28 maio 2006

Sivuca & Rosinha de Valença - Gravado ao Vivo (1977)

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Embora já tivesse regressado ao Brasil há alguns meses, realizando uma temporada no Teatro do Hotel Nacional, Sivuca elegeu outro evento para celebrar “oficialmente” sua volta definitiva ao país: os shows em dupla com Rosinha de Valença no Teatro João Caetano, de 9 a 13 de maio de 1977. SivucaO espetáculo de cerca de duas horas e 27 músicas, idealizado e roteirizado pelo saudoso Albino Pinheiro, para o Projeto Seis e Meia, superlotou o Teatro durante uma semana. Filas homéricas formavam-se desde as primeiras horas da tarde, e muitos fãs, incluindo este que vos escreve, adquiriram ingressos para todas as noites. Gravado ao vivo em um equipamento de apenas quatro canais, o evento foi condensado em um LP (de 8 faixas e 37 minutos) coordenado por Sergio Cabral para a RCA.

Relançado agora, pela primeira vez, este álbum simplesmente fenomenal capta algumas das mais expressivas performances daquele encontro entre dois dos maiores músicos brasileiros de todos os tempos. Por questões burocráticas – Rosinha de Valença era contratada exclusiva da EMI/Odeon -, Sivuca ficou com o maior número de faixas. Cinco, no total. Em duas outras (“Asa Branca” e “Lamento”), divide o spot com Rosinha, que aparece como solista principal em apenas uma faixa (“Tema do Boneco de Palha”), ainda assim com Sivuca no violão de base. No apoio, um timaço recrutado para tal efeméride: Luiz Carlos dos Santos (baterista original da Banda Black Rio, participante do “Feel No Fret” da Average White Band), Jamil Joanes (baixo elétrico, outro da Black Rio), Darcy (percussão) e Raul Mascarenhas (saxofone tenor e flauta). Todos, para “agravar” a situação, super-entrosados apesar do pouco tempo de ensaio, e tocando com uma vibração contagiante.

Vindo de décadas de trabalho na Europa e nos Estados Unidos (ao lado de Miriam Makeba, Harry Belafonte, Airto Moreira, Luiz Henrique, Dom Um Romão e Oscar Brown, Jr., além da notável carreira como líder), Severino Dias de Oliveira - paraibano de Itabaiana, nascido em 26 de maio de 1930 - domina todas as faixas que formavam o Lado A do LP original. A começar por uma inspiradíssima nova composição, “Homenagem a Velha Guarda”, que pouco depois seria gravada por Clara Nunes , após receber letra de Paulo César Pinheiro, no disco “As Forças da Natureza”.

A segunda faixa, divida em duas performances emocionantes, documenta o grande momento do concerto. Primeiro, sozinho na sanfona, o gênio mergulha em virtuosística execução da valsa “Quando Me Lembro”, de Luperce Miranda, não sem antes avisar à platéia que “na última parte, ele (Luperce) tentava imitar dois bandolins num só; como não temos bandolins aqui, vou tentar imitar os dois bandolins na sanfona”. Depois, realiza uma série de variações sobre o famoso frevo “Vassourinhas”, satirizando como seriam as interpretações na China, nos países árabes, na antiga União Soviética, na Argentina, na Escócia (imitando, com perfeição, uma gaita de fole), até desembarcar em Recife, “numa terça-feira de Carnaval, na Avenida Guararapes”, realizando crepitante versão destacando o famoso vocal em uníssono com a sanfona, uma de suas marcas-registradas.

Previamente gravada nos EUA pela cantora sul-africana Letta Mbulu, “Reunião de Tristeza”, letra e música de Sivuca, número-solo de violão e voz, retrata, em seu lirismo pungente, o sentimento do compositor diante da morte de uma de suas irmãs. “Ela faleceu em 1935, aos nove anos de idade. Aquele momento de tristeza ficou no meu coração por anos a fio, até que um dia, em Ottawa, no Canadá, mais de trinta anos depois, a dor se transmutou em música”, relembra Sivuca. Na sequência, transforma o show em baile irresistível através do forró “Feira de Mangaio”, parceria com a esposa Glorinha Gadelha posteriormente incorporada ao repertório de Clara Nunes no LP “Esperança”, de 1979. Ainda ao violão, mas com apoio do conjunto, destacando solo do tenorista Raul Mascarenhas (então marido de Fafá de Belém), revisita um de seus maiores sucessos, “Adeus, Maria Fulô”, parceria com Humberto Teixeira e tema de abertura de seus shows nos Estados Unidos – inclusive na obra-prima “Sivuca Live at the Village Gate” (75).

Rosinha de ValençaNa faixa que abria o Lado B, finalmente Sivuca & Rosinha atuam juntos, descendo o sarrafo em jazzística versão do clássico “Asa Branca”, gravado anteriormente por Rosinha, em 71, no disco “Um Violão Em Primeiro Plano”. Sivuca pilota um órgão Yamaha no qual faz misérias, produzindo distorções e efeitos (típicos dos sintetizadores Arp e Moog) durante solo de intensa criatividade, sobre viradas endiabradas do batera Luiz Carlos. Rosinha também mostra uma linguagem de improviso extremamente original e brasileira, algo infelizmente não assimilado pelas novas gerações de nossos violonistas, que insistem em ignorar as obras de outros mestres como Laurindo Almeida, Luiz Bonfá e Bola Sete. Em duo de violões, novamente abrindo espaço para improvisos notáveis, Rosinha & Sivuca levam o público ao delírio em “Lamento”, do mestre Pixinguinha.

