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Hermeto Pascoal é homem de muita fé em Deus. Mas se esse senhor de Lagoa da Canoa, Alagoas, tivesse uma religião, essa seria a Música. E na hierarquia burocrática da Igreja da Música Universal, Hermeto Pascoal seria seu pastor maior.
O nome mais respeitado e livre da música instrumental brasileira chega aos sessenta e nove anos bisavô e de namorada. A "patroa" gaúcha Aline Morena, 26 anos, dona de divina voz, é quem divide o novo culto musical com Hermeto: "Chimarrão com Rapadura" será lançado na semana que vem em CD e DVD. Tudo independente.
Mas essa história de músico independente não é novidade. Há tempos que esse pastor, ou mago, como prefere a imprensa, rompeu com as grandes gravadoras para fazer aquilo que queria. "Quem quiser piratear os meus discos, pode ficar à vontade. Pirateiem os meus discos... Sabe o que Deus falou? 'Crescei e multiplicai-vos'. Muita gente pensa que isso é só para transar. Devemos crescer na maneira de ser e multiplicar o que tem de bom. Sem barreiras". Tudo pela Música Universal.
Sobre essa nem tão nova (apenas no que tange ao tempo) Igreja, o início da carreira, o Ministério da Cultura e o trabalho independente, Hermeto Pascoal desfilou em entrevista exclusiva à Carta Maior, na sexta-feira (20), antes de uma apresentação com seu grupo no Sesc de Santos. Confira alguns trechos da aula.
O senhor já deve ter contado essa história centenas de vezes, mas como começou a sua história musical?
Um, dois, três, gravando. Eu saí de minha cidade, Lagoa da Canoa (Alagoas), para uma festa junina em Palmeira dos Índios. Fui eu meu irmão, José Neto, que já está em outro plano. De repente, me deu na cabeça de não voltar para casa e ir para Recife. Porque eu sabia que se eu falasse com meus pais, jamais eles deixariam eu ir. Eu tinha apenas 14 anos. Minha intuição estava muito forte, pedindo para eu começar a luta pela música. Aí eu falei com meu irmão, que era mais velho. Ele não concordou, disse que papai ia dar uma pisa nele. Pisa na minha terra é surra. Naquele tempo, os irmãos maiores tomavam conta dos outros. Então, eu disse: “Se você não quiser ir, será pior. Eu vou só”. Aí é claro que ele foi. Conseguimos pegar o ônibus. Tinha uns trocadinhos da festa que a gente tocou. Mas era muito pouco. Quando entramos no ônibus, eu comecei fingir que estava chorando: “Eu tenho que ir para Recife porque minha tia está morrendo, meu Deus”. O motorista deixou a gente ir. Mas ele disse que tínhamos de ficar escondidos lá no fundo. Se a polícia pegasse era problema. E nós éramos muito brancos. Não era difícil de nos achar. Chegamos em Recife. E lá começou tudo. Eu fui para a Rádio Tamandaré. O José Neto foi para a Rádio do Jornal do Commercio, que era muito grande. Só para não encompridar muito, foi daí que começou tudo.
O que é essa Música Universal que você tanto fala?
O país mais Universal do planeta é o Brasil. É o país de maior diferença de colonizações. É essa música misturada, sem preconceitos, apenas primando pela qualidade. Daí que vem a coisa. Primeiro a música. Nada de colocar o dinheiro na frente.
Que recado o senhor deixa para os novos músicos?
No panorama da música – e isso é coisa de velho, mas não tenho como fugir -, tem muita coisa boa. Grandes e pequenos músicos. Muitos jovens e talentosos. Porém não estão fazendo um trabalho sério. O recado que eu deixo para esses músicos novos é que se reúnam para poder criar. Quem toca bem faz esse negócio de tocar com um e com outro na noite e não constrói um trabalho formado de criação. Eu acho que se o músico formar um grupo e dedicar-se àquilo, estará contribuindo muito mais para a música. Ficar atrás dos cantores e vivendo da memória de bons compositores é perda de tempo. Depois, quando chega na minha idade, fica se queixando.
O seu trabalho não tem uma formação definida, sempre inovando. Hoje que tipo de espetáculos o senhor apresenta?
