Horizonte (MG).

With independent productions, his gigs became popular and gathered a huge audience, even making three productions per year. In 1976, his brother Alexandre Araújo started studying with him and they made some shows together, the first one was called Fantasia. From this point, progressive rock was his main activity and the band Mantra was formed and played his compositions. The lineup was Alexandre Araújo, Ivan Correa, and Sérgio Mattos. Later, Marco Antônio Araújo joined forces and the band was completed by Mário Castelo, Eduardo Delgado, Antônio Viola, and later with Max Magalhães and Lincoln Cheib.

In Araújo's opinion, the Beatles and Stones were "classical music" and several homages were made to this bands. In one of them, called John Lennon Remember, the symphony orchestra of Minas Gerais took part at the Palácio das Artes theater.

In August 1980, Influências was presented more than 70 times and also become an independent LP. In November 1982, he released Quando a Sorte te Solta um Cisne na Noite and played in several great cities of Brazil. In 1983, Entre um Silêncio e Outro was released and was his most classical work. This time without Mantra, he invited Jacques Morelenbaum, Paulo Guimarães, and Márcio Mallard and formed another band, but it was a new lineup, with Fernando Campos, Zé Luiz, Gauguin, Alexandre Araújo, and Eduardo Delgado, that presented this work. In homage to this son (he also had a daughter, Ana), Lucas started to work. With his work, he played for the first time in the U.S. (New York, NY). Mantra came back and they started to work together again. Instrumental 85 resulted and almost of the main cities of Brazil were covered and saw a pre-release of this LP.

After his premature death in 1986, a show called Lembranças was presented in homage to Marco Antônio Araújo. He was also known as "the Gismonti of the '80s," in reference to Egberto Gismonti, one of the greatest musicians of Brazil.

Cesar Lanzarini - extracted from All Music Guide

11 setembro 2006

Quinteto Tim Rescala - Desritimificações (2003)

Capa do disco
Clique aqui para baixar o disco/Download the album - RapidShare
Mais informações nos comentários / More info on comments

........................................................

Quinteto Tim RescalaNeste CD de estréia do Quinteto Tim Rescala, os ritmos populares brasileiros e internacionais, como a bossa-nova, o frevo, o choro, o baião, o tango e o jazz são abordados de uma maneira inteiramente nova.

Sob as influências da música de vanguarda e da tecnologia, eles sofrem uma profunda transformação estrutural, produzindo um novo discurso musical, situado entre a música erudita e a música popular.

Embora quase sempre atingindo uma grande complexidade sonora, esta nova abordagem não abandona as características originais de cada ritmo. No lugar de apenas se apropriar destes ritmos, que se tornaram arquétipos sonoros universais, esta nova forma de abordagem musical procura os rejuvenescer. É, na verdade, uma visão contemporânea e aberta da tradição musical contida em cada um deles, procurando dar sequência a sua linha evolutiva.

Ao contrário do movimento nacionalista, que se utilizou dos elementos superficiais da música folclórica e da música popular, este trabalho pretende ir mais longe. Com uma atitude mais antropofágica que propriamente de pesquisa, os elementos constitutivos de cada ritmo são trabalhados profundamente, revelando suas espinhas dorsais e amplificando suas singularidades.

A música do Quinteto Tim Rescala situa-se numa fronteira, onde popular e erudito se confundem, a procura de um novo estilo de música instrumental. É a tradição da música popular brasileira vista sob os olhos da música contemporânea.

Além de Tim Rescala no piano, sampler, composições e arranjos, o Quinteto conta com músicos de grande atividade e prestígio, tanto na música popular, quanto na música erudita : David Ganc nos saxes alto e tenor e na flauta, Oscar Bolão na bateria e na percussão, Ronaldo Diamante no contrabaixo acústico e Fábio Adour no violão.

O CD, lançado pelo selo Pianíssimo, contém as seguintes músicas:

1. Jogando um Bolão com Perrone na corte de Radamés
Dedicada a Oscar Bolão, que por sua vez tem dedicado o seu talento aos ritmos brasileiros, esta é uma dupla, ou melhor, tripla homenagem : a Radamés Gnatalli, que com seu quinteto ampliou as fronteiras da música instrumental brasileira, a Luciano Perrone, seu fiel escudeiro, que tanto ajudou Radamés no sentido de estabelecer uma rítmica para o arranjo na nossa música popular brasileira, e, finalmente, ao próprio Bolão, discípulo direto do mestre Perrone.

2. Bossa-nova
Embora seja música de concerto, esta peça procura desenvolver estruturalmente os elementos que mais caracterizam a bossa-nova enquanto estilo musical : a harmonia dissonante e o ritmo sincopado.
Transportados para um outro contexto, esses elementos são tratados como material composicional e não como mero adorno estilístico. No entanto, os estilos de interpretação de João Gilberto no violão e Tom Jobim no piano tornam-se presentes e indispensáveis à construção da peça com seu clima "cool" e dissonante.