Na faixa final, Maria Rosa Canelas (nascida em Valença, em 30 de julho de 1941, levada para o Rio pelo baterista Dom Um Romão), barbariza ao relembrar “Tema do Boneco de Palha”. Consegue, graças a uma execução swingadíssima, além de um show à parte do baixista Jamil Joanes, até mesmo superar o registro original de sua estréia para o selo Elenco em 1963, o LP “Apresentando Rosinha de Valença”, que estabeleceu o nome artístico dado por Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preto, que a apresentava como “a menina que toca por uma cidade inteira”. SivucaMarco inicial de uma brilhante trajetória no Brasil e no exterior, onde chegou a integrar o grupo Brasil 65, de Sergio Mendes. De volta ao Rio, liderava seus próprios conjuntos, volta e meia atuando com Maria Bethânia e Martinho da Vila, até sofrer, há dez anos, um derrame cerebral que a deixou até hoje em estado vegetativo.

Além das músicas escolhidas para o álbum, figuravam também no repertório do show: Primeiro Amor, Tico Tico no Fubá, Pedacinho do Céu, Consolação, Caboclo Ubiratan, De Amor Eu Morrerei, Tristeza Em Mim, Berimbau, Com Quem Roupa, After Sunrise, Brasileirinho, Como é Grande e Bonita A Natureza, Testamento de Sambista, Serena no Mar, Saudades do Matão, Remelexo, Usina de Prata e Chuá Chuá.

Contemplar as arrebatadoras interpretações de Sivuca & Rosinha de Valença neste disco ao vivo, com todos os músicos tocando com emoção à flor da pele, nos possibilita sentir a mesma atmosfera mágica que inebriou a platéia. E representa também a oportunidade de repensar equivocados conceitos como a ridícula divisão entre música “cantada” e “instrumental”, apregoada por preconceituosos desprovidos de inteligência e bom-senso. Um entrave a mais que os terroristas xiitas da MPB colocam no caminho evolutivo da nossa música.

Arnaldo DeSouteiro - extraído do site Jazz Station Productions

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Rosinha de ValençaThere are certain types of music that just wouldn't be the same without the accordion. One is Louisiana zydeco. Another is norteño/Tex-Mex, a Mexican-American form that combines Mexican ranchera with the German polka beat. And in Brazil, the accordion has played a prominent role in baião, a style that comes from the northeastern part of the country. If the seminal Luiz Gonzaga was the King of Baião, Sivuca is certainly among the people who belongs in the royal palace. The singer/accordion virtuoso doesn't play baião exclusively — he can handle anything from choro to bossa nova — but baião is certainly one of his strong points. And he shows his versatility on Gravado ao Vivo, which offers a diverse program of baião, choro, and samba. This Brazilian reissue focuses on a 1977 concert at Teatro João Caetano in Rio de Janeiro, where Sivuca shared the stage and the spotlight with guitarist Rosinha de Valença. The performances on this album range from instrumentals (which include Pixinguinha's "Lamento" and the Gonzaga standard "Asa Branca") to vocal offerings such as the melancholy "Reunião de Tristeza" (a Sivuca original) and the well-known "Adeus, Maria Fulô." While "Tema do Boneco de Palha" becomes a showcase for de Valença's acoustic guitar, "Asa Branca" is a perfect example of accordion-powered baião. It should be noted that Sivuca and de Valença don't play together on all of the selections — they share the spotlight, and only on "Asa Branca" and "Lamento" do they actually play together. But whether Sivuca or de Valença (or both) is enjoying the spotlight, Gravado ao Vivo is a pleasing document of that 1977 concert in Rio.

by Alex Henderson - extracted from All Music

19 maio 2006

Heraldo do Monte - Heraldo do Monte (1980)

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Heraldo do MonteHeraldo Do Monte nasceu em 1º de maio de 1935 na cidade de Recife, Pernambuco. Um dos pais da nossa música instrumental, tem a carreira marcada pela formação do lendário Quarteto Novo, com Hermeto Pascoal, Airto Moreira e Téo de Barros. Na era de ouro dos festivais - anos 60 e 70 - , o grupo mudou os rumos da nossa improvisação, tornando-a tão moderna quanto brasileira. Multiinstrumentista, toca guitarra, violão, baixo, banjo, bandolim e cavaquinho e, é claro, viola nordestina. Participou de centenas de discos de outros artistas como instrumentista e arranjador e ganhou praticamente todos os prêmios importantes de música do Brasil, como o Sharp em 1994 e em 1995.

Iniciou-se na música tocando clarineta na banda da escola em Recife, onde nasceu. Mais tarde foi estudar violão, guitarra, viola caipira e cavaquinho. Sua vida profissional começou em boates e casas noturnas, nas quais acompanhava cantores. Aos 21 anos, foi para São Paulo e tocou ao lado de Walter Wanderley, Dick Farney e Dolores Duran, além de integrar a Orquestra da TV Tupi.

Heraldo do MonteSeu primeiro LP, "Heraldo e seu Conjunto", foi lançado em 1960, logo seguido por "Dançando com o Sucesso" volumes 1 e 2. Em 1966, o artista entrou para o Trio Novo, que em seguida se tornaria o Quarteto Novo, com a adição de Hermeto Pascoal. Depois que o grupo se desfez, acompanhou nomes como Michel Legrand e o Zimbo Trio, e tocou em festivais em Montreux, Montreal e Cuba.

Participou da Orquestra da TV Tupi em 1969. Acompanhou Michel Legrand (Teatro Municipal de São Paulo), Hermeto Pascoal (Banana Progressiva), Zimbo Trio e outros artistas em shows promovidos pela Prefeitura de São Paulo.

