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É verdade que só com Mestro é que obtiveram uma exposição superior (estiveram até presentes na Galeria Zé dos Bois, em Lisboa, há pouco tempo), mas os Hurtmold, oriundos de São Paulo, no Brasil, já começaram este trajecto há oito anos. Depois de um par de lançamentos em cassete, Et Cetera, o disco de estreia, surgiu em 2000 no selo Submarine Records, uma editora dedicada aos sons mais marginais da música brasileira (além dos Hurtmold, a Submarine é casa de discos de projectos como M. Takara, membro dos Hurtmold, os Eternals de Chicago, os Diagonal e os Againe). Dois anos depois Cozido foi editado pela mesma Submarine, mas foi com o excelente Mestro que os Hurtmold saíram para fora do Brasil, especialmente na direcção da velha Europa. Pelo meio houve ainda tempo para um split CD com os Eternals (editado em 2003), alterações na formação dos Hurtmold (constituídos por Fernando Cappi (guitarra e bateria), Guilherme Granado (teclados, vibrafone), Marcos Gerez (baixo), Maurício Takara (bateria, guitarra, teclados e trompete) e Rogério Martins (clarinete e percussão) e alguns concertos em alguns famosos festivais europeus, certames dedicados às mais variadas linguagens musicais. Na verdade, embora os Hurtmold partam do rock, desdobram-se em viagens pelos mundos do jazz, da electrónica, da música brasileira. Um verdadeiro caleidoscópio musical que urge ser descoberto. Gilherme Granado, a voz dos Hurtmold cuja ausência em Mestro faz com que os Hurtmold se mostrem cada vez mais instrumentais, responde a algumas perguntas de rotina, em jeito de conversa trivial de irmão para irmão. No fim, fica o cheiro de São Paulo no ar e a certeza de que aquilo que os Hurtmold fazem é do melhor que se faz no Brasil.
O que é que recordam do início dos Hurtmold, do tempo dos skates?
Nós éramos todos amigos de longa data... e não através do skate... na verdade, apenas três da banda têm um passado ligado ao skate. Eu ainda ando às vezes... Começámos por afinidades pessoais, e porque outras bandas nas quais todos nós tocávamos estavam acabando ou estavam meio paradas. A coisa deu certo desde o primeiro ensaio, e nisso já se vão oito anos...
Os Hurtmold começaram a tocar punk e harcore, mas com o tempo evoluíram musicalmente e abriram espaço a outras linguagens. Como se deu essa evolução?
Naturalmente. Viemos de uma tradição punk, ainda mantemos muito disso e nada foi pensado com clareza, fomos tocando, crescendo juntos e as coisas deram-se de uma forma orgânica.
Como se deu a ligação com a vossa editora, a Submarine Records? Qual é a posição da editora face à música feita em São Paulo?
Também por vínculo e amizade, o Fred (da Submarine) é nosso amigo de longa data também. Desde o inicio ele está connosco e a nossa relação é óptima...
Como é que vêem a cena musical de São Paulo, especialmente a que diz respeito ao pós-rock?
Não sei dizer nada sobre pós-rock... não acho que esse título muito esclarecedor e não sei exactamente a que tipo de som ele se refere... mas existem muitas bandas fazendo coisas interessantes em São Paulo, de todo tipo de música. Bandas como Discarga, Cidadão Instigado, Nação Zumbi, Space Invaders, gente do hip-hop... é uma cidade gigante, com todo tipo de gente produzindo todo o tipo de arte.
A entrada de Rogério Martins para o clarinete e percussão. A entrada de um novo elemento na banda respondeu a um desejo de evolução dos próprios Hurtmold?
Abriu toda uma nova perspectiva para a gente. O Rogério também é nosso amigo de muito tempo e tê-lo connosco é um prazer. Mais um para a família. E a música tomou outra guinada após a sua entrada. Estamos felizes.
Gravaram um split CD com o trio Eternals de Chicago, disco que foi editado no Brasil em Julho de 2003. Como foi essa experiência?
Óptima. Os Eternals são uma das nossas bandas favoritas e dividir qualquer coisa com eles é uma honra. Já éramos fãs dos Trenchmouth (outra banda de Wayne e Damon, dos Eternals). Ter um registo com uma de suas bandas favoritas é sempre muito inspirador. Acabámos virando bons amigos e eles devem voltar ao Brasil para tocar connosco em breve.
