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Maurício Takara é o filho mais novo de uma família de notáveis. Seu irmão mais velho é Daniel Ganjaman, músico e produtor; Fernando, o do meio, trabalha como baixista do CPM 22, entre outras atividades. Takara, apesar de novo, já tocou com uma pá de almas, desde sua banda de adolescência Hurtmold até o projeto com Rob Mazurek, sp underground, passando pela entidade Otto e pelo espectro multi-espiritual coletivo Instituto.
Mas não é isso o que impressiona neste paulistano de Pinheiros: ele, apesar de novo, já tem uma história sólida com o seu projeto m.takara, uma linguagem musical reconhecível, um estilo definido.
E é aqui que começam os meus problemas: como definir o estilo de m.takara? Desafio qualquer leitor que o faça. Muitos já tentaram e não foram felizes. É, de fato, difícil que um punhado de palavras sintetize o seu trabalho musical. Takara aproxima-se dos gêneros - do rock, do jazz, do minimalismo eletrônico - sem, todavia, incorporá-los de todo ao seu som.
O seu estilo parece não sustentar estilo algum. Ou melhor, pela tangente destes estilos, parece aparecer outro, um novo. O autor de uma das resenhas sobre o disco bem que tenta defini-lo, provoca a "crítica especializada", cita referências (que vai da rua até o cinema), mas tampouco logra alguma pista. Procurando sem enxergar, diz-se que é escuro.
Talvez por estar cansado de ouvir sempre a mesma pergunta - "como você define o seu som?" - o artista nos dá uma chance ao dizer que faz "música de livre associação". E o que Takara nos conta, nas entrelinhas, ao afirmar isso? Que a livre associação refere-se mais à maneira de ouvir, do que propriamente ao seu modo de produzir. É o seu jeito elegante de dizer que o rótulo pouco importa, que não percamos tempo em tentar decodificar o que sai de sua experimentação. Que se escute sem se preocupar com as definições. Escutar sem ouvir, afinal, diz-se que é fraco!
"conta", se não é o mais radical de seus discos, é, sem dúvida alguma, o melhor produzido. Se alguém o interpretou como acessível, quis dar um boi ao pop. E não é o caso aqui ser pop ou não: a música é boa, bem produzida e isso transcende qualquer gênero. Há ao longo do disco, por certo, repetições rítmicas e melódicas, uma insinuação de padrões e de ordem. Mas está lá, intacto, o 'processo m.takara': a experimentação, a soma dos sons, as camadas de ruídos, a combinação caótica de timbres e de construções harmônicas (timbres e harmonias que, por vezes, lembram o projeto-primo Prefuse 73). Qualquer nuance de ordem é delicadamente esbarrada pelo caos, o senhor absoluto deste processo.
E, como sabemos, o caos só faz sentido enquanto não parece ordem. O apuro e o detalhamento com que o disco foi tratado só enriquecem a escuta. Ao largo de qualquer definição, m.takara nos apresenta uma música poderosa, caótica, livre, sem tentar encapsulá-la em algum gênero. Tateia os sons sem os tocar. Diz-se, de um sujeito assim, ser sutil.
Para mais informação, visite o site do M. Takara
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Um comentário:
M. Takara - "Conta" (2007 - Desmonta dsm001)
1. Umas
(M. Takara)
2. Espanhola Triste
(M. Takara)
3. Canta
(M. Takara)
4. Eu Não (para Carlos Dias)
(M. Takara)
5. Sua Sobra na Calçada
(M. Takara)
6. Tudo É Muito Bonito Mas Sei Lá
(M. Takara)
7. Interlúdio Azul
(M. Takara)
8. Rô e Ju
(M. Takara)
9. Meu Mundo Numa Quadra
(M. Takara)
Todas as músicas por Maurício Takara
Loop de guitarra em "Meu Mundo Numa Quadra" por Ricardo Pereira
Mixado por Bernardo Pacheco e Maurício no estúdio El Rocha em agosto de 2006
Masterizado por Fernando Sanches no mesmo lugar em janeiro de 2007
Desenho da capa por Mário Cappi
Montagem da arte por Luciano Valério
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