Heraldo do MonteLançou, em 1970, o LP "O violão de Heraldo do Monte". Em 1980, gravou o LP "Heraldo do Monte". Em 1982, lançou, com Elomar, Arthur Moreira Lima e Paulo Moura, o LP "ConSertão". Ainda na década de 1980, gravou os LPs "Cordas vivas" (1983) e "Cordas mágicas" (1986). Em 1988, participou do Festival de Jazz de Montreal (Canadá). Recebeu por duas vezes consecutivas o Prêmio Sharp na categoria de Melhor Arranjador, pelos discos gravados por Dominguinhos em 1994 e 1995. Apresentou-se em shows, acompanhado do percussionista João Paraíba e do guitarrista Luís do Monte. Dividiu com o Duofel um CD de uma série que reuniu grandes instrumentistas brasileiros. Ao longo de sua carreira, atuou com vários artistas como Hermeto Pascoal, Dominguinhos, Edu Lobo, Zimbo Trio, Geraldo Vandré, Johny Alf e Michael Legrand, entre outros. Lançou, em 2000, o CD "Viola nordestina" e, em 2003, com Teca Calazans, o CD "Teca Calazans & Heraldo do Monte".

Fernando Varejão - extraído do site Guitar Player
Para mais info, vídeos e MP3, visite o site do Heraldo do Monte

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Heraldo do Monte e Hermeto PascoalFormer member of the historic Northeastern jazz group Quarteto Novo, Heraldo do Monte also developed an important solo career. His album Cordas Vivas (1983) was already released in 22 countries. He has played with Michel Legrand, Dick Farney, Zimbo Trio, Walter Wanderley, and Paulo Moura and performed abroad in international festivals of Cuba, Montreal, and Montreux. He already became a professional in Rio, playing with Walter Wanderley in 1956 and with Dick Farney in 1960. His first recording came as a sessionman in a Dolores Duran album, with Walter Wanderley. His first solo album was recorded in 1960, Heraldo E Seu Conjunto. He wrote all of the arrangements for the group Os Cincopados and participated in their 1965 recording. As a member of the Orquestra de Carlos Piper, he was awarded with the Guarani and Roquette Pinto trophies (1965). With the group Quarteto Novo, he was also awarded with the Roquette Pinto and received the Imprensa trophy twice. In 1975, he backed Michel Legrand in his live performances at the Teatro Municipal of São Paulo. He also performed with the Zimbo Trio. In 1980, he performed and recorded an album with Elomar and Arthur Moreira Lima, and, two years later, he did the same with Elomar, Arthur Moreira Lima, and Paulo Moura in the famous show ConSertão. In 1997, the four of them played together again in the Kaiser Bock Winter Festival. In 1988, he participated in the Montreal International Jazz Festival (Canada). He also participated in the Montreux and Cuba festivals. In 1994 and 1995 he was awarded with the Prêmio Sharp as arranger of two Dominguinhos' albums. His ''Chuva Morna,'' included in O Piano Brasileiro de Arthur Moreira Lima, is one of his songs recorded by famous interpreters. In 1997, together with Arthur Moreira Lima and Paulo Moura, he represented Brazil in the Caribbean International Music Festival. In 1998 he arranged, conducted, and played in the album Baião: 50 Anos de Poesia, Ritmo e Emoção, together with Hermeto Pascoal, Sivuca, Renato Borghetti, Oswaldinho, and Dominguinhos. In June, he played with the French guitar player Raphael Fays at the Sesc Ipiranga (São Paulo). In 2000, he participated in the Moacir Santos tribute at the Memorial da América Latina, São Paulo, with Johnny Alf, Leila Pinheiro, Roberto Sion, Teco Cardoso, and Mané Silveira.

Extracted from All Music
For more info, videos, and MP3, visit Heraldo do Monte's site

15 maio 2006

Ed Motta - Dwitza (2002)

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Ed MottaPara explicar o espírito de seu novo disco, Ed Motta faz um paralelo com a tradição no preparo do churrasco gaúcho. "A carne só precisa do sal, mais do que isso você já está começando a tirar os elementos naturais dela. Dwitza é mais ou menos assim. É uma espécie de churrasco de música, que soa o mais natural possível", compara o músico. Essa analogia explica o aviso que aparece no encarte do CD, informando que a dinâmica e as vozes dos instrumentos foram mantidas durante a gravação, a mixagem e a masterização. E que não foram utilizados equipamentos de estúdio como reverberadores, equalizadores e compressores. "Hoje, tecnicamente falando, grande parte dos discos produzidos têm o mesmo som por causa desses equipamentos", comenta. "Porque as pessoas ficam dentro do estúdio com um analisador de espectro, gravando um disco como se estivessem fazendo um vôo", diz o cantor, 30 anos, cinéfilo de carteirinha, enólogo, fã de história em quadrinhos, colecionador e garimpador de discos em sebos.

Além desse aspecto técnico, Dwitza é um projeto ousado que expõe a maturidade e a privilegiada cultura musical de Ed Motta. Disco sofisticado e praticamente instrumental - apenas três canções são cantadas: "Valse Au Berre Blanc" (a letra é uma relação de vinhos e queijos), a bossa nova "Doce Ilusão" (escrita por Nelson Motta) e "Coisas Naturais" (parceria com Ronaldo Bastos) - Dwitza sintetiza bem as influências e os gostos musicais do artista carioca. Justamente ele, que no início de carreira - radicalmente ligado ao funk e à soul - repelia outros estilos, especialmente qualquer coisa referente à MPB.

Agora, em Dwitza, seu sexto disco solo - e depois de produzir álbuns como os aplaudidos Manual Prático Para Festas, Bailes e Afins - Vol. 1 e a trilha sonora do filme Pequeno Dicionário Amoroso - ele oferece um "churrasco" com vários tipos de carnes que aprendeu a apreciar ao longo dos anos. Soul, funk, jazz, música de cinema, da Broadway, erudito, scat singing, easy listening... Há um pouco de tudo, inclusive MPB. Ed conta que gravar um CD instrumental - e com todas essas referências - era um sonho antigo, que ele tinha desde que ouviu pela primeira vez um disco de jazz. Esse desejo, ele fez questão de incluir numa cláusula contratual quando renovou, há poucos anos, o seu acordo com a gravadora Universal Music. "Escuto muito mais música instrumental do que música cantada. Meu jeito de cantar é muito mais influenciado por saxofonistas, trompetistas, trombonistas do que por cantores. Gosto de tudo, mas o jazz sempre teve um espaço especial dentro da minha discoteca", revela o músico, que assina a maioria das músicas e arranjos do CD.

