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Paulistano, Fábio Caramuru se iniciou na música pelo piano, estudou todo o repertório, do tradicional ao contemporâneo, se aperfeiçoou com Magda Tagliaferro. Já Pedro Baldanza aprendeu a tocar violão, guitarra e baixo “na marra”, ainda no interior do Rio Grande do Sul, começando cedo uma carreira que anos depois o levaria a se apresentar ao lado de Gal Costa, Elis Regina, Ney Matogrosso. Talvez por tudo isso soe estranho à primeira vista que os dois tenham se reunido, levando a amizade à colaboração nos palcos, desenvolvendo um trabalho interessante, que resulta agora no CD Bossa in the Shadows (selo Labors).
É o próprio Caramuru que, conversando com o Estado, ressalta a diferença na formação dos dois. E, se ele faz isso, é porque de certa forma é essa diferença - ou a busca pelo diálogo e a aproximação - que está no cerne do disco, que traz composições criadas da colaboração dos dois músicos e que conversam com um rico universo, de Duke Ellington a Inezita Barroso, passando por Villa-Lobos, Thelonious Monk ou Camargo Guarnieri. “Quando nos conhecemos, houve uma empatia imediata. O mundo musical de Baldanza me atraiu muito e vice-versa. Ele estabelece uma rica condução, um terreno fértil para que eu possa me libertar do rigor da música erudita. Do meu lado, posso ampliar suas referências a partir de minha formação erudita. Nessa dinâmica, há uma rica troca de signos entre esses dois mundos musicais tão distintos. O resultado é que conseguimos prescindir de clichês. Arrisco-me a dizer, até mesmo, que o nosso procedimento composicional se aproxima muito mais do rock progressivo que do jazz, que é normalmente atrelado a padrões mais previsíveis e decifráveis”, diz Caramuru.
É possível articular diferentes leituras a partir do trabalho do duo Caramuru/Baldanza. A mais evidente talvez seja aquela que insere o disco em uma linhagem antiga, bastante característica da música brasileira, que é a interseção constante e espontânea entre o clássico e popular. Villa-Lobos, Nazareth, Chiquinha Gonzaga, Guarnieri, Tom Jobim são apenas alguns dos nomes que transitaram entre esses dois mundos - e, não por acaso, Bossa in the Shadows ecoa muito do trabalho deles, dando uma unidade às faixas. “Acho sim que há um elemento que unifica o disco. Trata-se da nossa poética, representada pelo livre exercício da imaginação musical. Se analisarmos mais objetivamente, acredito que um dos aspectos mais marcantes seja a presença da politonalidade. Eu diria ainda que nosso tecido musical se fundamenta quase sempre em estruturas de contraponto, forte influência de Guarnieri. Exploramos muito também os silêncios, o que torna nossa música assimétrica e a faz respirar. Como pianista, sou particularmente fascinado pelos baixos. Isso pode ser facilmente percebido em muitas das faixas do CD. Em alguns momentos, praticamente não se distingue o piano do baixo de Baldanza, pois eles se fundem completamente. Uma particularidade do Pedro é a sua capacidade de reproduzir inúmeros timbres, do mais delicado ao percussivo, sendo que esse fator é decisivo para a riqueza de nosso timbre. Acho importante também mencionar que ensaiamos semanalmente, fazendo questão de não nos atrelar a um roteiro preestabelecido. Nessas ocasiões, e também nos concertos ao vivo e nas gravações, procuramos fazer com que a música brote diretamente de nossa percepção conjunta do momento que estamos vivenciando, buscando sempre um canal direto com o momento presente”, diz Caramuru.
Para mais informação, visite o Duo Caramuru/Baldanza no Conexão Vivo
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Anything, and I mean anything recorded by Brazilian pianist and composer Fabio Caramuru is a treat. Team him with bass guitarist Pedro Baldanza and it's going to be a good time. This Sao Paolo based duo blends Brazilian Classical and popular musical styles to create musical magic, and also interpret songs from Brazilian and North American artists along the way. Drawing on American Jazz traditions and styles, Duo Caramuru/Baldanza add in dashes of Brazilian musical culture to create a sound that is both foreign and familiar; familiar yet new.
One of the reasons that Brazilian Jazz draws so many devotees is that there is still a view of Jazz as an art form instead of platform in Brazil. The focus here is still on making great music, rather than seeing how many notes an instrumentalist can fit into a run. There is an understanding that there are times for such polyphonic spree, but also times when more said when less is spoken. Fabio Caramuru is a master at knowing what to say with his piano, and when to say it. He understands when a moment of silence is more musical than any notes he might choose to play, and Pedro Baldanza is the ultimate foil to Caramuru's artistry. Bossa In The Shadows is an on-going discussion between these two great artists that should have tongues wagging from New Orleans to New York to wherever Jazz finds a home.
There are too many highlights - passages even, to mention specific songs or moments. If you are an aficionado of great jazz, or if you are a neophyte who wants to experience and understand the artistry of the form, then Bossa In The Shadows is essential listening for you.