Para promover o lançamento desse disco andaram em tour pelo Brasil com os Eternals e tocaram em três cidades: São Paulo, Campinas e Belo Horizonte. Como reagem as pessoas de outras cidades à música feita pelos Hurtmold, tendo em comparação as diferenças óbvias entre todas elas?
Nessa tour especialmente foi tudo extremamente bem... todas as cidades tiveram bom número de público e as pessoas reagiram muito bem à nossa música. Já tínhamos tocado antes nas três cidades também... mas geralmente o publico é caloroso. Com raras excepções.
Em Mestro cruzam linguagens pós-rock com jazz, mas deixam sempre transparecer alguma brasilidade nas vossas composições. Como acontece o processo de criação nos Hurtmold?
Ouvimos de tudo, temos vivências diferentes, e tudo isso entra na hora de compor. Tentamos deixar tudo fluir de uma maneira orgânica. Cada música tem uma história. Tentamos deixar cada uma respirar e tomar vida própria. Não temos uma fórmula de composição. A brasilidade entra, afinal nascemos e vivemos aqui. Mas também nada é pensado antes.
O vosso último disco, Mestro, trouxe aos Hurtmold uma exposição bastante maior do que aquela proporcionada por registos anteriores. Estavam à espera de uma reacção desse género?
Nunca esperamos nada. É óptimo ser reconhecido pelo seu trabalho e ter gente indo aos shows e comprando os discos. Ficamos muito felizes, mas realmente não pensamos nisso. Vamos tocando, do mesmo jeito que fazemos há oito anos... Tudo isso tem sido muito bom mesmo.
Estiveram há pouco tempo a promover Mestro na Europa. Como é que tudo correu? Como é que a reacção das pessoas difere tendo como comparação o Brasil e a Europa?
Tudo correu incrivelmente bem. A resposta das pessoas foi muito melhor do que esperávamos. Em todos os shows. A diferença básica é que na Europa ninguém nos conhecia, e aqui já temos um certo público... em todos os shows pela Europa fomos recebidos de forma bastante calorosa. Foi muito bom e esperamos voltar em breve.
Curiosamente, os Hurtmold estiveram já presentes em festivais como o Sònar e o Electronika, certames com ligações à música electrónica. Actuaram também no Londrina Jazz Festival. Sendo os Hurtmold uma formação com base no pós-rock, como é que reagem quando tocam nesse tipo de festivais?
Como já disse antes, não acho que nos encaixamos em nenhum rótulo. Fazemos música, com base nas nossas experiências. Temos uma formação de rock e acho que temos até hoje muito disso na maneira de tocar. Gosto de dizer que somos uma banda de rock. E festivais de todo tipo de música se interessarem pelo nosso som é muito bom, prova que não estamos limitando-nos a um tipo de música ou atitude especifica, o que me soa muito positivo.
Como é que olham para a música feita no Brasil nos dias de hoje? Quais são os projectos aos quais reconhecem validade e qualidade musical?
Muita gente faz e vem fazendo coisas boas no Brasil, há muito tempo. Já citei alguns como Nação Zumbi, Cidadão Instigado, Discarga, Space Invaders... temos o Racionais MCs também, Hermeto Pascoal, Ratos de Porão e muitos outros... o Brasil tem sempre gente boa fazendo música.
Tendo em conta que os Hurtmold são um colectivo de músicos em constante evolução musical, onde é a próxima paragem em termos sonoros? Têm planos para um novo disco?
Estamos devagar compondo coisas novas, não temos ideia de datas para começar a gravar ainda. Está tudo no começo... para onde iremos? Não sei dizer, mas estou confiante na nossa direcção daqui para a frente, tudo está mais livre e empolgante. Esperem mais música em breve...
Para mais informação, visite o site do Hurtmold
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With the European release of Mestro, the latest record by post-rock outfit HURTMOLD, Nacopajaz invites you on a most fascinating journey to the thriving Brazilian alternative scene.
Created in 1998 by its leader Maurizio Takara, who also plays the drums for Instituto, one of the best hip-hop acts in Brazil, the six-piece band resolves around Fernando and Mario Cappi (guitars), Guilherme Granado (teclado, vibes, escaleta, programming), Marcos Gerez (bass), Maurizio Takara (drums, vibes, trumpet) and Rogério Martins (percussions and clarinet).