Ao todo, o multifacetado Dwitza - que na Inglaterra também será lançado no formato vinil - apresenta 14 temas (repletos de sons vintage), onde estão incluídos duas homenagens: "Um Dom Para Salvador", tributo a Dom Salvador (pianista brasileiro radicado nos Estados Unidos desde os anos 70, exímio em harmonizações, bossa e jazz) e "Amalgasantos", que é dedicada a Moacir Santos, o respeitadíssimo maestro e arranjador pernambucano. Belo, sofisticado, jazzy e diferente de tudo o que ele já havia feito (e muito bem, diga-se de passagem!). Assim é Dwitza, um álbum que vai na louvável contramão da indústria e de seus padrões. E que, acima de tudo, confirma Ed Motta como um dos grandes nomes MPB contemporânea.

Marcello Rocha - extraído do site Shopping Music

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Ed Motta e grupoDwitza - what does it mean? Is it a word, a name, a sound or a feeling? It's all of these and more. It's a word that conveys the heartfelt work of a man who enjoys his work like no other. "I invented the word Dwitza for three reasons," relates Ed, "firstly, because of the graphic quality of the word. I wanted to be in total control of my own universe for this record, from the sounds to the art direction. Secondly, the sound of the word - impossible to mispronounce in any language. Thirdly, to embody the spirit of all these songs, the titles of which have no literal meaning."

Composer of two feature soundtracks and five shorts, feted cinema critic, inveterate collector, gastronome, wine writer and above all, musical magpie. Ed Motta is a man from whom music literally pours in a joyous cascade. Anyone who has seen him, or even just been in a room with him, will stand testament to the constant composition that is the man. During a recording career that started fifteen years ago, (aged 15!), Ed has always strived to make music from deep within the heart and soul as well as the songs necessary for commercial success. With Dwitza, however, Ed has created his first integral work - an album of the songs and sounds of his soul that have been swelling inside him over the past few years.

Conceived, rehearsed and arranged over a very brief period at the end of 2001, Ed and his band went into the studio to record an album that evokes the classic period of Strata East, Jackie & Roy, Steely Dan and David Axelrod as well as the sounds and rhythms of his native Brasil. Dwitza showcases well-rehearsed and versed musicians improvising on themes, funky, flowing and tied tight with masterful arrangements and brewed without the studio trickery that most modern day artists need to get their groove going.

Ed Motta has created here a collection of songs that reflect his vast knowledge and taste in the musical works of the late twentieth century and whose inspiration has given them a new form for a new Millennium. One of the lucky few Brasilians to hear the new LP, hot from the mastering press, summed it up: "How great is it, that someone of our generation makes music like this?"

Dwitza - It means all of these and more! Ed Motta is possibly the most exuberant musical talent to have evolved in Brasil during the 90s. Plugged into the best of North American black (and white) music of the 70s (he is a true connoisseur of the music, recordings and technicians of the period), Ed also knows how to feed from the most consistent Brasilian experience of these musical forms. This has led him into a profound contact with the wider universe of high quality Brasilian music, whether or not it has the least connection with his original musical influences. This album, Dwitza, is an album at the same time relaxed and ambitious. Anchored in what we call samba jazz, Ed fluctuates between soul and the waltz, passing through bossa nova and chamber music. Caetano Veloso - Salvador Jan 2002

This is a landmark record in the history of our instrumental music - even if one of the principal instruments of the group(s) happens to be Ed's own voice, singing two songs with (beautiful) lyrics, not to mention the surprise of a 'false French' as charming as the wordless 'false English' that Ed has used since he was a teenager. There's the 6/8 beloved of jazz fusion, there's samba soul, there's Cassiano and then there's samba-samba. But for me, the thing I love most about this record is the fact that it evokes, more than anything else, the Joao Donato of Quem é Quem.

It's difficult to imagine a pop composer, writing for a Broadway show, in the pure Sondheim style, playing in the fields of harmony with a song consisting exclusively of sus-4th chords, flirting with Kurt Weill and Moacir Santos, passing through a samba-canção dor de cotovelo, mixing harpsichord and choral voice with scat vocals, organ, violins and euphonium, with ARP strings. And all this without the peripherals of the modern studio.

But this is what Ed does best. With the chef's hand, slow cooking his bouillabaise over a charcoal fire, mxing herbs and spices, with courage, wisdom and above all, with great humour. Edu Lobo - Rio de Janeiro Jan 2002

Ed Motta com Bluey, líder do IncognitoYoung artists are supposed to be bold, right? Well, in these days, not always. After 20 years in which the younger generations of Brazilian artists seemed too tired to try something different, here's a breath of fresh air for the category. Ed Motta, the young kid who had become an instant pop hero in the early 90's, with his tasty, funky tunes in the style of his late uncle Tim Maia, took a U-turn on his music. Obviously influenced by his own heroes (some of which, unfortunately, known mostly in the alternative scene, but great nevertheless, like Dom Salvador, Moacir Santos, Guinga) he was brave enough to take the risk of shocking his established audiences and brings us a collection of wordless tunes, expressing his musical thoughts and ideas, backed by a fine band and with a daring concept regarding the (un)uses of language.