Eu trabalho com cinco formações diferentes: big band, com a sinfônica, piano solo, o grupo (cuja apresentação foi realizada no Sesc Santos) e o duo, que é o mais recente com minha patroa, Aline Morena.
E como é esse trabalho com a Aline?
O nome da criança é Chimarrão com Rapadura. É um DVD e um CD lindo. Tudo independente. Vai ser lançado agora, no próximo mês. Não é um som mais novo que um ou que outro. É um som todo. É música universal. Tem muito canto. Mas é o cantar verdadeiro. O que nós chamamos de fala. Estou falando, estou cantando.
E qual é a diferença entre inovar e mudar as coisas de lugar?
Muita gente confunde inovar com idade, com números. Muita gente pensa que, quando um menino pega um violão e sai cantando, o povo acha que aquilo é coisa nova. Tem muita gente de 18 anos tocando coisas velhas e quadradas. Esse pessoal que toca chorinho, músicas regionais, MPB, começa a tocar que nem velho, com cara de velho. Quem nasce hoje precisa ser bem informado. O cara nasce e escuta Pixinguinha. A música é bonita e tem aquela vestimenta quadrada de acordes. Se o cara nasce hoje e não falarem para ele que isso é música antiga, é a mesma coisa que ele ver um prédio antigo sem saber que é antigo. Não é que o velho seja ruim. Mas o novo tem nascido tão velho. A música universal para nascer consciente precisa de confraternização. Se eu fosse cientista e descobrisse a cura do câncer, eu sairia gritando na rua para os meus colegas médicos para curarmos o mundo logo. Mas as pessoas gostam de guardar os segredos e carregá-los para tirar proveito daquilo. A música universal não quer um melhor do que outro. Queremos que cada um faça assim como Deus fez o mundo: juntar as coisas diferentes, para somar. Se for igual, não soma nada.
Tom Zé diz que não existe mais nada de novo para ser criado na música. Vivemos, segundo ele, a era do plagiocombinador. Tudo que nasce de mais novo é combinação de coisas que já existem. O senhor concorda?
Em primeiro lugar, Tom Zé não é músico. Ele tinha é de morrer logo (risos). Não é nada pessoal. É uma coisa construtiva. Agora, a culpa é da imprensa que não tem repórteres especializados. Ele é um grande falante. Mas ele não é músico. Como é que a imprensa considera esse cara músico? Essa história é conversa de quem não cria. É o que você perguntou antes que eu costumo falar. Só se mudam as coisas de lugar. São pessoas que já não têm mente mais. Como é que Deus ia colocar um ser humano na Terra que não pudesse criar. Mas o Tom Zé, como um cara conhecido, tem que respeitar a criatividade dos outros. Ele que fale: eu, Tom Zé, sou assim. Cuidado, meu filho. É melhor tirar o Tom e deixar só Zé. Morre uma árvore e nasce outra. Existe renovação em tudo. Sempre serão outras coisas. Não andamos à procura da criação. No fim, a criação é que nos procura.
O senhor já não trabalha com gravadoras há algum tempo. Como aconteceu esse rompimento?
Esse é um bom gancho que aprendi com vocês da imprensa para divulgar os nossos CDs (risos). Esse disco novo (Chimarrão com Rapadura) foi todo produzido com recursos próprios. Se vocês soubessem o trabalho que dá colocar isso para vender em uma loja! Os impostos para os produtores independentes são quase os mesmos que os de uma gravadora grande. 25% só de impostos para vender nas lojas. E essa vai para o Lula. Lula, todo trabalho independente tem que ter os impostos reduzidos. É contribuição para a nossa cultura. Não queremos muito. Só queremos cobrir o que gastamos. Não queremos ganhar dinheiro com isso. Quem faz trabalho independente é porque ama o que faz. A intenção é que o público compre mais barato. Mas assim fica difícil. O Ministério da Cultura precisa rever isso. E essa é também uma discussão musical. Não devemos apenas tocar o instrumento. Então, para vender, precisamos de uma distribuidora. A produção é independente, mas a distribuição é por grande empresa.
O Ministério da Cultura tem incentivado o debate sobre a propriedade intelectual, de copyleft e principalmente do Creative Commons, dizendo que cultura não é mercadoria. O senhor é a favor do conhecimento livre?
