30 abril 2009

Gilson Peranzzetta - Canção da Lua (2000)

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Gilson PeranzzettaGilson Peranzzetta, que é pianista, maestro e compositor, nasceu no Rio de Janeiro em 1946. Como sua família era de músicos, começou a tocar acordeom e piano na infância, tendo feito suas primeiras composições aos 15 anos. Formado pelo Conservatório Brasileiro de Música, alia a técnica erudita ao jazz, atuando como compositor, pianista, arranjador e orquestrador ao lado dos maiores nomes da música brasileira.

Nos anos 60 integrou o grupo Tema Três, tocou com o cantor Taiguara e com o conjunto Central do Brasil, com quem viajou à Europa. Trabalhou durante muitos anos ao lado de Ivan Lins, como tecladista e arranjador.

Como compositor, teve músicas gravadas por Djavan, Edu Lobo, Leny Andrade, Sarah Vaughan, George Benson, Dianne Schurr, Quincy Jones, Toots Thielmans, Shirley Horn e outros, excursionando ao Japão, Europa e Estados Unidos para divulgar seu trabalho.

Como solista gravou 25 discos desde 1967. Trabalha também com música erudita, tendo apresentado em 1997 as suítes "Miragem", para piano e orquestra, e "Metamorfose", para piano e quarteto de cordas. Recentemente criou sua própria gravadora, a Marari Discos.

Extraído do site Clube de Jazz
Para mais informação, visite o site do Gilson Peranzzetta

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David ChewOne of the most requested contemporary arrangers and pianists of MPB, Gilson Peranzzetta has had classical training since he was a child, also being heavily influenced by jazz and Brazilian instrumental music. As a composer, he has had his songs recorded by Djavan, Edu Lobo, Leny Andrade, Sarah Vaughan, George Benson, Dianne Schurr, Quincy Jones, Toots Thielemans, Shirley Horn, and other artists. He has been touring extensively through the U.S., Europe, and Japan. His classical compositions include the suites "Miragem" (for piano and orchestra) and "Metamorfose" (for piano and string quartet).

In the '60s, Peranzzetta was a member of the group Tema Três, also playing with Taiguara. He toured Europe with the group Central do Brasil, and became Ivan Lins' arranger and pianist for several years. His longtime affinity for guitarist Sebastião Tapajós yielded the most interesting album in duo with him, Afinidades.

Alvaro Neder - extracted from All Music Guide
For more info, visit Gilson Peranzzetta's site

28 abril 2009

Eumir Deodato - Percepção (1972)

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Eumir DeodatoEumir Deodato baixou em Pernambuco, onde tocou pela primeira vez, depois de passar por Riga, na Latvia ("Um paisinho entre Estônia e Lituânia, onde estão as mulheres mais bonitas do mundo. Eu confirmei isso. Achei umas feias, mas comprei passagem de avião para elas") e por Baku, no Azerbaijão (onde descobriu o túmulo de famoso personagem de sua música, Zaratustra, ou Zoroastro). Depois de muito tempo apenas como um mago dos estúdios, aos 65 anos voltou com tudo à carreira de instrumentista, e seu show é superfunky, ultra-suingado, cheio de groove.

"Resolvi, de uns 5, 6 anos para cá, aceitar convites para tocar. Geralmente, o maior trabalho que eu tinha era ir ao banco depositar os meus cheques", ele diz. Segundo Eumir, o sucesso de arranjos como o das músicas Celebration e Too Hot, do Kool and the Gang, ainda rende um bocado.

Mas o germe do performer venceu, e ele está de novo no palco. O responsável por dar um empurrão no Eumir tecladista foi Charlie Carlini, diretor das casas Blue Note de Nova York e de outros países do planeta. "Ele implorou para que eu tocasse na Blue Note de Bolonha", contou.

Uma vez, Miles Davis se apoderou de umas composições do Hermeto Pascoal, como Igrejinha, e só foi dar o crédito na Justiça. Isso aconteceu muito nos Estados Unidos?
Muito. Eu evitei um problema desse. Foi com a música do Toninho Horta, Beijo Partido, que foi gravada pelo Earth, Wind & Fire num disco para o qual eu fiz arranjos. Deram outro título no disco (Brazilian Rhyme), e eles não queriam dizer que a música era do Toninho Horta. Não era a música toda, era só a harmonia que eles usaram, e eles me disseram: "Mas ninguém sabe que é dele." E eu respondi: "Ninguém sabe, mas eu sei. O Maurice White me falou." Eles não queriam. E como esse disco vendeu milhões e milhões... Era o All?n All (1999), aquele que tem a pirâmide egípcia na capa. No fim deram (o crédito), mas deram errado. Tinha uma música do Milton Nascimento no disco (Ponta de Areia), então deram que era também do Milton. Deu mais confusão ainda.

Então essas parcerias têm dois lados?
Lógico que tem. O Stan Getz era um cara conhecido, meio apagadinho, e subiu no cavalo da bossa nova e começou a galopar. E deu certo. Aí, começou a trabalhar com a Astrud, com o João. E o Stan Getz começou logo a dar em cima da Astrud, era um malucão, não é?

Mas eles tiveram um caso?
Não sei se se pode chamar de caso. O que entendi é que ele tentou forçar alguma coisa com ela. Mas de qualquer modo eles se separaram, dizem que por conta disso. Eu sei lá.

Tem notícias da Astrud?
Sei que ela tá vivendo na Filadélfia com o filho, Anthony, que teve com o outro marido, o Mick Lasorsa. Foi o segundo marido da Astrud, do qual ela também se separou. Astrud sempre teve muito problema para cantar, ficava muito nervosa. Trabalhei muito com ela, foi uma das pessoas que mais me ajudaram nos Estados Unidos. Os outros foram Luiz Bonfá e Tom Jobim, meus três melhores amigos lá.

E o Moacir Santos? O sr. teve contato com ele?
Cheguei a vê-lo quando ele ainda estava em Nova York. Quando foi para Los Angeles, nunca mais tive contato. Não sei se se estabeleceu. Tem muita gente que nasceu nos Estados Unidos e nunca se estabeleceu. Eu achei que ele devia ter ficado em Nova York, eu o aconselhei. Mas tem muita gente que, quando dá aquele ventinho de novembro, todos vão para a Califórnia. Para ir ao churrasco do Sérgio Mendes. Porque a vida na Califórnia é assim, não é? Você acorda às 3 horas da tarde, vai na piscininha, toma um banhozinho. É fácil, toda casa tem. Sai, seca, senta ao telefone, mas aí já passou das 5 horas, não tem mais ninguém no escritório. Então, vai tentar descobrir onde é que é a feijoada hoje. Muita gente foi assim. Tiveram de voltar, porque o dinheiro acaba. A não ser que seja gente rica. Hábitos de trabalho e filosofia de vida. É isso que pode fazer vingar um músico nos Estados Unidos. Apareceu uma oportunidade de eu sair do Brasil e eu saí.

Quem tem vindo aqui é Dom Salvador. A vida dele não foi muito fácil nos Estados Unidos, foi?
Ele toca num clube, acho que perto da Ponte do Brooklyn. Um grande músico. E simpaticíssimo. Conheci ele aqui. Fazia coisas com Luis Fernando Freire. Até outro dia tava com ele numa festa, ele me apresentou a filha, a esposa. A questão não é só tocar bem ou não. Tem de ser muito disciplinado, muito organizado. O pessoal tá competindo. Quando você não é organizado, tem 20 caras ali. Lá a sobrevivência é muito difícil. É um campo agora muito machucado, por causa da queda da indústria musical. Não é que esteja ruim: acabou. Ninguém entendeu ainda. Para reexistir, vai ter de começar do zero e de outra maneira. Estive ontem com o chefão da EMI e a gente tava discutindo processos de como reativar a coisa. Continuamos a conversar. A partir do MySpace, como eu te disse. Tenho vários amigos na EMI. Conversamos sobre possibilidades, o que pode ser feito. Existe ainda a palavra disco? Tem o mesmo significado que antes? Não. Ninguém faz mais, grava direto no computador e põe na internet. Tem muita gente que vem me trazer um disco. "Posso te dar o meu disco?" Eu pego, o que fazer?

Como o sr. vê essa nova situação tecnológica?
Em Milão, toquei com um conjunto de sete músicos. Depois do show, vi que não só um, mas muitos pais vinham com o disco, e os filhos vinham com o CD. Aí eu olhava e perguntava: "Mas isso é meu?" Quase tudo é pirata. O menino dizia: "Meu pai me mostrou sua música e eu comprei esse. Eu adoro sua música." O que me mostrou várias coisas. Por exemplo: que não precisa ficar fazendo disco. Muito pelo contrário. Eu não consigo imaginar como é que vou tocar um show sem essas minhas músicas (Assim Falava Zaratustra, One Note Samba, Wave, Dindi, Whistlebump, Super Strut, Do It Again). Você faz um disco novo, e a maioria não o conhece, nem vai conhecer, porque não tem distribuição musical, a indústria do disco está morta. Outra vez. Há 20 anos eu já falava isso. E agora morreu de vez. Até encontrar outro caminho. As gravadoras sempre me pedem para fazer um disco, mas eu acho besteira fazer disco. Então meus discos são todos piratas, ou cópias, ou relançamentos ou compilações. A maioria, compilações piratas. No Brasil mesmo tem várias. Felizmente tô conseguindo reorganizar tudo isso. Tomei as rédeas, por exemplo, dos discos dos Catedráticos, conjunto que tive nos anos 60, um conjunto de estúdio. E eu acabei de licenciar. Por pouco que seja, já é alguma coisa. Aconteceu com uma companhia que se chama Atração. Refizeram todas as capas, ficou bonito. Isso aí pelo menos eu agora tenho controle.