Welcome to the family, with its joys and dangers, of creative artisans in Brazilian music... God bless. Joyce - Rio de Janeiro Jan 2002

Marcos Valle - Rio de Janeiro Jan 2002 To know music like Ed Motta knows music is to be privileged. To make music like he makes is an even greater privilege. The diversity of his influences, from bossa nova, jazz and soul to pop and classical, are summed up in his innate talent and his dedication to his work and make him perhaps the most complete Brasilian musician of the new generation. It's a great pleasure to hear him singing, playing and arranging his own compositions. Thanks Ed. The music thanks you, too.

Track by track, this is how Ed Motta sees Dwitza...

1) Um Dom Pro Salvador - this is an homage to the great Dom Salvador. I was lucky enough to show him this live when I opened for Ivan Lins (with Chaka Khan as guest) at Carnegie Hall last year and, thank God, he approved! The Afrocentric soprano solo is by Lelei who's a big Yusef Lateef fan.

2) No Carrão Eu Me Perdizes Na Consolação - another homage - this time to the suburbs of São Paulo. A samba jazz trip inspired by Marku Ribas who, to my shame, I first heard in London when I played at Dingwalls in 1992 - I was blown away by his funky Brasilian roots and it caused me to rethink my take on MPB!

3) Sus-tenta - so called because all the chords are Sus-4 - like soul jazz classics Maiden Voyage, or like Donato/Deodato and James Mason.

4) Doce Ilusão - the great songwriter Sueli Costa influenced this old school samba-canção which has a delicious late period Jobim flavour.

5) Lindúria - very Steely Dan! Written for my wife Edna's birthday (23 Sept the same day as Coltrane) when I was a little drunk on good wine - the title could mean 'lindalind' and here I used dense English lyrics that really have no meaning.

6) Valse Au Beurre Blanc - a schizoid French chanson-waltz in false French. Listen carefully and all you hear are the names of cheeses and wines! Chambertin, Livarot, mmmm!

7) Amalgasantos - the legendary maestro Moacir Santos could really be called the spiritual mentor of the whole album. This is my humble tribute to him. Check Jota Moraes' vibes - totally Bobby Hutcherson, man.

8) A Balada Do Mar Salgado - a beautiful duet with a beautiful voice - Leila Maria could be Brasil's Jean Carn - from the vocal opening the track evolves into a Charles Mingus/Lennie Tristano type of arrangement. The name comes from Italian comic book fumettista Hugo Pratt's famous work Corto Maltese.

9) Coisas Naturais - hands up - you got me on this one! A pure and funky Afro cha cha dedication to Marcos Valle and Joao Donato.

10) Malumbulo - another made-up title for some Les de Merle tinged Afro Cuban jazz in 6/8 time. This features Teco Cardoso on baritone sax. Before we recorded the track Teco listened to two LPs for inspiration - Charles Davis' Ingia and Cecil Payne's Zodiac before achieving a sound of post-bop perfection.

11) Madame Pela Umburgo - the Madame is a fictitious character. Imagine her as a lover of Fritz Lang's Dr Mabuse. The track is typical of my soundtrack work, of which I'm really proud. Axelrod and Morricone meet the East European sadness of Wojciech Kilar…

12) Cervejamento Total - maybe in English you could say it's 'all beered up'. This is one of those total feelgood 70s sambas - skindo skindo skindo lele - all the way!

13) Papuera - another 5/8 piece, but this time a funky analogue showpiece for the legendary ARP synths and a sublime solo from trumpeter Jessé Sadock [first trumpet in the Orquestra Sinfonia do Rio De Janeiro] inspired by Oscar Brashear.

14) Instrumetida - literally 'snobbish instrumental'. I guess I'm showing my contemporary classical influences - Scriabin, Honneger and the Group of Five, you know, a little touch of surrealism...

Extracted from whatmusic.com

12 maio 2006

Almir Sater - Instrumental (1985)

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Almir SaterUm salto de jaguatirica no passado. Esta é a melhor imagem para o álbum instrumental do violonista Almir Sater, agora relançado em CD. Sater tentava criar uma linha progressiva para a viola, cujo estilo de execução é tão peculiar. Inspirado em seu professor, Renato de Andrade, o músico recriou um clássico do sertão - "Rio de Lágrimas" (Tião Carreiro - Lorival dos Santos - Piraci) - e apresentou diversas composições suas fundamentadas no folclore do Pantanal. Exibia técnica perfeita e delicadeza nos solos rápidos. Muito antes da novela Pantanal (1990), em que fez o personagem diabólico do Cramulhão, Sater traía um gosto pelas toadas e guarânias típicas do rio Paraguai e imediações. Pena o personagem ter tomado a tragetória do artista, a ponto de ele ter-se esquecido do ouro que encontrou no bojo de sua viola em meados dos anos 80.

Luís Antônio Giron - extraído da Revista ShowBizz - setembro 1996
Para mais informações, visite o site do Almir Sater

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Almir SaterBorn in Mato Grosso do Sul (CW), he used to play the guitar as a child, but only discovered the viola caipira (an adapted acoustic guitar, smaller than the usual 6-string, used in the countryside) in Rio de Janeiro, where he was studying Law. Sater gave up becoming a lawyer and, instead, decided to take guitar lessons with Tião Carreiro. Later, he returned to Campo Grande (capital of Mato Grosso do Sul) and lined-up the duo Lupe & Lampião. In 1979, he moved to São Paulo, becoming a back up musician to singers like Tetê Spíndola and Diana Pequeno. His debut album, "Almir Sater", was released on Continental in 1981, followed by "Dona", on RGE. Three years later, he put the Comitiva Esperança together, touring the pantanal region and researching the music from the area. After releasing other albums and playing the Free Jazz festival, in 1989, Sater played a part in a soap-opera, which helped projecting his music. He released "Terra dos Sonhos" in 1994.