Agora é que está voltando isso. Mas, desde que eu comecei, já tratamos da questão. Eu gosto disso, mas consultem-nos, teremos o maior prazer em compartilhar as coisas. Quem quiser piratear os meus discos, pode ficar à vontade. Desde que seja para ouvir uma boa música. Não visamos ao lucro com a música. Nós podemos falar porque a produção é nossa. Mesmo o meu trabalho em gravadoras, o povo tem mais é que piratear tudo. Isso não é revolução. O que queremos é mostrar essa música universal. Porque isso não toca em rádio nem aparece na capa do jornal. Sabe o que Deus falou? Muita gente pensa que é só para transar. Mas, não. “Crescei e multiplicai-vos”. Isso é em todos os sentidos. Vamos crescer na maneira de ser e multiplicar o que tem de bom. Sem barreiras. A música é universal. Eu toco no mundo inteiro e é sempre lotado. Eu só cheguei a isso porque os meus discos são pirateados, estão à vontade na Internet. Um recado para o Gilberto Gil: tem que se incentivar, dentro do governo, uma equipe de comunicação para acompanhar os artistas brasileiros que estão fazendo trabalhos lá fora. Assim como acontece com os esportes. Precisamos de jornalistas especializados e financiados pelo governo para trazer isso de volta. Eu vou lá, faço um monte de coisas e fico doido da vida porque o brasileiro não está sabendo daquilo. Fico chateado. Agora vêm esses DJs com música de fora e enchem a cabeça do nosso povo com essas baboseiras. Isso é crime. É crime mandar o que não presta para cá. Digo essas coisas para o Gil com carinho. Vamos usar os nossos meios estatais, rádios e TVs. Isso dá retorno. Até financeiro, já que o maior problema da Cultura é o orçamento. Esses outros grupos que não fazem música, mas fazem consumo, pastas de dente, conseguem espaço. Temos que colocar ordem nisso, colocar qualidade.
E qual é a avaliação que você faz do Gil no Ministério?
Estive na Conferência Nacional da Cultura, em Brasília. Foi uma hora e meia de show e três horas de fala. Fala-se em cultura hoje do mesmo jeito que se fala que está estressado. Sem saber o que é. O Gil é muito inteligente, e ele está fazendo o que pode.
Para mais informação, visite o site do Hermeto Pascoal
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A glass of water. A piglet. A hubcap. A soccer announcer. In the hands of Hermeto Pascoal, just about anything can be transformed into a musical instrument.
Affectionately known in Brazil as "O Bruxo" (the sorcerer), the visionary composer and multi-instrumentalist is an aural explorer who has created a vast musical universe in which folkloric Brazilian styles such as frevo and samba, xaxado and forro intermingle with jazz, rock and European art music. The result is a capacious, infinitely surprising oeuvre as profound as it is playful, full of lightning rhythmic shifts and unspeakably tender melodies.
Pascoal makes his first West Coast appearance with his band in more than a decade on Wednesday at the Palace of the Fine Arts Theatre, as part of the San Francisco Jazz Festival. The luminous Brazilian vocalist Monica Salmaso, whose repertoire features a wide array of samba styles, opens the concert in a duo performance with pianist Benjamim Taubkin.
Pascoal performs with his sextet, a group he refers to as his "universal family," whose most recent member joined a decade ago. His bands are known for their total mastery of his music, often rehearsing daily for hours even when there's no performance coming up.
With his wild, flowing white hair, the albino musician cuts a fantastic figure onstage. Rushing from instrument to instrument -- besides found object percussion, Pascoal is a virtuoso on piano, accordion and various reeds, brass, strings and flutes -- he creates intricate tapestries of sound that feel like spontaneous outbursts but hold together with a powerful internal logic.
"I'm creating things 24 hours a day," says Pascoal, 68, from Curitiba, the capital of the southern Brazilian state of Parana, speaking through an interpreter. "I'm very quick. Most things I compose at the moment. Tomorrow I'm going to Rio and the people in the studio are scared because I never told them what I'm going to do. It's the inspiration that comes to me at that time."