O que pensa da comercialização de música pela internet?
Outro dia fui no iTunes e fiquei pasmo, tinha páginas com minhas músicas. Coisa que nem sei o que é. Aí vou escutar e ah! Eles botaram coisas que nem são minhas como artista, são de outros, eu fiz apenas a produção, ou botei arranjos, ou toquei. O problema dessas lojas virtuais é que quem ganha dinheiro são as companhias de cartões de crédito, os que estão vendendo. Não é o artista. Mas na internet tem coisas muito interessantes. O MySpace, por exemplo. Lancei minha página outro dia e já tenho lá 100 mil visitas. Amigos à beça. E eu me comunico. Não sei simplesmente botar no automático. As pessoas gostam disso. Tem gente aqui em Olinda que vai ao concerto, ao workshop. Como é que essa gente ia saber de mim? Eles sabem pelo MySpace.

Isso afeta o seu trabalho como produtor? Como arranjador?
Que trabalho como produtor? Não tem mais trabalho. Só se eu estiver enganando alguém. "Ô, eu faço arranjo para o seu disco!" Só se eu estiver mentindo. Selo não existe mais, só se for selo postal. Só o selo de lamber (risos). Mas tem gente que é safa, né? Aqui mesmo, o Menescal é um deles. Começou esse selo dele há anos e anos e foi acumulando um acervo. Isso aí vale muito dinheiro. A gente esqueceu um país que ainda faz isso seriamente que é o Japão. Eles gostam de colecionar, de comprar. Esses acervos assim, tipo o que o Menescal fez com o Albatroz, isso aí vale muito dinheiro. Mas ele é muito safo, sempre foi. Enquanto todo mundo fica pensando que ele está andando de barquinho, está lá no escritório dando telefonemas.

Qual é sua opinião sobre a comemoração dos 50 anos da bossa nova?
A bossa nova é só um gancho. Não sei se é 51, ou 49 e meio, ou 53 anos. A partir de quando existiu bossa nova? Do disco de João Gilberto? Começa ali? Johnny Alf era bossa nova? Porque ele já fazia coisas, não?

Quais foram seus projetos mais recentes como arranjador?
Quase tive um projeto com discos de Chet Baker. O Bruce Lundvall, cabeça da Blue Note, me mandou uma pilha de discos de Chet Baker, eu selecionei os que tinham possibilidades de eu fazer arranjos de cordas, um grupo de cordas pequeno. Porque naquela época que ele gravou não havia muita preocupação com afinação, com precisão de tempo. É um projeto difícil, eu teria de fazer os arranjos de acordo com a afinação daquele momento. Tinha muita coisa gravada ao vivo. Seria muito especial, mas aí, depois de tudo aprovado, tinha de ter a assinatura da viúva, que não aprovou. Não quer mexer no acervo de maneira nenhuma. Isso foi há um ano e meio.

O sr. acha que a batida da bossa teve influência direta de gente como Chet Baker?
Ah, isso aí tem muita gente. Posso dizer, até mesmo, de onde vêm aqueles acordes que o João Gilberto faz. Do Barney Kessel, um disco que mais marcou aqui no Brasil, no tempo em que a Musidisc começou a lançar disco estrangeiro foi o disco do Barney Kessel com a Julie London. Se você escutar, vai saber exatamente de onde veio. Ih, olha aqui! Ninguém sabe disso. Mas eu escutava os dois. Barney Kessel fazendo os acordes, aquele tipo de harmonização, e a partir daí teve muita gente que foi nessa, e às vezes nem sabem de onde vem.

Quem É Quem
Conheça abaixo quem são os músicos e artistas citados por Eumir Deodato em sua entrevista:

STAN GETZ: Stanley Gayetzky, o Stan Getz, era um saxofonista da Filadélfia que gravou o disco Getz-Gilberto, um dos mais conhecidos da bossa nova. Morreu em 1991.

HERBIE MANN: Flautista que morreu em 2003, de câncer, foi parceiro de Tom Jobim e de Baden Powell. Seu jeito suave de tocar o tornou sempre associado à bossa.

BARNEY KESSEL: Guitarrista de Oklahoma, seguidor de Charlie Christian, morreu em 2004.

JULIE LONDON: Atriz e cantora americana, atuou com Gary Cooper e outros astros. Morreu em 2000.

RAY GILBERT: Letrista que trabalhou com artistas da bossa nova, ganhou um Oscar com a canção Zip-a-Dee-Doo-Dah, do filme Song of the South, de 1947.

MOACIR SANTOS: Arranjador, compositor, maestro e multiinstrumentista, nasceu em Serra Talhada, em Pernambuco, em 1924, e morreu na Califórnia, em 2006.

Jotabê Medeiros - 21/09/2008 - extraído do jornal Estadão
Para mais informação, visite o site do Eumir Deodato

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Eumir DeodatoBrazilian-born Eumir Deodato has racked up 16 platinum records to his credit as artist, arranger or producer with combined sales of well over 25 million records in the USA alone. His discography, including compilations and all his work as arranger, producer and keyboardist, surpasses 450 albums. He has also had the honor of performing with the St. Louis Symphony (which backed him on his superb Artistry album), the Cincinnati Symphony, the New York Philharmonic and the Orchestra di Musica Leggera dell'Unione Musicisti di Roma. In addition, several artists over the years have covered his songs, including George Benson, Lee Ritenour, Sarah Vaughan and The Emotions to mention just a few.

And yet, in spite of all of his varied triumphs, honors and distinctions over the years, the multi-talented, multi-instrumentalist will probably forever be associated with one song - his innovative rendition of Richard Strauss' classical opus “Also Sprach Zarathustra” (or more commonly known as the theme to 2001: A Space Odyssey). That single compelling song, which first appeared on his 1973 debut album for CTI “Prelude,” sold at least five million copies and earned Deodato his first Grammy Award, instantly moved him to international stardom and setting a course for his remarkable ongoing career in music. Thirty years later, that same tune has found its way into the repertoire of the jam band Phish, a testament to Deodato's enduring influence.

Born in Rio de Janeiro, Brazil, from Italian and Portuguese origin, Eumir Deodato got his start by playing the accordion at age 12. Shortly thereafter, he started studying piano as well as orchestration, arranging and conducting. Strictly self-taught, he immersed himself in theory books while spending countless evenings sitting behind orchestras and carefully observing how each part was played. His first break came at age 17 when he arranged and conducted his first recording session for a 28-piece orchestra. It wasn't long before Deodato became one of the most active and respected arrangers and pianists in Rio's busy music scene, recording for such artists as Milton Nascimento, Marcos Valle, Elis Regina and Antonio Carlos Jobim.

In 1968, Deodato moved to New York and began working with Luiz Bonfa, the legendary composer of Black Orpheus, while also doing extensive studio work for Astrud Gilberto, Walter Wanderley, Antonio Carlos Jobim, Marcos Valle and many other Brazilian artists who were living in the Big Apple at the time. When writing the arrangements for Astrud Gilberto's “Beach Samba,” he became acquainted with producer Creed Taylor, who hired him to arrange for other CTI artists like Wes Montgomery, Stanley Turrentine, George Benson, Paul Desmond and Tom Jobim. His reputation in the fields of pop and black music was strengthened by his arrangement work for Frank Sinatra (Sinatra & Co.), Roberta Flack (Killing Me Softly, Chapter Two, Quiet Fire) and Aretha Franklin (Let Me In Your Life).

Following a performance at the Hollywood Bowl with the CTI All-Stars Band in 1972, Deodato started recording his record. His debut appearance as a leader, billed as 2001 Space Concert, was held at the Madison Square Garden in New York City in 1973.

After seven years of world-wide touring (including Australia, Japan, Canada, South America, Europe) and eight coast-to-coast tours of the States, Deodato decided to concentrate on studio work once again. Besides highly successful solo albums for the CTI, MCA, Warner And Atlantic labels, his work as a producer/arranger earned him several more laurels. One of his first productions was Kool & The Gang's #1 pop single Celebration. He followed that success with production or arranging work for Earth, Wind & Fire, Michael Franks, Gwen Guthrie, Chuck Mangione, Breakfast Club, The Dazz Band, One Way, Con-Funk-Shun, Kleeer, Pretty Poison, Kevin Rowland (Dexy's Midnight Runners), White Lion and Brenda K. Starr, for whom he produced the pop hit I Still Believe in 1987. Deodato also had three other multi-platinum albums for Kool & The Gang's Ladies' Night, Something Special and As One.

In the 90's, Deodato continued to be a vital force on the pop scene through his work with Icelandic singer Bjork. In addition to arranging her last three albums: 1995's Post, 1996's Telegram and 1997's Homogenic, Deodato produced a highly praised acoustic version of Bjork's “Isobel,” sub-titled Deodato Mix, which became a club scene favorite. He has also produced material for French singer Clementine (also touring Japan with her as a special guest in 1994), arranged and produced a top 10 single for Brazilian singer Gal Costa (1996) and has performed as guest conductor with Bjork both in Brazil (1996), and in the States at the Tibetan Freedom Concerts at Downing Stadium (1997). In 1998, Deodato arranged for Brazilian pop acts Titans (Vol. II, with sales over 500,000 copies) and Carlinhos Brown (Omelete Man) as well as for the latest album by pop-rock band Penelope Charmosa (released in 1999). He was also special guest on a project by Japanese pop star Akemi Kakihara, recorded in London during the summer of 1998. In 1999, he scored Bossa Nova, a Bruno Barreto film starring Amy Irving, and the following year produced the CD of that score for Verve Records. His most recent projects including production work for French rock singer Damien Saez, Brazilian-Japanese singer Lisa Ono and for jazz singer Ann Hampton Callaway.

Deodato has also worked on several movie scores, including The Onion Field, The Black Pearl, Ghostbusters II, White Nights, The Girl From Ipanema, The Adventurers (recorded with A.C. Jobim and the London Symphony Orchestra), The Gentle Rain, Target Risk, The Reporter, Beat Street, Body Rock and Bossa Nova. His recordings have also been widely used on major movies such as Being There and The Exorcist.