Extracted from AllBrazilianMusic
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08 maio 2006

Cesar Camargo Mariano e Hélio Delmiro - Samambaia (1981)

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Formados nas hostes da bossa, o pianista Cesar Camargo Mariano e o violonista/guitarrista Hélio Delmiro casam perícia e improviso (enxuto) neste clássico instrumental de 1981, entre standards e fina caligrafia autoral.

Tárik de Souza - sinopse extraída do relançamento em CD

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Cesar Camargo MarianoEm 1981 foi lançado um dos discos mais importantes de toda a história da música brasileira, reunindo dois dos maiores instrumentistas brasileiros de todos os tempos. Parece exagero? Mas pode acreditar que não é. O disco Samambaia de Cesar Camargo Mariano e Hélio Delmiro é de fato um marco na nossa música e uma gravação absolutamente imprescindível para qualquer músico que queira dominar a linguagem da música brasileira, não somente pianistas e violonistas.

O pianista Cesar Camargo Mariano é, além de grande instrumentista e mestre na difícil arte de acompanhar, excelente arranjador e compositor inspirado. Já o mestre Hélio Delmiro é simplesmente um dos melhores violonistas e guitarristas brasileiros de todos os tempos.

Juntos, fizeram um disco numa época (início da década de 80) em que a música instrumental brasileira vivia um momento único de crescimento e explosão de criatividade, além de uma relativa boa recepção por parte do público, que sempre foi pequeno para essa faixa de mercado, mas nunca tão grande como nesse tempo.

Nessa década surgiram grupos como Medusa, Cama de Gato, Pau Brasil, Pé ante Pé, Divina Increnca, Zona Sul, Banda Metalurgia e SyncroJazz, além de instrumentistas de destaque como Ulisses Rocha, Marco Pereira, Victor Biglione, Ricardo Silveira, Leo Gandelman e Raul Mascarenhas, entre muitos outros.

A bela composição Samambaia, de Cesar Mariano - um tipo de "samba-choro" com harmonia moderna e certa concepção jazzística - tornou-se imediatamente um "standard" da MPB instrumental, sendo regravada por vários artistas.

Extraído do site do músico Conrado Paulino

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Hélio Delmiro observado por Yamandu Costa / Hélio Delmiro being watched by Yamandu CostaIn the original liner notes for Samambaia, Mariano sums up the dream realization it was to record that album with Hélio Delmiro, one of Brazil's most respected and sough-after musicians:

On August 17, 1981, we got to the studio and I showed him one of my themes, Samambaia. Once again the musical and sensitive identification of this duo was confirmed, for while I was showing Helinho the theme, he just "started playing right off the bat" and the track was recorded on its first take.

Affinity, artistry, sensitivity, musicianship - those words are a few of the terms that come to mind when one tries to classify the work created by Cesar Camargo Mariano. Whether arranging for the best in Brazilian music - e.g., Elis Regina, Simone, Nana Caymmi and many more - composing, producing or playing, Mariano excels in every way and in each release he puts out or is involved in. He innovates and sets new standards to be followed by other musicians. So, it was with such anticipation that fans worldwide finally received the CD version of Samambaia. In addition to Mariano's and Delmiro's own compositions, such as the title track, "Emotiva Nº 4" and "Maria Rita" (a beautiful lullaby to Mariano's daughter), this recording also features some Brazilian classics. "Carinhoso" and "No Rancho Fundo," for example, touch on the traditional whereas the suite for "Milagre dos Peixes" explores more contemporary sounds in Milton Nascimento's elaborate and intricate music. Those tracks give these consummate artists the chance to freely showcase what they are capable of doing. That is nothing short of spectacular. The same can be said of Delmiro's "Das Cordas," with its flamenco introduction and subsequent dazzling solo. Mariano's own "Choratta" beautifully mixes choro with Bachian influences.

04 maio 2006

Cesar Camargo Mariano & Romero Lubambo - Duo - Ao Vivo (2005)

Capa do disco
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Faixas extraídas do DVD ao vivo lançado pela dupla / Audio tracks extracted from the live DVD released by the duo

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A parceira de dois dos maiores músicos brasileiros nasceu por acaso. O pianista César Camargo Mariano e o guitarrista Romero Lubambo se conheceram nos EUA em 1994. Romero era fã de César, sabia suas composições de cor, César já tinha ouvido falar de Romero e queria muito conhecê-lo. A primeira conversa não poderia terminar de outra maneira. Os dois sentaram para tocar. Bendita hora! Toda a geniliadade dos músicos aparece no DVD Duo que a gravadora Trama acaba de lançar. Cesar Camargo Mariano & Romero LubamboO DVD tem 13 canções, mais 2 faixas bônus.No repertório, clássicos da música brasiliera como No Rancho Fundo (Ary Barroso e Lamartine Babo) e Wave e Fotografia (Tom Jobim). Há também 6 composições de César, como as famosas Samambaia e Cristal e uma de Romero (Mr. Junior). Logo na primeira faixa, Samba Dobrado (composição de Djavan), os músicos mostram que a intregração do samba do César e do jazz de Romero não poderia ser mais perfeita. Em Choro Nº 7, os dois músicos dialogam com frases musicais perfeitas, deixando a pequena platéia do restaurante Fasano ( onde o DVD foi gravado) de boca aberta. É interessante ver a expressão no rosto do também musico Tom Zé, que assiste a apresentação bem atrás de César e parece não acreditar no que vê e ouve. O DVD ainda traz o making off da gravação com depoimentos dos profissionais envolvidos no projeto e um documentário no qual César e Romero falam do encontro dos dois e contam histórias curiosas, como a do estúdio onde o CD (lançado em 2002) foi gravado que foi construído numa antiga estação de trem. Mas detalhe, o trem ainda passa por lá e os músicos são avisados quando uma composição se aproxima para que possam parar a gravação. Ainda há os depoimentos de John Pizzareli, Maria Schneider e Chico Pinheiro. Em entrevista exclusiva para Música & Afins, diretamente de New Jersey, onde vive, César Camargo Mariano revela detelhes do seu encontro com Romero Lubambo, fala sobre a gravação do DVD, comenta sobre a atual situação da música brasileira e da emoção de tocar com a nova geração da MPB.