Pascoal's influence is hard to overstate. Within Brazil, he created the space for a progressive instrumental tradition on a scene long dominated by vocal music. Over the years, his groups have served as an incubator for some of the country's most creative figures, from singer-songwriter Milton Nascimento and vocalist Flora Purim to guitarist Toninho Horta and percussionist Pernambuco. Though he isn't a prolific recording artist, he has produced a number of influential masterpieces, such as 1976's "Slaves Mass" (Warner Bros.).
Internationally, Pascoal has inspired leading figures in jazz and classical music, and his compositions have been recorded by Miles Davis and the Berlin Philharmonic. Davis once called him "the most complete musician I've ever met."
Mike Marshall, an Oakland mandolin and guitar master who has performed widely with such extravagantly creative musicians as cellist Yo-Yo Ma, bassist Edgar Meyer, fiddler Darol Anger and mandolinist Dave Grisman, quickly lapses into superlatives when discussing Pascoal.
"He is one of the most important music figures of our time," says Marshall, who teamed up with Pascoal's former pianist Jovino Santos Neto to record the gorgeous 2003 CD "Serenata" (Adventure Music), the first non- Pascoal album devoted exclusively to the composer's music.
"I predict that in 100 years from now, hopefully sooner, his music will be discovered and people will become aware of what he's actually been up to."
Pascoal's mad-scientist persona has often obscured his musical accomplishments. While he is widely known and respected, even in Brazil he remains something of a cult figure.
"There's an aura," Santos Neto said in an interview last year, "because of the way he looks and some of the things that are considered eccentric, like using pigs, or making instruments out of hubcaps or old sewing machines. People expect that he's going to do something weird because he looks weird and they don't know if he's going to whip a chicken from his sleeve, which he could very well do. But he does all these things from a musical perspective, because he's interested in the sound that that produces."
Pascoal traces his omnivorous sonic sensibility to his bucolic childhood in the rural, northeastern village of Arapiraca in the state of Alagoas, where there was no electricity or radio.
"I'm 68 years old, and I've been a musician for 68 years," he says. "When I was born, that's when I made my first sound, which was crying. When I was 7 or 8, I would spend the whole day out in the bush, listening to animals. My father was a blacksmith, and I'd gather old pots and pans, old pieces of metal and hang them outside, and play them like a battery."
Flute was his first traditional instrument, and by age 7 he was proficient on the small-button accordion known as a sanfona. Before reaching his teens, he was working professionally, providing churning music for dances and festivals around his hometown. The experience of playing at informal jam sessions, where small groups of musicians maintained independent, overlapping melodies, developed his ear for contrapuntal composition.
He still finds music everywhere: His composition "Tiruliruli" grew out of a phrase from a Brazilian soccer announcer's broadcast, repeated over and over with increasingly harmonic complexity until it mutated into a catchy, coherent composition.
"I love sounds," Pascoal says. "When I'm in the kitchen, it's a wonderful place. There's the dishwasher and all the different sounds. It's very rare that I spend one day without creating something, because there are so many interesting sounds around."
For more info, visit Hermeto Pascoal's site
2 comentários:
Hermeto Pascoal e Grupo - "Mundo Verde Esperança" (1989)
1. Aylin
2. Acuri
3. Malacunguê
4. Frevo Novo
5. Harmonia sem Cronologia
6. Viva o Gil Evans
7. Mundo Verde Esperança
8. Ilza Nova
9. Vitor Assis Brasil
10. Azeitona
11. Haja Coração
Hermeto Pascoal: piano, flugelhorn, acordeon, teclados, flautas, percussão, vocal, cavaquinho e viola
Carlos Malta: saxofones e flautas
Jovino Santos Neto: piano, teclado e flautas
Itiberê Zwarg: baixo
Marcio Bahia: bateria e percussão
Fabio Pascoal: percussão
Pernambuco: percussão
Arismar do Espirito Santo: baixo [10]
Azeitona: baixo [10]
Ulisses Rocha: violão [9]
Luciana Souza: vocais [3,7,8]
Gravado pela Som da Gente. Nunca lançado
Hermeto Pascoal e Grupo - Mundo Verde Esperança (2003)
http://www.mediafire.com/?ew0jg0cdfnt
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