In November 2001, Deodato participated in a benefit concert in New York City where he played only 1 song (Also Sprach Zarathustra: 2001). The reaction was so fantastic he got encouraged to go back doing concerts. By 2002 he lined up a few selected presentations, starting with a concert at the Vienna Opera House, as part of the Vienna Summer Jazz Festival. That was followed by Villach (Austria), Pori (Finland), The Hague (North Sea Jazz Festival), and many others that followed, like Capetown (South Africa), Rome and Rimini (Italy), Amenia, NY (World Peace Organization), Antigua, Guatemala etc.

Meanwhile, in 2002 he worked with Milton Nascimento in Rio de Janeiro, which generated a Latin Grammy for the song Tristesse as best Brazilian song of the year, then miscellaneous work with different artists, including Barbara Mendes, Ana Carolina, Fernanda Abreu and more recently, KD Lang for her record released in 2004.

In 2007 Brazilian Record company “Biscoito Fino”, releases the “Deodato Trio in Rio” CD and DVD (end of month), filmed and recorded at the Sala Cecilia Meirelles in Rio last Summer, featuring Marcelo Mariano on Bass and Renato Massa on Drums. It also includes performances of some of the most memorable Antonio Carlos Jobim's songs and also comemorates his postumous anniversary. Verve has also released “Do It Again.”

Extracted from AllAboutJazz.com
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27 abril 2009

Marvio Ciribelli - Theo e Seu Tio (2001)

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Marvio CiribelliEm "Theo e seu Tio", Marvio Ciribelli viaja pelos ritmos brasileiros. Do samba ao frevo, do baião ao choro e a bossa nova, Marvio também apresenta misturas pouco usuais, o sambaião, o xote-blues e o samba-tango. O destaque do CD é a qualidade das composições, solos e arranjos, criados por Marvio Ciribelli (piano e órgão Hammond), Marcio Bahia (bateria e percussão), Dudu Lima (contrabaixo) e Paulo Williams (trombone).

Marcio Bahia, há quase 25 anos, é o baterista do grupo que acompanha Hermeto Pascoal, sendo considerado pela crítica internacional, um dos melhores bateristas do mundo, na atualidade. Marcio também tocou com Maria Bethânia, Roberto Menescal, Wanda Sá, Marcos Valle e Dino Rangel, Zélia Duncan e Hamilton de Hollanda. Dudu Lima, contrabaixista de Juiz de Fora – MG, já tem 2 CDs lançados pela Mantra: Regina (2000) e Nossa História (2004). Dudu destacou-se no Búzios Jazz & Blues Festival tocando ao lado do famoso guitarrista norte-americano Stanley Jordan e até hoje, faz parte do grupo que o acompanha quando vem ao Brasil. Paulo Williams vem de São Gonçalo – RJ, e toca com Marvio há 16 anos. Acompanhou muitos artistas brasileiros como Alcione, Elba Ramalho, Cidade Negra, Tim Maia, Kid Abelha, João Penca e Sandra de Sá, além dos estrangeiros Julio Iglesias e Chris Montez.

Vários convidados valorizam o trabalho do quarteto. Rogério Fernandes, que toca com Marvio há 17 anos, também é de Niterói – RJ, e participa da faixa Campeão (homenagem a Hermeto Pascoal) tocando baixo elétrico fretless, sua especialidade. Rogério participou da produção e da mixagem do CD e já tocou com artistas como Antonio Adolfo, Sueli Costa, Nilze Carvalho, Claudio e Cristina Latini, Nelson Gonçalves, Áurea Regina, Glória Lattinni, Zé Netto e os grupos Maite-Tchu e Vozes. O saxofonista Tino Jr. se destaca na música Sambaião, de Marvio, Dudu e Bahia e também no baião Campeão. Marcelo Martins, saxofonista que tocou com Djavan, se destaca em Subindo a Serra e Piratininga, sambas de concepção moderna do baterista Marcio Bahia; o trompetista Henrique Manso Jr, neto do Maestro Pedro Motta (da Orquestra do Instituto Abel, em Niterói – RJ), primeiro professor de Marvio Ciribelli, também se destaca em Piratininga; Marvio Ciribelli escreveu vários naipes de trombone, realizados por Johnson de Almeida e pelo próprio Paulo Williams; Ronaldo do Bandolim, dos grupos Época de Ouro e Trio Madeira Brasil, é o solista da faixa "Fazendo o que Gosta", também parceria do trio Marvio, Dudu e Bahia, música que, mais tarde, cedeu o nome para o Projeto realizado no Bar Orquídea.

O repertório do CD também conta com o choro Theo e seu Tio, composição de Marvio em homenagem ao seu sobrinho, música que destaca o baixista Dudu Lima. O Xote Blues, Orx Samba, o baião Feiticeira, o samba-tango Luz de Velas, o samba canção Simone são as outras composições de Marvio presentes no disco. Novidade também é o arranjo de Marvio (de quase nove minutos) para o Choro O Corta Jaca, de Chiquinha Gonzaga, com um incrível solo de bateria feito por Marcio Bahia.


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Marvio CiribelliBrazilian jazz musician Marvio Ciribelli studied music composition with Armando Quezada and classical piano with Aurélio Silveira. Later on, he studied with the piano players and composers Antônio Adolfo, Luizinho Eça, and Ian Guest. Among the influential Brazilian musicians he has worked with, it can be mentioned, are Alex Malheiros (Azymuth), Altay Veloso, and Vanessa Rangel. Having recorded a special for the Canadian TV with Maria Eugênia, Ciribelli also has performed internationally. In Brazil, he played for 5,000 people at the Parque da Catacumba (Rio de Janeiro) in 1989, and participated in several jazz festivals like the Vitória Jazz Festival (Espírito Santo, 1994) and the Maceió Festival (Alagoas, 1995, where Ciribelli coordinated workshops presided by Florida University teachers). He also played at the Montreux Jazz Festival (Switzerland) in 1993 and 1994. Toward the end of 1995, he participated in a special concert for Princess Sayako of Japan. As a member of the International Association of Jazz Educators/IAJE, Ciribelli has been teaching workshops on piano and Brazilian music for students and professional musicians worldwide. He also has writen songs in collaboration with Marcos Valle, Alex Malheiros, Luiz Eça, Ian Guest, and Dom Chacal.

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M. Takara - Conta (2007)

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Maurício TakaraReza o Tao, de Lao Tsé-Tung, que "procurando sem enxergar, diz-se que é escuro; escutando sem ouvir, diz-se que é fraco; tateando sem tocar, diz-se que é sutil." E sutil é a música de m.takara em seu terceiro álbum, "conta", primeiro lançamento do selo Desmonta.

Maurício Takara é o filho mais novo de uma família de notáveis. Seu irmão mais velho é Daniel Ganjaman, músico e produtor; Fernando, o do meio, trabalha como baixista do CPM 22, entre outras atividades. Takara, apesar de novo, já tocou com uma pá de almas, desde sua banda de adolescência Hurtmold até o projeto com Rob Mazurek, sp underground, passando pela entidade Otto e pelo espectro multi-espiritual coletivo Instituto.

Mas não é isso o que impressiona neste paulistano de Pinheiros: ele, apesar de novo, já tem uma história sólida com o seu projeto m.takara, uma linguagem musical reconhecível, um estilo definido.

E é aqui que começam os meus problemas: como definir o estilo de m.takara? Desafio qualquer leitor que o faça. Muitos já tentaram e não foram felizes. É, de fato, difícil que um punhado de palavras sintetize o seu trabalho musical. Takara aproxima-se dos gêneros - do rock, do jazz, do minimalismo eletrônico - sem, todavia, incorporá-los de todo ao seu som.

O seu estilo parece não sustentar estilo algum. Ou melhor, pela tangente destes estilos, parece aparecer outro, um novo. O autor de uma das resenhas sobre o disco bem que tenta defini-lo, provoca a "crítica especializada", cita referências (que vai da rua até o cinema), mas tampouco logra alguma pista. Procurando sem enxergar, diz-se que é escuro.

Talvez por estar cansado de ouvir sempre a mesma pergunta - "como você define o seu som?" - o artista nos dá uma chance ao dizer que faz "música de livre associação". E o que Takara nos conta, nas entrelinhas, ao afirmar isso? Que a livre associação refere-se mais à maneira de ouvir, do que propriamente ao seu modo de produzir. É o seu jeito elegante de dizer que o rótulo pouco importa, que não percamos tempo em tentar decodificar o que sai de sua experimentação. Que se escute sem se preocupar com as definições. Escutar sem ouvir, afinal, diz-se que é fraco!

"conta", se não é o mais radical de seus discos, é, sem dúvida alguma, o melhor produzido. Se alguém o interpretou como acessível, quis dar um boi ao pop. E não é o caso aqui ser pop ou não: a música é boa, bem produzida e isso transcende qualquer gênero. Há ao longo do disco, por certo, repetições rítmicas e melódicas, uma insinuação de padrões e de ordem. Mas está lá, intacto, o 'processo m.takara': a experimentação, a soma dos sons, as camadas de ruídos, a combinação caótica de timbres e de construções harmônicas (timbres e harmonias que, por vezes, lembram o projeto-primo Prefuse 73). Qualquer nuance de ordem é delicadamente esbarrada pelo caos, o senhor absoluto deste processo.

E, como sabemos, o caos só faz sentido enquanto não parece ordem. O apuro e o detalhamento com que o disco foi tratado só enriquecem a escuta. Ao largo de qualquer definição, m.takara nos apresenta uma música poderosa, caótica, livre, sem tentar encapsulá-la em algum gênero. Tateia os sons sem os tocar. Diz-se, de um sujeito assim, ser sutil.