Cesar Camargo Mariano & Romero LubamboEm entrevista exclusiva, César Camargo Mariano fala sobre o lançamento do DVD Duo, do que pensa sobre a música brasileira, de novos projetos e sobre o novo disco da cantora Gal Costa.

Música & Afins: Como surgiu essa parceira entre César Camargo Mariano e Romero Lubambo?
César Camargo Mariano: Logo que eu cheguei aqui nos EUA, em 1994, eu fui fazer um show em Nova York e o Romero apareceu no camarim para me conhecer. Eu já havia ouvido falar dele e também estava louco para conhecê-lo. Ficamos amigos antes de começarmos a tocar juntos. O primeiro show que fizemos juntos foi no festival de Montreux, na Suíça. Fomos com um quarteto, mas em um momento do show eu e ele apresentamos duas músicas só com piano e violão. Foi nesse aí que percebemos que a dupla dava pé.

M&F: Como foi a idéia de lançar o CD, em 2002?
CCM: De início, nunca pensamos em gravar nada juntos. Mas começamos a fazer muitos shows juntos e todo mundo começou a pedir para gravarmos. Apareceram algumas gravadoras aqui nos EUA e outras no Brasil interessadas em lançar um álbum. Mas tinha um porém: tanto eu como o Romero queríamos que o disco saísse aqui e no Brasil. A única que topou isso foi a Trama. Acho que a idéia do DVD sempre foi mais forte do que a do CD pelo fato do fazer 'ao vivo', daquela adrenalina. No estúdio o resultado ficou muito bom, nós reproduzimos exatamente o show, mas era só eu e o Romero, não tinha platéia, faltava alguma coisa.

M&F: E como foi essa passagem para o DVD?
CCM: O Paulo Franco, diretor do DVD, vez ou outra sempre está em nossos shows, registrando as apresentações. Foi ele que mais nos incentivou a gravar. O registro ia acontecer na Sala São Paulo, mas no meio do caminho fiquei sabendo que havia outros lugares disponíveis. Um deles era o Fasano. Eu vibrei! Tenho uma história muito particular com o Fasano. Algo entre mim e minha mulher, uma coisa de mais de 20 anos ... Em apenas um dia todos os equipamentos foram montados. O clima da gravação ficou muito gostoso. As pessoas sentadas no chão, bem próximas da gente. Foi maravilhoso. Saiu com a adrenalina que eu queria.

M&F: Como foi elaborado o repertório do projeto Duo?
CCM: Desde o começo do Duo, o repertório é conseqüência do 'jeitão' como a gente toca. O Romero começa a tocar o violão e eu vou fazendo algo no piano e de repente surge uma música. Daí a gente percebe que essa levada lembra uma música do Djavan, por exemplo. Ou seja, não é partir do repertório que a gente senta para fazer os arranjos. Tudo nasce meio que sem querer, nasce do suingue. É meio improvisado, mas não é (risos). Mas tem o seguinte: quando tudo acaba é a hora de sentar e se organizar . Aí começa o trabalho de fazer os arranjos e ficar horas ensaiando.

M&F: Você e o Romero têm características diferentes. Ele mesmo diz que você é mais improvisador e ele é mais organizador. Como vocês amarram isso no palco?
CCM: Na verdade, não concordo com ele. Acho que ele é mais jazzista. Ele toca e é jazzista! Eu sou mais 'brazuca', mais samba. Até toco jazz, mas não sou um jazzista. Essa diferença toda cria um contraste muito interessante. São trocas de informações que resultam nesse trabalho. Ele é mais agressivo, mais forte tocando. Eu sou um pouco mais relaxado, mais 'baladeiro'. Porém isso funciona muito bem no palco na hora da improvisação. Acho que é esse contraste que as pessoas curtem tanto...e nós também, claro!

M&F: Você está com mais de 40 anos de carreira. Você acha que a música instrumental está sendo mais valorizada no Brasil?
CCM: Deixa eu falar isso sem machucar as pessoas...Continua muito difícil. Quando a gente sai do nosso país a gente começa a olhar melhor o país de fora e começa a comparar. Aqui nos EUA, onde eu vivo há 11 anos, é a mesma coisa. As proporções é que são diferentes. A música instrumental aqui vende 500 mil discos, ou seja, é uma fatia muito pequena do mercado americano. A diferença é que aqui existem emissoras de rádio e TV especializadas em música instrumental. Agora,o nível das coisas é que é o grande diferencial. As pessoas no Brasil não estão muito preocupadas com a qualidade. E isso é uma tristeza. Minha preocupação é com o nível. Não estou falando de gênero ou ritmo. É preciso ter tempo para fazer um projeto, sentar e elaborar. Cesar Camargo Mariano & Romero LubamboHoje isso é muito raro. No Brasil isso só acontece através das gravadoras independentes, que também têm uma preocupação com o mercado, mas a visão é diferente. O artista precisa de tempo para ficar dentro do estúdio, para pesquisar, para elaborar um trabalho. Sem correrias...Esse papo de que a gravadora precisa fazer tantos produtos no ano, de que o lançamento tem que ser em tal mês para justificar o investimento é papo para uma indústria normal, de sabonetes, de café, sei lá.... Em música não deveria ser assim. A Biscoito Fino, por exemplo, vai lançar um selo brasileiro de música erudita e isso é maravilhoso! Só uma independente tem esse tempo, esse prazer de fazer um projeto desses.