3. Frevoada
Escrita originalmente para piano e orquestra e adaptada para o quinteto, esta peça mantém o caráter concertante da versão original, mas assumindo um perfil mais livre com o quinteto. O frevo e seu ritmo frenético levanta vôo através de uma forma rondó ampliada.

4. Jacksoniana
Também escrita especialmente para este disco, Jacksoniana homenageia e procura reelaborar a síncope contagiante de Jackson do Pandeiro. O sampler, que atua a partir de vários fragmentos de músicas do " rei do ritmo", é o instrumento solista. O conceito da síncope é desenvolvido em diversos níveis, com os outros quatro instrumentos em diálogo com o sampler, como se fossem dois planos de uma mesma imagem. A famosa ginga de Jackson e sua incrível capacidade de " quebrar" o ritmo, é levada às últimas consequências.

5. Quando Chiquinha Gonzaga tocou com John Coltrane
pensando que fosse com Pixinguinha
Neste duo telepático, o piano brejeiro e sincopado de Chiquinha Gonzaga trava um verdadeiro duelo sonoro com o sax jazzístico e experimental de John Coltrane.
O único elo possível é Pixinguinha, que possibilita a paz entre os estilos através de seu virtuosismo cromático. Neste encontro mediúnico-sonoro, o teatro musical se faz presente sem qualquer necessidade de texto ou movimentação cênica - apenas através do som.

6. Orangotango
Escrita para ser gravada neste CD, esta peça nasceu do confronto entre a poliritmia da música africana e a métrica poderosa e sensual do tango. As células rítmicas são ora superpostas, ora justapostas, produzindo uma alternância constante entre dois estados sonoros distintos, mas que têm muita coisa em comum, sobretudo a energia sempre pulsante de suas células rítmicas.

Concerto para Pandeiro e quatro instrumentos

7. Choro

8. Seresta

9. Frevo
Sua versão original foi escrita para dois pandeiros e orquestra, o que tornou a parte do solista da versão para quinteto ainda mais difícil que a original, aliás, duplamente difícil. Os três movimentos guardam as características estilísticas de cada ritmo, embora suas melodias não sejam tocadas pelo instrumento solista. Nesta inversão de papéis, onde os acompanhantes fazem a melodia e o solista o ritmo, o concerto torna-se um tanto " desconcertante".

Extraído do site do Tim Rescala

************************

Tim RescalaThe Quinteto Tim Rescala gathers innovative versions of Brazilian and international pop rhythms, like bossa nova, frevo, choro, baião, tango and jazz.

Their first CD shows a new approach of rhythms that does not abandon each one's original characteristics, but seeks to give continuity to its evolutional line, mixing popular and erudite, in an experimental view of musical tradition.

Besides Tim Rescala (piano, sampler, compositions and arrangements), Quinteto includes David Ganc (alto and tenor saxophones, flute and piccolo), Fábio Adour (guitar), Ronaldo Diamante (acoustic double brass) and Oscar Bolão (battery and percussion).

Extracted from BNDES

04 setembro 2006

Foco - Foco (2000)

Capa do disco
Clique aqui para baixar o disco/Download the album - RapidShare
Mais informações nos comentários / More info on comments

........................................................

FocoConhecidos pelas participações ao lado de nomes consagrados como Ed Motta, Djavan, Lulu Santos, Sandra de Sá, Gilberto Gil, Carlos Balla, Ricardo Silveira, Vittor Santos Orquestra, entre outros, quatros músicos deixaram de ser meros coadjvantes para assumirem o papel principal da obra. Estamos falando do recém-criado grupo Foco que promete ser a nova sensação da música instrumental. Formado por Marcelo Martins (saxofones e flautas), João Castilho (guitarra e violão), André Rodrigues (baixo elétrico e acústico) e Renato "Massa" Calmon (bateria), a banda tem tudo pra decolar na carreira.

Com uma sonoridade predominantemente acústica, as composições e arranjos estão direcionados à improvisação e interação entre os quatro instrumentos. Para marcar a estréia na música, o grupo está lançando o primeiro CD da carreira que apresentará muitas novidades principalmente para as pessoas que curtem o gênero instrumental. Com quase todas as músicas escritas pelos próprios integrantes da banda [exceto Prelúdio #5 de Jeff Gardner] o trabalho é coeso e muito bem amarrado. Outro destaque fica por conta do som do disco que surpreende pela atmosfera de bar pequeno onde o ouvinte parece estar na primeira fila com o sax e a guitarra "na cara", o baixo firme e a bateria ao fundo.

O trabalho do Foco é todo baseado numa mistura de sons oriundos dos trabalhos com os artistas que os integrantes tiveram a oportunidade de atuar e principalmente o Jazz que rende uma boa improvisação na música instrumental. O grupo nos concedeu uma entrevista para mostrar um pouco mais sobre o que vem por aí. Confira em detalhes!

Foco1)Quando vocês sentiram que realmente era o momento de criar um grupo?
No momento em que a gente sentiu a necessidade de executar os arranjos e composição que desenvolvíamos.