Rodrigo Silveira - 09/03/2007 - extraído do site Terra Magazine
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Maurício TakaraMauricio Takara has been involved within the Brazilian music scene for many years, predominately on drums and percussion, but also as an electronic programmer, and occasionally on trumpet. He's collaborated with a vast range of local and worldly artists, such as: Otto, Damo Suzuki, Cidadao Instigado, Nana Vasconcelos, Thomas Rohrer and Nacao Zumbi. He's toured Europe (including Sonar festival in Barcelona, Roskilde in Denmark, Womex in Seville & Club Transmediale in Berlin), the U.S., India (World Socials Forum) and of course Brazil. He's released 2 solo records under the name M. Takara for the Brazilian labels Submarine & Slag Records, 4 with his 6 piece group Hurtmold (including a split with Chicago's The Eternals) and recently the first record with the band Sao Paulo Underground (with the artist Rob Mazurek, from Chicago). He's currently working on a 'J.T. Meirelles' remix record (60's Brazilian samba-jazz saxophonist) with the group Instituto.

Extracted from Vizinhos
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16 abril 2009

Antonio Carlos Jobim - Wave (1967)

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Tom JobimParcialmente criado em Los Angeles, mas gravado na Costa Leste, nos estúdios Rudy Van Gelder (Englewood Cliffs, Nova Jersey), em 11, 23, 24 de maio e 15 de junho de 1967, novamente para Creed Taylor, Wave foi o quarto LP solo americano de Tom e o terceiro com arranjos de Claus Ogerman.

Meio jazzístico no seu improviso, nem por isso deixou de ser um de seus discos mais essencialmente cariocas, na verdade um preito amoroso ao Rio, à sua paisagem, às suas águas e céus azuis, à bonomia dos seus habitantes, ao ensolarado e edênico ambiente onde Tom passou a infância e a adolescência, nadando e pescando entre a Lagoa Rodrigo de Freitas e a praia de Ipanema. Um disco marcado pela intensa saudade que, na América, Tom sentia de sua cidade, dos bares em que conversava fiado com Vinicius e outros parceiros só de papo, pachorra e chope. Até dos primeiros tempos da Bossa Nova ele sentia falta, a tal ponto que numa das faixas, "Blusa vermelha" ("The Red Blouse"), perfeita trilha musical para um travelling à beira-mar, enxerta notas de "Só danço samba", "Fotografia", e cita alguns acordes de "Rio" e "O barquinho", dois clássicos da fase sal-sol-sul da Bossa Nova, assinados pela dupla Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli. Em outra, "Batidinha", homenageou a singular batida de violão de Rosinha de Valença, que aprendera com a própria violonista.

Dando título ao disco, um tema que não sugere ondas e ondulações apenas no título, mas que de outras coisas passaria a tratar quando, com letra em português, ganhou o subtítulo de "Vou te contar", única contribuição de Chico Buarque, que se sentiu inibido para escrever os demais versos que Tom lhe encomendara. Acompanhado por uma orquestra com 13 violinos, quatro cellos, dois trombones, três flautas, uma trompa, um parceiro de Miles Davis no baixo (Ron Carter) e a bateria dividida entre os brasileiros Dom Um Romão e Claudio Sion e o americano Bobby Rosengarden, Tom tocou piano ou violão em nove das dez faixas. Abriu uma exceção em "Antigua", abrasileirada visão de uma ilha do Caribe, quando pela primeira e última vez aventurou-se a dedilhar um cravo.

Em meio a composições então meio esquecidas, como "Olha pro céu" ("Look to the Sky"), que Lana Bittencourt lançara sete anos antes, e um tema de Orfeu da Conceição, "Lamento", repontam mais quatro novidades: "Triste", "Mojave", "Diálogo" e "Capitão Bacardi". Metafórico samba bossa nova sobre o medo de voar, apaixonar-se e vice-versa, "Triste" foi composto, com letra e tudo ("Tua beleza é um avião…"), em apenas uma tarde. "Mojave" é uma saltitante valsa, em compasso 6/8, inspirada pela forte impressão que o homônimo deserto de Nevada deixara em Tom. Executada por duas flautas baixas e com algumas notas roubadas a "Bonita", é uma das raras faixas em que não se ouve um solo do trombonista Urbie Green, que em "Diálogo" deleita-se num dueto com a flauta baixa de Romeo Penque, e em "Capitão Bacardi" ajuda a apimentar, no melhor estilo Raul de Barros, um samba rasgado (com cuíca e tudo), que Tom compôs em homenagem ao cunhado Paulo, primeiro marido de Helena Jobim, mais conhecido como Paulo Bacardi.

Texto extraído do site oficial do Tom Jobim
Para mais informação, visite o site do Clube do Tom

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Tom Jobim : by João LuisWhen Creed Taylor left Verve/MGM for his own label under the auspices of A&M, he quickly signed Antonio Carlos Jobim and they picked up right where they left off with this stunningly seductive record, possibly Jobim's best. Jobim contributes his sparely rhythmic acoustic guitar, simple melodic piano style, a guest turn at the harpsichord, and even a vocal on "Lamento," while Claus Ogerman lends a romantically brooding hand with the charts. A pair of instant standards are introduced ("Wave," "Triste"), but this album is to be cherished for its absolutely first-rate tunes — actually miniature tone poems — that escaped overexposure and thus sound fresh today. The most beautiful sleeper is "Batidinha," where the intuitive Jobim/Ogerman collaboration reaches its peak. One only wishes that this album were longer; 31:45 is not enough.

Richard S. Ginell - extracted from All Music Guide
For more info, visit Clube do Tom

14 abril 2009

Baden Powell - Tempo Feliz (1966)

Capa do disco
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Maurício EinhornEra uma madrugada morna, dessas típicas de janeiro. Estavam aqui em casa Badeco, Teresinha e um rapaz muito tímido de nome Maurício, com gaitas de todas as espécies, mas também com desculpas de todas as espécies para não usá-las.

O papo transcorria alegre e banhado de música e uísque. Dado momento, a coisa realmente "engrenou". Baden mandou uma brasa firme no violão e Maurício desencabulou inteiramente. Eu pensei: Meu Deus, como gostaria de estar, agora, num estúdio e poder levar toda essa euforia ao público. Imediatamente telefonei a Wadi Gebara (apesar do adiantado da hora) e chamei-o para que participasse de tudo. Mal chegou, Wadi não pôde deixar de se contagiar. Trocamos algumas idéias e concluímos que o disco "A Volta de Baden", que há muito havíamos planejado, estava maduro, deveria entrar em estúdio logo, e pela experiência que havíamos tido, com a participação efetiva de Maurício Einhorn.

Na realidade, este disco tem de ser o grande esperado do público, pois representa o retorno de Baden aos estúdios, desde seu regresso de Paris, há dois anos. Embora ele tenha gravado em "shows" aqui e ali, ou como acompanhante, esse é, realmente, o seu primeiro disco em mais de dois anos, como solista. E por isso mesmo, para demonstrar toda a evolução pela qual passou, perpetuou de uma maneira definitiva temas conhecidos, como no caso de um "Vou por aí" ou "Consolação". Na realidade apenas não denominamos o LP de "A Volta de Baden" para não cair no lugar comum. Pensamos ainda em "Baden encontra Maurício", mas achamos finalmente que o mais plausível seria batizá-lo de "Tempo Feliz", pois esse é o tempo em que as músicas foram levadas e esse foi o nosso estado de espírito desde o momento em que decidimos tudo o que aqui está.

Roberto Quartin, Forma - 1966 - texto extraído da contra-capa do disco

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O gaitista Maurício Einhorn é o convidado de honra e toca em quatro das oito faixas, todas gravadas entre os dias 24 e 25 de janeiro de 1966. O disco é uma grande jam session (confiram a edição revista e ampliada de "Consolação") com exposição dos temas e criação livre de Baden, Edison Lobo (baixo) e Chico Batera. Este, na época, justificando o apelido, mandava na bateria, mas depois especializou-se na percussão. Entram também a produção pós-Paris com Vinicius ("Deixa" e "Tempo feliz"), uma parceria com o produtor Aloysio de Oliveira "Vou por aí", além de "Apelo", a belíssima balada "Chuva" (Durval Ferreira / Pedro Camargo) e a valsa-jazz que trocadilha com o nome do selo, do produtor Roberto Quartin "Pro forma" (Maurício Einhorn / Arnaldo Costa).

Tárik de Souza - 2003 - texto extraído do encarte CD.
Para mais informação, visite o site Brazil on Guitar . Baden Powell

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Baden PowellThis classic 1966 Forma album, reissued on LP by Fontana in 1978 and on CD by PolyGram Brazil in 1990, brought Baden Powell's first recordings for his originals "Vou Por Aí" (with Aloysio de Oliveira), "Apelo," and "Deixa" (both with Vinícius de Moraes; other fruits of the fundamental partnership began in 1962). And there is more: the participation of underrated harmonica player Maurício Einhorn, who adds much to the program from the intro of the opening track, "Vou Por Aí," where unaccompanied guitar and harmonica perform with enchanting polyphony, building independent lines that allow room for the entrance of the rhythm section (no reference given in the album notes, but they are Chico Batera on drums and Edison Lobo on bass), following the exposition of the theme by the harmonica and solos by the two instrumentalists and the bassist. Next comes the classic "Apelo," with two choruses of guitar improv with very discreet references to the jazz idiom, focusing in a Brazilian language instead. The valse "A Chuva" brings with its melancholic overtones a very lyrical solo guitar rendition in the intro; soon it's joined by the harmonica solo and rhythm section. Samba bossa nova is the vehicle for swinging improvisation in "Deixa" and the long-winded "Consolação." Equally animated in the same style is "Sem Saber" (Otto Gonçalves Filho), while "Pro Forma" (Maurício Einhorn/Arnaldo Costa) brings for its 6/8 setting an Iberian atmosphere. The acalanto "Tempo Feliz" (Powell/Vinícius de Moraes), in its second recording by Powell (the first had been in the same year's live Baden Powell ao Vivo no Teatro Santa Rosa), closes the album with delicacy, with Powell alone at the guitar.