M&F: Por falar em projetos bem elaborados, você participou da reedição do LP Elis & Tom para o formato DVD-Áudio? Você esperava esse sucesso todo que o álbum tem feito?
CCM: Não e sim. Porque olhando pelo lado do elitismo, você tem uma expectativa. Você pensa: 'que legal que ficou esse projeto, tomara que venda...tomara'. Por outro lado, o público da Elis é muito grande e tem os filhotes, as novas gerações que também são seguidoras do trabalho dela e do Tom Jobim. Se você analisar que eles sempre venderam de 150 a 200 mil discos, a expectativa já muda, já se torna interessante. Mas acho que o mais importante é o formato dessa mídia. Um DVD sem imagem, de alta tecnologia. Isso fez com que a Trama e as outras gravadoras, detentoras do repertórios da Elis e do Tom, se interessassem e a gente com certeza vai fazer mais.

M&F: Você já pode adiantar quais serão os próximos álbuns que passarão por esse processo?
CCM: Infelizmente não, porque existem vários e isso fica numa fila. Depende de muita coisa. É um trabalho enorme. Só a parte da mixagem dura cerca de 6 meses. É um processo delicado, mas existe 3 ou 4 projetos na gaveta que assim que for possível a gente começa.

M&F: Você tem gravado muito com a nova geração da música brasileira (Pedro Mariano, Daniel Carlomagno, Chico Pinheiro, Max de Castro) que chega a te idolatrar. Como fica isso na sua cabeça?
CCM: As vezes me inibe um pouco quando eu realizo isso. Mas para mim é muito natural, não sei se é porque eu estou sempre na ativa... Só se eu parar para pensar, aí sim a ficha cai. Aliás já aconteceu umas duas ou três vezes e a mais recente foi agora durante a gravação do novo disco da Gal Costa (com lançamento previsto para agosto pela Trama). A faixa-etária dos músicos no estúdio e dos técnicos do estúdio era de 20 anos. Todos super competentes, profissionais. Mas um dia eu tinha terminado de gravar e fui ouvir. Aí pensei 'Meu Deus, que super som está isso, está perfeito, uma maravilha' e olho ao redor e vejo um bando de garotinhos, todos prestando muita atenção, dedicados. Isso me emocionou muito, me emociona agora! Quando eu gravei com o Pedro foi a mesma situação. Um dia ele estava gravando voz guia do meu lado e de repente eu olho para ele e o vejo todo suado, cantando com aquela gana toda e passei o olho ao redor do estúdio e estava todo mundo da mesma forma compenetrado. Ah, eu tive que parar e sair do estúdio! São nessas situações que a ficha cai!

M&F: E as novidades que essa juventude traz, como os equipamentos eletrônicos, os samplers. Isso te agrada?
CCM: Totalmente. Meus esquipamentos aqui no meu estúdio estão sempre atualizados. Eu preciso fazer isso, já que sou um produtor, um arranjador. Além disso eu gosto demais disso. No disco da Gal, por exemplo, a gente usou umas seqüências como baterias eletrônicas, muito sutis, mas usamos. Ela também se encantou com aquilo. Meu próximo disco, que será gravado em outubro, será com um quarteto e mais dois DJs e um programador de teclados e sintetizadores. Será um 'onda' dos anos 70, aqueles sambas, mas tudo misturado com possibilidades de remixes. Essas novidades são muito criativas. Eu adoro.

M&F: Você acabou de produzir o novo disco da Gal Costa que está sendo muito esperado pela crítica e pelo público. Você sente uma certa responsabilidade de ser o produtor desse disco?
CCM: Sempre que você 'mexe' com uma cantora como a Gal é uma responsabilidade muito grande. Mas é normal. Esse disco não foi por acaso. Estou conversando com a Gal faz dois anos. Ela tem um apartamento aqui e sempre que ela vinha para cá nós discutíamos muito sobre esse trabalho. É assim que eu gosto de trabalhar. É delicado porque só irá trazer músicas inéditas, compositores da nova geração, um frescor que eu propus e ela concordou. A Gal ficou muito contente com o resultado, era exatamente o que ela queria. Só que o disco é dela, meu nome não irá sair na capa. Mas existe um certo peso em todo trabalho que a gente participa, não dá para negar.

Danilo Casaletti - extraído do site Revista Quem
Assista à alguns vídeos no hotsite do projeto

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Cesar Camargo Mariano & Romero LubamboDuos can be tough to pull off, especially for a whole CD, and piano/guitar duos are tougher still. It takes a special kind of mutual craftmanship and understanding for two chordal instruments to make music together without getting in each other's way. Cesar Camargo Mariano, one of Brazil's most respected arrangers and composers (and the widower of the legendary Elis Regina, that country's Edith Piaf), is also a fine player whose uncluttered approach works perfectly with that of Lubambo, the elegant first-call, New York-based Brazilian guitarist. Both have an impeccable sense of rhythm and a soulful, romantic delivery, and have played together often in Mariano's quartet. If anybody can make this format work, it's these two. And they do.

There's some gorgeous stuff on here, like Mariano's "Choro #7,"the wistful "Era Bom," and a fast-flowing "Joy Spring." Lubambo's composition, "Mr. Jr.," is darkly exciting and wonderfully intricate, as is "April Child," while Mariano's "O Que E..." is jubilant. Jobim is well-represented in a dreamy, swaying "Fotografia" and one of the most tender arrangements of "Wave" I've ever heard. Taken slower than usual, it highlights its subtle harmonic beauty. This Duo makes a rich, very satisfying combination. The warm friendship between the two is audible and enveloping.

Judith Schlesinger - extracted from All About Jazz
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