On their fourth output, the genre-defying outfit - which has been branded by critics and listeners alike as Brazil’s very own answer to Tortoise - shows stunningly how amazingly free and ahead of both their time and peers musicians from Sao Paulo are. The home of many a ground-breaking out-rock acts such as Os Mutantes, Tom Zé or several new wave bands in the eighties, Sao Paulo is at the core of an experimental and electronic-dominated musical scene which successfully blends a variety of unexpected influences. Far from the pictures of exotic beauty and sunny beaches conveyed by Rio De Janeiro, a city still deeply rooted in its tradition of Bossa Nova and Samba, Hurtmold’s music is the perfect soundtrack to Sao Paulo. Organic and tormented, rhythm-based and instrumental, it mirrors the atmosphere and the very spirit of their sprawling and sometimes wind-battered and rainy hometown.
Hurtmold's unique sound, intertwining a traditional rock instrumentation with vibes, clarinets and teclado, among other instruments, stems from a collective approach to their music. The most Chicagoan of Sao Paulo’s bands has already issued a split record with Chicago-based act The Eternals, and has been collaborating with Rob Mazurek, of Chicago Underground and Isotope 217 fame. Their inspiring live performances, which often leave quite a lot of room to improvisation, have enabled the band to let their taste for experimentation shine through.
Mostly instrumental, their music is nonetheless meaningful and has a lot to say, be it with intricate soundscapes entangled around a mesmerizing bass line, delicate guitar patterns and electronic glitches (as can be heard on Miniotario), or when the band digs deep into its roots on the percussion-based Kampala, with its wonderful guitar parts, its deep throbbing bass and its elaborate rhythms. On the other hand, a song like Chuva Negra, with its lyrics sounding as so many political statements and its grinding and nervous guitars, harks back to the band’s punk and post-rock influences (among which The Minutemen, Fugazi, Black Flag and Mogwai), and testifies to how hard to label their sound is.
So much the better, as their fourth record, which includes two unreleased songs (Kampala and Amansa Louco), cannot but enthrall the listener.
Mestro is definitely one of the most exciting and fascinating finds coming from the Brazilian alternative scene and shatters into pieces your stereotyped vision of Brazil as a fun-loving, carnival-obsessed country.
3 comentários:
Hurtmold - "Sorriso Antigo . Coletânea Instrumental" (2008)
1.
2.
3. Continental
4. Sorriso Antigo
5. 4 & 5
6. Indianapolis
7. ETC
8. Digressão
9. Kampala
10. Fontanka
11. Bulawayo
12. Credenciais
13. Mike Tyson
14. Filas Longas, Taxas Altas
15. Chepa
16. Ciesta
todas as músicas de Hurtmold
1 - 2:
do K7 "3 am: A Fonte Secou..." (1999 - Submarine Records sub002 / Spicy Gravações Elétricas spy007)
Fernando
Guilherme
Marcos
Mario
Maurício
gravado e mixado no Estúdio El Rocha por Daniel, Fernando e Hurtmold
3 - 8:
do disco "Et cetera" (2000 - Submarine Records sub005)
Fernando Cappi
Guilherme Granado
Marcos Gerez
Mario Cappi
Maurício Sanches
gravado, mixado e masterizado no Estúdio El Rocha por Daniel, Fernando e Hurtmold em julho / agosto de 2000
9 - 16:
do disco "Cozido" (2002 - Submarine Records sub006)
Fernando Cappi
Granado Julio
Marcos Gerez
Mario S. Cappi
Maurício Takara
gravado, mixado e masterizado no Estúdio El Rocha por Fernando Sanches e Hurtmold em dezembro de 2001
Fernando Cappi - guitarra
Guilherme Granado - teclado, vibrafone, escaleta, eletrônicos
Marcos Gerez - baixo
Mário Cappi - guitarra
Mauricio Takara - bateria, vibrafone, trompete
obrigado pelo comentario e pela adição.
abç!
obs: aonde no RJ? tocas algum instrumento? tenho feito isso aqui ultimamente : www.myspace.com/nuclearlixo
mvcosta, obrigado pelo ótimo trabalho que você faz aqui.
Brasil está precisando de mais Cultura e menos créw... :)
lindo trabalho mesmo...
muito obrigado!
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