Alvaro Neder - extracted from All Music Guide

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There is the anecdote that Baden Powell was very drunk during the Tempo feliz sessions. It seems believable, because the film shots of Round Midnight prove to which precise playing and musicality he was capable of in such condition. It is said that the rather shy Baden Powell could only be more extrovert by drinking alcohol. This is very regrettable and he payed a high price, recording such an expressive, relaxed album like Tempo Feliz.

This can be seen in his commands, his rhythmic finger clicking and humming along to his musical ideas, which reminds of Keith Jarrett and was rather rare for Baden Powell. It is impressive with which tone, coordination and endurance he played in this jam session.

It is the only recording he did with the Brazilian harmonica player Mauricio Einhorn. Even though they play completely different instruments there were no boundaries between Mauricio and Baden, they were listening and responding to each other. It may seem unfortunate that this was their only recording but nothing remained unsaid. The record's grooves preserve their musical ideas and contain material for the following generations of guitarists and harmonica players. Tempo Feliz is one of the best records, that Baden Powell did in the sixties.

Waldir Azevedo - Waldir Azevedo (1977)

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Clique aqui para baixar o disco/Download the album - Mediafire . enviado por J. Neto

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Waldir AzevedoAntes que pudesse ficar prejudicado com o excesso de reedições de trabalhos feitos há muitos anos, representativos de outra fase de sua vida artística, com Waldir Azevedo, um dos grandes executantes da cavaquinho no Brasil, que permaneceu quase uma década afastada da vida artística (6 anos em Brasília, onde sofreu acidente num dos dedos), Waldir retornou à vida artística no ano passado e neste período já fez várias gravações. Mas agora, tem, finalmente, um elepê à altura de seu imenso talento (Continental, novembro/77).

Como contamos nesta página, há algumas semanas, Waldir gravou "magoado", um choro do violonista Dilermando Reis, que o desafiou originalmente pra violão. Pena que Dilermando não esteja vivo para ouvir a gravação. Temos certeza que se emocionaria. "Flor do Cerrado", incluído no disco, é a mais recente composição de Waldir: foi feita no dia 20/9/77, no avião que levava Waldir de Brasília a São Paulo. Em "Cavaquinho Seresteiro", o solo de violão é feito por Hamilton Costa, parceiro de Waldir em "Contraste" e autor do bonito choro "Pra Esquecer", também incluído neste disco.

As outras faixas são de músicas conhecidas - mas grandemente valorizadas pela sensibilidade de Waldir: "É do Que Há" (Luiz Americano), "Chão de Estrelas" (Orestes Barbosa / Silvio Caldas), "Vassourinhas" (Mathias da Rocha / Joana Ramos), "Choro Negro" (Paulinho da Viola / Fernando Costa). "Brejeiro" (Ernesto Nazareth), "Flor do Acabate" (Álvaro Sandim) e "São Paulo Quatrocentão" (Garoto / Chiquinho).

Aramis Millarch - 04/12/1977 - publicado no jornal Estado do Paraná - extraído do site Tablóide Digital

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Waldir AzevedoWaldir Azevedo was the most successful composer and musician of the genre choro, and maybe of all Brazilian music, in relative terms. A pioneer in the exploration of the instrument cavaquinho, his themes, simple and communicative, always succeeded in capturing the attention of listeners. Azevedo recorded 132 compositions in diverse genres, 50 78s, and 20 LP's (including one shared with his rival Jacob do Bandolim). His songs were also recorded in Japan, Germany, and the U.S.A., where the Percy Faith Orchestra's recording of "Delicado" sold over a million copies.

Azevedo's first instrument was the flute, at age seven. Soon he also learned mandolin and then cavaquinho. Learning the six and seven-string violões (acoustic guitars), he performed in public for the first time on the flute, in 1933. His wish was to become an aviator, but his cardiac condition impeded it. Singing and playing the tenor violão he joined the group Águias de Prata, which performed at the Copacabana Palace and recorded an album for Victor. Meanwhile, he was employed at Light Company.

As Dilermando Reis needed a cavaquinho player for his regional, Azevedo was auditioned at Rádio Clube right in the middle of his honeymoon and got the job, holding the position for two years. In 1947, Reis departed for his solo career and Azevedo took the leadership of the regional. He accompanied hundreds of artists, from novice to star, and began to draw the attention of the listeners towards his own compositions. As the recording company Continental was in the same building, he was invited to record his piece "Brasileirinho," after several radio performances. The invitation coincided with the departure of Jacob do Bandolim, his biggest rival, from Continental to RCA Victor. "Brasileirinho," released in December, was a huge success from the start.

The '50s also were productive for Azevedo, who recorded other big hits like the baião "Delicado," the choro "Pedacinhos do Céu," "Chiquita," and "Vê se Gostas," among others. Azevedo toured South America and Europe for 11 years, including two tours sponsored by the Brazilian diplomatic service Itamarati, the Caravanas da Música Brasileira. In London, England, he appeared in a BBC show broadcast to 52 countries.

In 1964, a car accident killed his daughter, which pushed him into a dark period of depression. In 1967 he learned to read and write music. In 1971, living in Brasília DF, he suffered an accident in which he almost lost his third finger and had to abandon music for one and a half years. After several surgeries, he returned to live performance in 1974, at the Clube do Choro of Brasília. Enjoying the choro revival of the '70s, Azevedo soon began to record again and to perform in TV shows, such as Sabor Bem Brasil, Seis e Meia, Pixinguinha, Choro na Praça, and others.

In November 1989, 30 years of success of "Brasileirinho" was remembered in a tribute show at São Paulo's Teatro Municipal. Along with Azevedo played Paulinho da Viola, Ademilde Fonseca, Paulo Moura, and others.

Alvaro Neder - extracted from All Music Guide

06 abril 2009

Paulo Moura - Confusão Urbana, Suburbana e Rural (1976)

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Paulo MouraPaulo Moura, 42 anos, 23 como músico profissional, é um exemplo representativo da situação do instrumentista no Brasil. Considerado, por gregos e troianos, como um dos melhores músicos brasileiros e, até hoje, um nome praticamente desconhecido fora dos círculos iniciados em música instrumental. Para sobreviver, Paulo desdobra-se entre atuações em diferentes orquestras, sessões de gravações, aulas particulares e também no Instituto Villa-Lobos, além de clarinetista na Orquestra do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Há 3 anos, no único Festival Internacional de Música realizado em Curitiba onde houve abertura para a música não erudita, Paulo Moura esteve na cidade, a convite de seu amigo Egberto Gismonti, participando de algumas aulas dando oportunidade aos jovens alunos de ouvir um dos maiores instrumentistas do Brasil.

Embora tendo trabalhado muitos anos em conjuntos de gafieira, Paulo sempre foi um músico de formação jazzística, tendo criado há algum tempo, uma "big band". Afora as dezenas de elepes em que participou como instrumentista, já teve chance de fazer 8 elepes, três dos quais, do mais alto gabarito, na Equipe.

Agora, finalmente, Paulo Moura está vendo o seu trabalho ter uma repercussão maior, ao gravar um dos melhores elepes do ano: "Confusão Urbana, Suburbana e Rural" (RCA Victor, 103.168, junho/76).

De princípio é bom que se diga de que se trata de um dos mais brasileiros discos feitos este ano (e também nos últimos). Apesar de toda sua formação (válida) jazzística, Paulo Moura soube fazer uma feliz união de cuíca e saxofone, pandeiro e flautas, tamborim e trompas, executando sambas, maxixes, carimbós, choros e baiões.

"Confusão Urbana, Suburbana e Rural" é o exemplo do disco bem produzido e, neste caso, uma revelação de Martinho da Vila, sambista e cantor de obra desigual que, mostrando amizade e respeito pelo talento de Paulo Moura, conseguiu lhe dar condições de fazer um elepe igualmente admirável em todas as faixas. Não há, ao longo dos 12 temas gravados um único momento que não seja perfeito, mostrando a habilidade de Paulo Moura em diversos tipos de instrumentos - sax soprano, clarinete e alto.

Mas o disco não é apenas um elepe para destacar Paulo Moura. Houve uma democrática possibilidade de excelentes instrumentistas mostrarem suas habilidades, oportunidade que não acontece todas as horas. Mesmo instrumentistas de boa formação, mas comprometidos com modismos e pretensas vanguardas - como Toninho Horta (violão) e Wagner Tiso (órgão e piano), souberam sentir o espírito de brasilidade presente em todas as faixas e desenvolver um trabalho verde-amarelo, sem formalismo - em que a improvisação e a espontaneidade não eliminam entretanto a inteligência, o bom gosto e sobretudo a beleza das imagens sonoras. Nos violões, temos, por exemplo, além do já citado Toninho Horta, também Valdir e a notável Rosinha de Valença; nos cavaquinhos, Mané do Cavaco e Neco; Alexandre Papão e Paulo Batera, Jamil no baixo, Julinho no acordeão. Mas, sem dúvida, são os metais e percussão que ocupam os grandes momentos. Por exemplo, em "Notícia" (Nelson Cavaquinho - Alcides Caminha - Norival Bahia), há uma verdadeira demonstração de virtuosismo de Zeca da Cuíca, cujo som único integra-se aos outros instrumentos - num trabalho perfeito. Na percussão tivemos, Serginho, Raphael, Zeca da Cuíca, Doutor, Eliseu, Marçal, Luna e Paulinho. E nos metais, está um verdadeiro "Butantã" de cobras: Marcio Montarroio, Nivaldo, Maurilio, Joãosinho, Raulzinho, Cacau, Mauro Amoroso, Paulo Bombardino, Altamiro Carrilho, Lloyd Minelli, Toninho, Pirulito, Ré Menor e Ary. Há também violinos (grupos de José Alves) e um vocal formado por Miucha (Heloisa Buarque de Holanda), Isaura Tiso e Gilda Horta.

Acredito, sinceramente que em termos instrumentistas, "Confusão Urbana, Suburbana e Rural" não é só dos melhores discos deste ano mas um elepe clássico, destinado a se tornar como uma obra disputada no futuro. Ainda bem que o brasileiro está tomando conhecimento disto e 10 mil cópias já foram vendidas.