2) O trabalho de vocês é baseado todo em solo e instrumental?
É basicamente música instrumental. Os instrumentos fazem as melodias das músicas.

3) Vocês antes de formar o grupo Foco atuavam juntos com artistas consagrados. Agora vocês deixam de ser meros coadjuvantes para assumir o papel principal. Vocês estão sentindo muita diferença?
São coisas bastante diferentes, ter um trabalho que mostre a nossa maneira de ver a música é uma necessidade, e foi uma grande vitória tê-lo conseguido, mas acompanhar outros artistas também é um trabalho muito gratificante, que fazemos com a mesma dedicação e empenho.

4) Fale pra gente sobre esse novo CD que vocês estão lançando.
Ele é uma seleção de algumas composições de nossa autoria e uma do Jeff Gardner, um pianista norte-americano amigo nosso que nos presenteou com uma música inédita. O CD foi gravado sem "overdubs", quase nenhum, ou seja, a gente tocou ao vivo alguns takes de cada música e escolhemos os melhores, quem ouve o CD estará ouvindo como se fosse uma apresentação ao vivo do Foco.

5) Quais as influências musicais do grupo Foco?
Música brasileira primeiramente, vinda do que ouvimos e dos artistas que tivemos a oportunidade de trabalhar, e jazz, a música que possui o espaço para o improviso.

Foco6) Depois do lançamento do CD quais os próximos passos do grupo?
Incrementar a agenda de apresentações ao vivo e partir pra gravaçào do próximo CD.

7) Quais as principais características do Foco?
Música instrumental que prima pela melodia, com predominância de instrumentos acústicos e a presença da guitarra como único instrumento de harmonia.

8) Como vocês vão conciliar este novo trabalho simultaneamente com as participações ao lado dos artistas?
Esse é um dos nossos principais desafios, e até agora temos conseguido nos organizar nesse sentido, temos contado - nas emergências - com o super apoio de músicos como Alberto Continentino (baixo) e Bernardo Bosisio (guitarra).


9) Todos os cantores com quem vocês andaram acompanhando estão dando força pra este novo trabalho?
Sim. Todos nos têm amizade, reconhecem a qualidade do trabalho e nos dão grande incentivo para continuarmos.

10) Deixe uma mensagem final pros seus fãs e para o grande público.
A música instrumental brasileira já viveu épocas melhores, mas dentro do atual momento difícil que passamos, tem uma safra de bons trabalhos surgindo e que precisam e muito do apoio do público, vamos prestigiar!

Marcus Vinicius Jacobson - extraído do site Portal MVHP

************************

FocoFour friends who used to frequently meet to study and play MPB and Jazz standards in Rio de Janeiro's night clubs, and naturally felt the need to express not only their own vision of the songs they had been playing, but also their own compositions. This is the origin of Foco, composed of Marcelo Martins (saxophone and flute), João Castilho (guitar), André Rodrigues (acoustic and electric bass) and Renato "Massa" Calmon (drums).

Performing a predominant acoustic sonority, the compositions and arrangements focus on improvisation and interaction between the four instruments.

Known by their work with Ed Motta, Djavan, Lulu Santos, Sandra de Sá, Gilberto Gil, Carlos Balla, Ricardo Silveira, Vittor Santos Orquestra, among others, these four musicians will also be seen playing together on this new project. The CD also has the special participation of Jessé Sadoc (trumpet) and Dom Chacal (percussion).

Extracted from André Rodrigue's site

02 setembro 2006

The Jones - Music To Watch Girls Dance (1967)

Capa do disco
Clique aqui para baixar o disco/Download the album - RapidShare
Mais informações nos comentários / More info on comments

........................................................

The JonesGrupo carioca de rock instrumental, composto por Jorge Klein Romeiro da Silva (guitarra solo), Edson Klein Romeiro da Silva, irmão do primeiro (guitarra de ritmo), Newton dos Santos de Oliveira (contrabaixo) e Oswaldo Magalhães Areias (baterista). O conjunto gravou um compacto e quatro long-plays. Por ocasião do terceiro disco, foi incluído o organista Carlos Alberto Rinaldi da Silva e o baterista foi substituído por Lauro de Oliveira Silva Júnior. O grupo se apresentava em bailes, shows e programas de TV. Suas execuções eram de boa técnica e seu long-play "Apresentam 14 Sucessos" teve boa vendagem junto aos adeptos do gênero musical.


************************

Instrumental rock group with Jorge Klein Romeiro da Silva (solo guitar), Edson Klein Romeiro da Silva, Jorge's brother (rhythm guitar), Newton dos Santos de Oliveira (bass) and Oswaldo Magalhães Areias (drums). The group recorded one single and four long-plays. On the occasion of their third disc, the organist Carlos Alberto Rinaldi da Silva joined the band, and the original drummer was substituted by Lauro de Oliveira Silva Júnior. The group performed in balls, concerts and TV shows. They had a good technique and their first long-play "Apresentam 14 Sucessos" did well among the enthusiasts of the style.

Clicky Web Analytics