Aramis Millarch - 04/07/1976 - publicado no jornal Estado do Paraná - extraído do site Tablóide Digital
Para mais informação, visite o site do Paulo Moura

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Paulo MouraA legend of instrumental music for half a century, clarinet and saxophone virtuoso Paulo Moura is the first Brazilian instrumentalist to be honored with the Latin Grammy (2000) for his CD "Paulo Moura e Os Oito Batutas", which popularized internationally the century-old Brazilian instrumental style called "choro". To categorize or "label" Paulo Moura is next to impossible. His name is spoken with reverence in musical circles ranging from jazz to classical, and known throughout the world. His sound - whether on saxophone or clarinet is unmistakable. His unique sense of improvisation, his interpretations and phrasings, have made him the model that a generation of Brazilian instrumentalists have looked up to. And while he is passionately dedicated to the preservation of the various traditions of Brazilian music, he is arguably Brazil's greatest living interpreter of mainstream improvisational jazz. The youngest of ten siblings, born in the mid-1930s to a working class Afro-Brazilian family in a small city in Brasil, Paulo Moura began playing as a child in his father's band and by age 19 appeared as soloist with the Brazilian Symphony Orchestra, playing Weber's Concertino for Clarinet and Orchestra. However his devotion to classical music was accompanied from the very beginning by a profound passion for and understanding of the popular tradition of his country. While he was learning harmony, counterpoint and fugue in private classes, he would play pop music at the neighborhood gafieira (dance hall). Out of this mixture emerged a style that shows a complexity of elements: his Afro-Brazilian origins, the pop music of the poorer classes of Rio, his experience during the golden age of Radio Nacional and his "higher education" as a first clarinetist of the Municipal Theater's Orchestra.

His international career as a soloist started in 1953 in Mexico playing with Ari Barroso, the famous Brazilian composer. And since his acclaimed performance at Carnegie Hall in 1962, he has been frequently invited to play in the US, Great Britain, Japan, Africa, Germany, Switzerland, Holland, Greece, Argentina, and France. His recordings have been released in the US, France, and Japan, and he has appearances in music festivals in the US, France, Switzerland (Montreux), Rio de Janeiro (Free Jazz), and Germany. He has taught as a visiting professor, along with Karl Berger, at the Creative Music Studio in Woodstock and at the Zurich Festival where he held a Brazilian music workshop. He continues to be a highly influential force in Brazilian popular music, teaching music theory and arranging recordings by Elis Regina and Milton Nascimento. His 1976 solo album Confusão Urbana, Suburbana e Rural, is considered a masterful tour through landscapes of modern and traditional Brazilian music. His career as a composer and conductor also include several symphonic pieces. Major public presentations include the 1988 commemoration of the Centennial of Abolition of Slavery in Brasil, featuring the National Symphonic Orchestra, and in 1992 the inaugural piece for the world conference ECO92 that included a choir of 120 public school children.

Because of his artistic prominence Mr. Moura has held important and prestigious public positions: Director of the Museum of Image and Sound in Rio de Janeiro (1997-99), and member of the Municipal Council for the arts (1997-99). In 2000, Moura composed and performed the Urban Fantasy for Alto sax and Orchestra for the centennial of the Oswaldo Cruz Foundation. He was featured in the film "Villa-Lobos: A Passion" for which he also arranged and performed the opening soundtrack, and he performed in a 19-concert tour in Japan with the singer Joyce. His discography includes over 25 recordings.

Extracted from Gafieira Dance Brasil

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Even though instrumental choro has been jazz-influenced for decades, reedsman Moura really falls somewhere between choro and jazz-samba. The jazz elements are very strong, the local ingredients more varied and more Afro-Brazilian than usual, and he is fond of a big-band sound and a somewhat staid avant-gardism, both of which are foreign to the mainstream idiom. But the spirit and the underlying sound are choro rather than anything else, even if they do stretch the boundaries. And Moura is a fine player with a fine group.

John Storm Roberts - Original Music - extracted from All Music Guide
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Francisco Mário - Suíte Brasil (1992)

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Francisco MárioO músico e consultor do núcleo de música do Instituto Cultural Itaú, Benjamim Taubkin, que vem desenvolvendo um trabalho importante na área dos independentes ao lado do músico e gerente de produto da gravadora Atração, Edson Natale, aliados a Funarte, continuam registrando verdadeiras obras-primas em CDs. Desta vez lançam uma pérola do compositor Francisco Mário. Um olhar musical na história, Suíte Brasil resgata a memória nacional através da sugestão musical, cruzando períodos e gostos, ritmos e tons. Dividido em dez movimentos, baseia-se em ritmos e estruturas de cada época - chorinho, valsas imperiais, bossa nova.

O primeiro movimento, Paraíso Perdido, nos leva ao Brasil antes de ser descoberto. Francisco Mário imaginou o Brasil verde, os índios, um verdadeiro paraíso com suas belezas naturais. O segundo movimento, Princípio Real, retrata D. Pedro e a monarquia no Brasil. O terceiro movimento, Choro Nacional, vai ao encontro de Getúlio Vargas e a industrialização. O quarto movimento Bossa Velha, relembra os anos JK e a modernização. No quinto movimento Choro Grave, o choro é de lamentação à queda do Jango. 1964, é o sexto movimento, acordes dissonantes retratam o golpe de 64. O sétimo movimento, 1968, apresenta um subtítulo de Ato 5, Ato Institucional Número 5, período de forte impacto político no Brasil. Balada Negra, o oitavo movimento, aborda a repressão entre 1971-1974. Valsa Relativa, nono movimento, ressalta a relativa abertura política. O décimo movimento, Diretas, traz à tona a esperança, as eleições diretas para presidente.

Francisco Mário em uma entrevista declarou sobre sua Suíte: "É só a emoção e a minha interpretação pessoal da história". O disco Suíte Brasil, gravado em 1987, a cargo do técnico Toninho Barbosa, conta com o primoroso violão de Francisco Mário e participações especiais do Quarteto Bosisio, além de Jaques Morelenbaum (Cello) e Carlos Rato (Flauta). Junto ao lançamento está sendo realizado pelo país a palestra musical Suíte Brasil 500 anos.

Baseado no CD, tocado ao vivo pelos músicos Afonso Machado (bandolim), Bartholomeu Wiese (violão), Henrique Drach (cello) e Marcos Souza (piano), o escritor Affonso Romano de Sant’anna e o historiador José Murilo de Carvalho, intercalam a história do Brasil com cada movimento assinalado por Francisco Mário. Com isso a palestra toma uma forma dinâmica, musical, poética, contendo uma extrema importância no momento de comemoração dos 500 anos do descobrimento do Brasil, atingindo um grande público, além do direcionado e acadêmico, permitindo uma assimilação histórica, através do seu diferente modo de apresentação.

Marcos Souza - extraído da Revista Música Brasileira
Para mais informação, visite o site Três Irmãos de Sangue

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Francisco MárioCartoonist Henfil's and sociologist Betinho's brother Francisco Mário (Chico Mário) developed important work as a composer and instrumentalist. His hemophilia was an important factor for his dedication to the violão (acoustic guitar) during the long hours he spent in bed. Studying the instrument since he was five, his uncle Geraldo moved from Bocaiúva to Belo Horizonte to teach him the Brazilian viola. In 1965, his violão was already a central part in his life, closely linked with his active religious life. He graduated with a degree in economics and did post-graduate studies in system analysis. He studied the violão with Henrique Pinto and created the musical method by colors for children, in which dramatic arts and Brazilian folkloric music played a significant role. The method was adopted in several schools of São Paulo. His didactic activity included children's stories written for the Recreio magazine and the adaptation of group dynamics techniques to his own music method.

In 1978 he moved to Rio, where he worked as a musician. He studied arranging and harmony with Roberto Gnattali, who arranged the songs of his first show, Ouro Preto. In 1979, having been praised by Carlos Drummond de Andrade, he recorded his first album, Terra, which was released in Mexico, with guest artists Joyce, Quarteto em Cy, Antonio Adolfo, Airton Barbosa, and Chiquinho do Acordeon. He was involved in the first wave of the independent phonographic production in Brazil and was elected vice-president of the Independent Record Producers Association (APID). In the same year, he participated in the 12th edition of the Festival de Inverno de Ouro Preto. His Revolta Dos Palhaços was recorded independently in 1980 with the help of 200 people who bought the album before it was ready. The album had partnerships with poets Aldir Blanc and Paulo Emílio, Fernando Rios, and Gianfrancesco Guarnieri and special guests Ivan Lins, MPB-4, Lucinha Lins, Boca Livre, Mauro Senise, Luiz Claudio Ramos, Danilo Caymmi, Djalma Correa, among others. In 1981, he represented Brazil in the Fifth Festival de Oposicion, in México. In the same year, he recorded Versos e Viola with Francisco Julião, recently returned from the exile. The album was vetoed by censorship and was never released. The instrumental Conversa de Cordas, Palhetas e Metais followed, with the participation of Rafael Rabello, Nivaldo Ornelas, Zeca Assumpção, Antônio Adolfo, and Afonso Machado. The album was elected the best Brazilian instrumental music album of 1983, being awarded with the Chiquinha Gonzaga trophy. The book of poems Painel Brasileiro was released with the record. In 1984, he won the first prize in the Festival de Ouro Preto with "São Paulo." Two years later, the same song won the best arrangement prize in Minas Gerais' Festival dos Festivais. With his wife Nívia, he independently produced Radamés Gnattalli's piano solo album Retratos.

In 1985, he released another instrumental album, Pijama de Seda. Retratos (1986) is a project where the ancient folklore dialogues with urban modernity in Brazil. Chico Mário's last show was staged in November, at the Suite Brasil project, at the Parque da Catacumba, Rio. In 1987, he knew that he had caught the AIDS virus through a blood transfusion and moved to the family farm in Itatiaia and wrote his three last works, the erudite "Dança do Mar," "Suíte Brasil," and "Tempo," which would be recorded in October with the Quarteto de Cordas Bosísio, his last three albums. "São Paulo," from the unpublished Tempo, won the first place at the Festival de Inverno de Ouro Preto and was awarded as best arrangement in the Festival dos Festivais (Minas Gerais).

In December, 1987, more than 30 artists performed for free in a concert at the Teatro João Caetano that raised funds for Mário's medical treatment. Among them, Milton Nascimento, Chico Buarque, Gonzaguinha, Dona Ivone Lara, Paulinho da Viola, Emilio Santiago, Joyce, Claudio Nucci, Fagner, Elton Medeiros, and Aldir Blanc. In February of the next year, the Minas Gerais musicians did the same at the Teatro Cabaré Mineiro: Beto Guedes, Paulinho Pedra Azul, Gilvan de Oliveira, Tadeu Franco, Rubinho do Vale, among others.

When Francisco Mário died on March 14, 1988, he had enough material for three records. They were released in the album Dança do Mar by his widow and producer Nívia Souza and sons, in a concert at the Sala Cecília Meireles, in which Rafael Rabello, Antônio Adolfo, Mauro Senise, Rique Pantoja, David Chew, and Galo Preto participated. Suíte Brasil was released in 1992 at the Centro Cultural Banco do Brasil. In 1995, Caju Music reissued three of Francisco Mário's albums on CD: Conversa de Cordas, Couros, Palhetas e Metais, Pijama de Seda, and Retratos. The albums were also released in the U.S. through Fantasy. In 1997, Terra and Dança do Mar were reissued on CD, together with an exhibition at the Museu de Imagem e do Som in Rio de Janeiro and at CRAV, in Belo Horizonte. In 1998, the project Francisco Mário — 50 Anos brought another exhibition, together with performances in video, theater, show, and poem reading. Regina Spósito released the CD Marionetes in 1999; it was produced by Marcos Souza and dedicated to Mário's works. In the same year, the album Suíte Brasil was reissued by Funarte/Itaú Cultural/Atração. Chico Mário wrote three books: Ressurreição, Como Fazer Um Disco Independente (an independent producer's primer), and the poetry book Painel Brasileiro.

Alvaro Neder - extracted from All Music Guide
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03 abril 2009

Flenks - Flenks (2000)

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FlenksO Grupo Flenks, uma verdadeira usina sonora é composto pela precisa marcação da bateria de Cesinha, a harmonia e os solos da guitarra de Fernando Caneca e a pulsação do contrabaixo elétrico de Fernando Nunes. O resultado desta exata alquimia pode ser conferida no CD Flenks, o primeiro do grupo pelo selo Visom Digital. "Este disco tem coração. O nosso completo entrosamento gera um som alegre e dançante", afirmam os componentes da banda. O repertório, de extremo bom gosto, conta com "Pirataria" (Rita Lee), "O Eterno Deus Mú Dança" (Gilberto Gil), "Visitando o Recife" (Canhoto da Paraiba) e composições originais como "Fujam", "2+2" e "Rosa Azul".

Pepetuando e mantendo vivas nossas raízes, unindo o tradicional e o moderno, sem perder a originalidade do balanço musical brasileiro, os experientes músicos do Flenks escolados com a nata da MPB, em quase vinte anos de carreira atuaram juntos em várias formações ao lado de artistas do quilate de Caetano Veloso, Ivan Lins, Marisa Monte, Cássia Eller, a lusitana Cesária Évora e muitos outros. Além de dividir o palco com os grandes ícones da música nacional e estrangeira, Cesinha, Caneca e Nunes, têm os respectivos trabalhos registrados em mais de 300 discos e tocaram nos melhores festivais de jazz do mundo.

Extraído do site Visom Digital
Para mais informação, visite o MySpace do Flenks

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FlenksEnergy, musicality and virtuosity are brought to us on the debut album of this "Fusion Power Trio" named Flenks. Mixing Brazilian grooves with rock and jazz influences, these three talented musicians, offer great tunes and originals to the listeners. Features "Fujam", "Visitando o Recife", "Frevo do Frei", "Pirataria" and "O Eterno Mú Deus Dança". Formed by Fernando Caneca on guitars, Fernando Nunes on bass, and Cesinha on drums.

Extracted from Visom Digital
For more info, visit Flenks' MySpace

Hermeto Pascoal e Grupo - Mundo Verde Esperança (1989)

Capa do disco
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Hermeto PascoalHermeto Pascoal é homem de muita fé em Deus. Mas se esse senhor de Lagoa da Canoa, Alagoas, tivesse uma religião, essa seria a Música. E na hierarquia burocrática da Igreja da Música Universal, Hermeto Pascoal seria seu pastor maior.

O nome mais respeitado e livre da música instrumental brasileira chega aos sessenta e nove anos bisavô e de namorada. A "patroa" gaúcha Aline Morena, 26 anos, dona de divina voz, é quem divide o novo culto musical com Hermeto: "Chimarrão com Rapadura" será lançado na semana que vem em CD e DVD. Tudo independente.

Mas essa história de músico independente não é novidade. Há tempos que esse pastor, ou mago, como prefere a imprensa, rompeu com as grandes gravadoras para fazer aquilo que queria. "Quem quiser piratear os meus discos, pode ficar à vontade. Pirateiem os meus discos... Sabe o que Deus falou? 'Crescei e multiplicai-vos'. Muita gente pensa que isso é só para transar. Devemos crescer na maneira de ser e multiplicar o que tem de bom. Sem barreiras". Tudo pela Música Universal.

Sobre essa nem tão nova (apenas no que tange ao tempo) Igreja, o início da carreira, o Ministério da Cultura e o trabalho independente, Hermeto Pascoal desfilou em entrevista exclusiva à Carta Maior, na sexta-feira (20), antes de uma apresentação com seu grupo no Sesc de Santos. Confira alguns trechos da aula.

O senhor já deve ter contado essa história centenas de vezes, mas como começou a sua história musical?
Um, dois, três, gravando. Eu saí de minha cidade, Lagoa da Canoa (Alagoas), para uma festa junina em Palmeira dos Índios. Fui eu meu irmão, José Neto, que já está em outro plano. De repente, me deu na cabeça de não voltar para casa e ir para Recife. Porque eu sabia que se eu falasse com meus pais, jamais eles deixariam eu ir. Eu tinha apenas 14 anos. Minha intuição estava muito forte, pedindo para eu começar a luta pela música. Aí eu falei com meu irmão, que era mais velho. Ele não concordou, disse que papai ia dar uma pisa nele. Pisa na minha terra é surra. Naquele tempo, os irmãos maiores tomavam conta dos outros. Então, eu disse: “Se você não quiser ir, será pior. Eu vou só”. Aí é claro que ele foi. Conseguimos pegar o ônibus. Tinha uns trocadinhos da festa que a gente tocou. Mas era muito pouco. Quando entramos no ônibus, eu comecei fingir que estava chorando: “Eu tenho que ir para Recife porque minha tia está morrendo, meu Deus”. O motorista deixou a gente ir. Mas ele disse que tínhamos de ficar escondidos lá no fundo. Se a polícia pegasse era problema. E nós éramos muito brancos. Não era difícil de nos achar. Chegamos em Recife. E lá começou tudo. Eu fui para a Rádio Tamandaré. O José Neto foi para a Rádio do Jornal do Commercio, que era muito grande. Só para não encompridar muito, foi daí que começou tudo.

O que é essa Música Universal que você tanto fala?
O país mais Universal do planeta é o Brasil. É o país de maior diferença de colonizações. É essa música misturada, sem preconceitos, apenas primando pela qualidade. Daí que vem a coisa. Primeiro a música. Nada de colocar o dinheiro na frente.

Que recado o senhor deixa para os novos músicos?
No panorama da música – e isso é coisa de velho, mas não tenho como fugir -, tem muita coisa boa. Grandes e pequenos músicos. Muitos jovens e talentosos. Porém não estão fazendo um trabalho sério. O recado que eu deixo para esses músicos novos é que se reúnam para poder criar. Quem toca bem faz esse negócio de tocar com um e com outro na noite e não constrói um trabalho formado de criação. Eu acho que se o músico formar um grupo e dedicar-se àquilo, estará contribuindo muito mais para a música. Ficar atrás dos cantores e vivendo da memória de bons compositores é perda de tempo. Depois, quando chega na minha idade, fica se queixando.

O seu trabalho não tem uma formação definida, sempre inovando. Hoje que tipo de espetáculos o senhor apresenta?

Eu trabalho com cinco formações diferentes: big band, com a sinfônica, piano solo, o grupo (cuja apresentação foi realizada no Sesc Santos) e o duo, que é o mais recente com minha patroa, Aline Morena.

E como é esse trabalho com a Aline?
O nome da criança é Chimarrão com Rapadura. É um DVD e um CD lindo. Tudo independente. Vai ser lançado agora, no próximo mês. Não é um som mais novo que um ou que outro. É um som todo. É música universal. Tem muito canto. Mas é o cantar verdadeiro. O que nós chamamos de fala. Estou falando, estou cantando.

E qual é a diferença entre inovar e mudar as coisas de lugar?
Muita gente confunde inovar com idade, com números. Muita gente pensa que, quando um menino pega um violão e sai cantando, o povo acha que aquilo é coisa nova. Tem muita gente de 18 anos tocando coisas velhas e quadradas. Esse pessoal que toca chorinho, músicas regionais, MPB, começa a tocar que nem velho, com cara de velho. Quem nasce hoje precisa ser bem informado. O cara nasce e escuta Pixinguinha. A música é bonita e tem aquela vestimenta quadrada de acordes. Se o cara nasce hoje e não falarem para ele que isso é música antiga, é a mesma coisa que ele ver um prédio antigo sem saber que é antigo. Não é que o velho seja ruim. Mas o novo tem nascido tão velho. A música universal para nascer consciente precisa de confraternização. Se eu fosse cientista e descobrisse a cura do câncer, eu sairia gritando na rua para os meus colegas médicos para curarmos o mundo logo. Mas as pessoas gostam de guardar os segredos e carregá-los para tirar proveito daquilo. A música universal não quer um melhor do que outro. Queremos que cada um faça assim como Deus fez o mundo: juntar as coisas diferentes, para somar. Se for igual, não soma nada.

Tom Zé diz que não existe mais nada de novo para ser criado na música. Vivemos, segundo ele, a era do plagiocombinador. Tudo que nasce de mais novo é combinação de coisas que já existem. O senhor concorda?
Em primeiro lugar, Tom Zé não é músico. Ele tinha é de morrer logo (risos). Não é nada pessoal. É uma coisa construtiva. Agora, a culpa é da imprensa que não tem repórteres especializados. Ele é um grande falante. Mas ele não é músico. Como é que a imprensa considera esse cara músico? Essa história é conversa de quem não cria. É o que você perguntou antes que eu costumo falar. Só se mudam as coisas de lugar. São pessoas que já não têm mente mais. Como é que Deus ia colocar um ser humano na Terra que não pudesse criar. Mas o Tom Zé, como um cara conhecido, tem que respeitar a criatividade dos outros. Ele que fale: eu, Tom Zé, sou assim. Cuidado, meu filho. É melhor tirar o Tom e deixar só Zé. Morre uma árvore e nasce outra. Existe renovação em tudo. Sempre serão outras coisas. Não andamos à procura da criação. No fim, a criação é que nos procura.

O senhor já não trabalha com gravadoras há algum tempo. Como aconteceu esse rompimento?
Esse é um bom gancho que aprendi com vocês da imprensa para divulgar os nossos CDs (risos). Esse disco novo (Chimarrão com Rapadura) foi todo produzido com recursos próprios. Se vocês soubessem o trabalho que dá colocar isso para vender em uma loja! Os impostos para os produtores independentes são quase os mesmos que os de uma gravadora grande. 25% só de impostos para vender nas lojas. E essa vai para o Lula. Lula, todo trabalho independente tem que ter os impostos reduzidos. É contribuição para a nossa cultura. Não queremos muito. Só queremos cobrir o que gastamos. Não queremos ganhar dinheiro com isso. Quem faz trabalho independente é porque ama o que faz. A intenção é que o público compre mais barato. Mas assim fica difícil. O Ministério da Cultura precisa rever isso. E essa é também uma discussão musical. Não devemos apenas tocar o instrumento. Então, para vender, precisamos de uma distribuidora. A produção é independente, mas a distribuição é por grande empresa.

O Ministério da Cultura tem incentivado o debate sobre a propriedade intelectual, de copyleft e principalmente do Creative Commons, dizendo que cultura não é mercadoria. O senhor é a favor do conhecimento livre?
Agora é que está voltando isso. Mas, desde que eu comecei, já tratamos da questão. Eu gosto disso, mas consultem-nos, teremos o maior prazer em compartilhar as coisas. Quem quiser piratear os meus discos, pode ficar à vontade. Desde que seja para ouvir uma boa música. Não visamos ao lucro com a música. Nós podemos falar porque a produção é nossa. Mesmo o meu trabalho em gravadoras, o povo tem mais é que piratear tudo. Isso não é revolução. O que queremos é mostrar essa música universal. Porque isso não toca em rádio nem aparece na capa do jornal. Sabe o que Deus falou? Muita gente pensa que é só para transar. Mas, não. “Crescei e multiplicai-vos”. Isso é em todos os sentidos. Vamos crescer na maneira de ser e multiplicar o que tem de bom. Sem barreiras. A música é universal. Eu toco no mundo inteiro e é sempre lotado. Eu só cheguei a isso porque os meus discos são pirateados, estão à vontade na Internet. Um recado para o Gilberto Gil: tem que se incentivar, dentro do governo, uma equipe de comunicação para acompanhar os artistas brasileiros que estão fazendo trabalhos lá fora. Assim como acontece com os esportes. Precisamos de jornalistas especializados e financiados pelo governo para trazer isso de volta. Eu vou lá, faço um monte de coisas e fico doido da vida porque o brasileiro não está sabendo daquilo. Fico chateado. Agora vêm esses DJs com música de fora e enchem a cabeça do nosso povo com essas baboseiras. Isso é crime. É crime mandar o que não presta para cá. Digo essas coisas para o Gil com carinho. Vamos usar os nossos meios estatais, rádios e TVs. Isso dá retorno. Até financeiro, já que o maior problema da Cultura é o orçamento. Esses outros grupos que não fazem música, mas fazem consumo, pastas de dente, conseguem espaço. Temos que colocar ordem nisso, colocar qualidade.

E qual é a avaliação que você faz do Gil no Ministério?
Estive na Conferência Nacional da Cultura, em Brasília. Foi uma hora e meia de show e três horas de fala. Fala-se em cultura hoje do mesmo jeito que se fala que está estressado. Sem saber o que é. O Gil é muito inteligente, e ele está fazendo o que pode.

Carlos Gustavo Yoda - 25/01/2006 - extraído da Agência Carta Maior
Para mais informação, visite o site do Hermeto Pascoal

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Hermeto PascoalA glass of water. A piglet. A hubcap. A soccer announcer. In the hands of Hermeto Pascoal, just about anything can be transformed into a musical instrument.

Affectionately known in Brazil as "O Bruxo" (the sorcerer), the visionary composer and multi-instrumentalist is an aural explorer who has created a vast musical universe in which folkloric Brazilian styles such as frevo and samba, xaxado and forro intermingle with jazz, rock and European art music. The result is a capacious, infinitely surprising oeuvre as profound as it is playful, full of lightning rhythmic shifts and unspeakably tender melodies.

Pascoal makes his first West Coast appearance with his band in more than a decade on Wednesday at the Palace of the Fine Arts Theatre, as part of the San Francisco Jazz Festival. The luminous Brazilian vocalist Monica Salmaso, whose repertoire features a wide array of samba styles, opens the concert in a duo performance with pianist Benjamim Taubkin.

Pascoal performs with his sextet, a group he refers to as his "universal family," whose most recent member joined a decade ago. His bands are known for their total mastery of his music, often rehearsing daily for hours even when there's no performance coming up.

With his wild, flowing white hair, the albino musician cuts a fantastic figure onstage. Rushing from instrument to instrument -- besides found object percussion, Pascoal is a virtuoso on piano, accordion and various reeds, brass, strings and flutes -- he creates intricate tapestries of sound that feel like spontaneous outbursts but hold together with a powerful internal logic.

"I'm creating things 24 hours a day," says Pascoal, 68, from Curitiba, the capital of the southern Brazilian state of Parana, speaking through an interpreter. "I'm very quick. Most things I compose at the moment. Tomorrow I'm going to Rio and the people in the studio are scared because I never told them what I'm going to do. It's the inspiration that comes to me at that time."

Pascoal's influence is hard to overstate. Within Brazil, he created the space for a progressive instrumental tradition on a scene long dominated by vocal music. Over the years, his groups have served as an incubator for some of the country's most creative figures, from singer-songwriter Milton Nascimento and vocalist Flora Purim to guitarist Toninho Horta and percussionist Pernambuco. Though he isn't a prolific recording artist, he has produced a number of influential masterpieces, such as 1976's "Slaves Mass" (Warner Bros.).

Internationally, Pascoal has inspired leading figures in jazz and classical music, and his compositions have been recorded by Miles Davis and the Berlin Philharmonic. Davis once called him "the most complete musician I've ever met."

Mike Marshall, an Oakland mandolin and guitar master who has performed widely with such extravagantly creative musicians as cellist Yo-Yo Ma, bassist Edgar Meyer, fiddler Darol Anger and mandolinist Dave Grisman, quickly lapses into superlatives when discussing Pascoal.

"He is one of the most important music figures of our time," says Marshall, who teamed up with Pascoal's former pianist Jovino Santos Neto to record the gorgeous 2003 CD "Serenata" (Adventure Music), the first non- Pascoal album devoted exclusively to the composer's music.

"I predict that in 100 years from now, hopefully sooner, his music will be discovered and people will become aware of what he's actually been up to."
Pascoal's mad-scientist persona has often obscured his musical accomplishments. While he is widely known and respected, even in Brazil he remains something of a cult figure.

"There's an aura," Santos Neto said in an interview last year, "because of the way he looks and some of the things that are considered eccentric, like using pigs, or making instruments out of hubcaps or old sewing machines. People expect that he's going to do something weird because he looks weird and they don't know if he's going to whip a chicken from his sleeve, which he could very well do. But he does all these things from a musical perspective, because he's interested in the sound that that produces."

Pascoal traces his omnivorous sonic sensibility to his bucolic childhood in the rural, northeastern village of Arapiraca in the state of Alagoas, where there was no electricity or radio.

"I'm 68 years old, and I've been a musician for 68 years," he says. "When I was born, that's when I made my first sound, which was crying. When I was 7 or 8, I would spend the whole day out in the bush, listening to animals. My father was a blacksmith, and I'd gather old pots and pans, old pieces of metal and hang them outside, and play them like a battery."

Flute was his first traditional instrument, and by age 7 he was proficient on the small-button accordion known as a sanfona. Before reaching his teens, he was working professionally, providing churning music for dances and festivals around his hometown. The experience of playing at informal jam sessions, where small groups of musicians maintained independent, overlapping melodies, developed his ear for contrapuntal composition.

He still finds music everywhere: His composition "Tiruliruli" grew out of a phrase from a Brazilian soccer announcer's broadcast, repeated over and over with increasingly harmonic complexity until it mutated into a catchy, coherent composition.

"I love sounds," Pascoal says. "When I'm in the kitchen, it's a wonderful place. There's the dishwasher and all the different sounds. It's very rare that I spend one day without creating something, because there are so many interesting sounds around."

Andrew Gilbert - 10/31/2004 - extracted from the San Francisco Chronicle
For more info, visit Hermeto Pascoal's site
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